A VERSÃO PERNAMBUCANA DA GUERRA DOS MUNDOS

Tudo começou na manhã de 30 de outubro de 1938: era dia das bruxas!O jovem Orson Welles (foto ao lado) iniciou a transmissão de uma dramatização de "A Guerra dos Mundos" de H.G. Wells , pela estação de rádio CBS. Foram vários flashes informando que marcianos estavam invadindo a Terra e que um violento conflito havia sido travado em Grovers Mill, Nova Jérsei. A CBS informara, minutos antes do início da transmissão, que tudo não passava de ficção científica. Ocorre que muita gente sintonizou o rádio (maior meio de comunicação da época) com o programa já em andamento e a dramatização virou verdade para eles. O pânico foi instalado na cidade de Nova Iorque e em áreas vizinhas.

Essa é uma passagem clássica da história do rádio mundial. Lembrei-me desse fato porque ele inaugurou (no meu modo de ver) as chamadas "Lendas Urbanas", vivíssimas até os dias de hoje. O Recife teve a sua versão da "Guerra dos Mundos", aqui intitulada: "Tapacurá Estourou". No dia 21 de julho de 1975, também pela manhã, às 10h, o boato de que a barragem de Tapacurá, construída para evitar enchentes que constantemente assolavam a cidade do Recife, havia se rompido, se espalhou pela cidade como um rastilho de pólvora. Pânico geral: pessoas correndo de um lado para o outro desesperadas, carros avançando os sinais, muita gente desmaiando nas ruas.

A notícia teria começado no bairro de Casa Amarela (Zona Norte do Recife).Uma rádio tentou desmentir a história, mas acabou botando lenha na fogueira. Ninguém parava para ouvir a notícia completa, todos falavam: "tá dando no rádio, é verdade". Uma declaração equivocada do então governador Moura Cavalcanti, aumentou o desespero do povo: "agora não é mais tragédia, agora é mortandade".O pânico durou a manhã inteira, até que as autoridades, em cadeia de rádio, conseguiram desmentir a história. Na enchente de 1975, considerada a maior calamidade do século na cidade, muita gente ficou desabrigada, houve mortes. As pessoas viviam com esse drama na mente.

Uma lição eu guardei da quase tragédia de Tapacurá. Assustado com o poder do boato, um político da época (cujo nome, infelizmente, não me recordo) falou numa rádio: "comunicação é poder". Venho tendo provas, desde então, da veracidade dessa frase. Depois desse episódio surgiram muitas lendas urbanas: "Perna Cabeluda", a "Mulher do Algodão", "O Pai do Mangue", mas isso é história para o próximo post.
DEPOIS DO BOATO, O PÂNICO SE INSTALOU POR TODO O RECIFE. A FOTO ACIMA MOSTRA AS PESSOAS DESESPERADAS NA AV. GUARARAPES QUE FICA NO CENTRO DA CIDADE.
DESESPERO TAMBÉM NA PERIFERIA. AS PESSOAS 
FUGIAM COM MEDO DE UMA TRAGÉDIA FICTÍCIA.
OUTRO FLAGRANTE DA PERIFERIA: DESESPERO E FUGA!


Comments

12 Responses to “A VERSÃO PERNAMBUCANA DA GUERRA DOS MUNDOS”

A b e l disse...
5 de fevereiro de 2008 às 20:10

=)
Tenho mesmo curiosidade de conhecer o Carnaval daí!
Eu gosto inclusive do daqui rrsrs

Seu blog é interessante, apenas seria legal limitar o n° de posts na pág inicial. Isso faz com que abra mais depressa, facilitando a leitura e tal.

Abel

ED CAVALCANTE disse...
5 de fevereiro de 2008 às 22:52

VOU FAZER ISSO, VC É A MILÉSIMA PESSOA A ME ALERTAR SOBRE O PESO DA PAGINA. OBRIGADO PELA VISITA!

Unknown disse...
26 de fevereiro de 2008 às 20:13

Lembro dos mais velhos do meu bairro falando sobre isso, deve ter sido tragicômico na época.

blog disse...
27 de agosto de 2008 às 14:16

Fantástico! (no bom sentido, claro). E os recifenses já tiveram seu dia orsonwelliano. Impressionante.

Lendas urbanas povoam o imaginário porque são necessárias. Servem para contrabalançar o surrealismo de algumas atiudes políticas que nos abrigam a engolir.

Valeu.

Edu França disse...
27 de agosto de 2008 às 23:06

Ouvia meu avô falar sobre isso, Recife é cheia desses mitos urbanos, Itapacurá, Bio do Olho Verde, O mundo que ia se acabar em 77, isso foi o que me passou, mas tenho tudo isso escrito! abraços

Paulo Henrique disse...
27 de agosto de 2008 às 23:09

AhUAHuAHUa eu já sabia
desta historia
foi engraçada mas no final o cara se ferrou
o mundo queria matar o pobre coitado
http://frango-de-bigode.blogspot.com/

sacodefilo disse...
27 de agosto de 2008 às 23:19

Fiquei curioso com as outras lendas urbanas que você deixou em aberto no final. Na verdade, a gente perde a dimensão do poder que a comunicação tem...a frase "deu no rádio, é verdade" deixa muito claro isso. POr conta disso, a gente vê o poder manipulador que a mídia tem... Isso assusta.

Riso Certo disse...
27 de agosto de 2008 às 23:44

muito legal... digo isso pra quem n viveu na pele.

realmente, quem controla os meios de comunicação tem o poder.

Anônimo disse...
28 de agosto de 2008 às 20:37

Seu post fez você me lembrar de certas histórias que minha vó me contava. Parabéns pelo blog.

Rodrigo disse...
28 de agosto de 2008 às 20:45

é a paranaense ?

Bete Meira disse...
31 de agosto de 2008 às 11:28

Essa história de ser verdade pq está na imprensa é muito forte até hoje,ninguém se engane.Tenho exemplos próximos,de gente que lê, ou escuta, a notícia e a toma como absolutamente verdadeira,sem ao menos questionar ou procurar saber mais.Isso é muito sério!Inocentes já foram execrados pela opinião pública por erros de imprensa,alguns perderam tudo,e após um tempo,provaram a inocência,mas quem pode apagar o horror vivido?Também há os que lêem e não entendem,por exemplo: o texto diz que os médicos vão receber R$5 mil ,se o congresso aprovar. A pessoa lê e sai dizendo:aprovaram salário de R$5 milpara os médicos. E por aí vai!Precisamos ter muito cuidado com isso!

Sidclay disse...
8 de outubro de 2010 às 16:47

Essa é uma das passagens mais interessantes da história recifense... eu nunca tinha feito o link com A guerra dos mundos. Muito engenhoso! Parabéns Ed!

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