MACHADO DE ASSIS VERSUS GUIMARÃES ROSA. SERÁ?


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No dia 27 de junho comemorou-se o centenário do escritor Guimarães Rosa. Muito se publicou a respeito: biografia, resumos das principais obras e das famosas andanças desse mineiro pelo interior. Ele sempre buscou traduzir a alma sertaneja. O que me instigou a escrever esse post, entretanto, foi uma questão levantada pelo jornalista Daniel Pizza na Continente desse mês. Disse ele: “Suspeito que Joaquim Machado de Assis não gostaria de João Guimarães Rosa. Machado era a favor de uma linguagem clara, sem neologismos, com pontuação corrente. Era avesso ao misticismo e tinha um olhar concentrado nos costumes urbanos...” Ora, Machado de Assis diferenciava-se da maior parte (senão de todos) dos escritores da sua época justamente por ser um “analista literário” da alma humana.

Guimarães Rosa fazia a mesma coisa, apenas o objeto de estudo dele era o homem do interior. Discordo do Daniel, acho que o “Bruxo do Cosme Velho” gostaria sim do Guimarães Rosa. Quanto ao argumento de que o autor de “Grande Sertão: Veredas” entendia Machado de Assis como “um pessimista, que tinha uma visão desolada da natureza humana”, entendo como uma mera observação que não diminuiu em nada a imagem do grande escritor. Aliás, dizer que ele tinha essa ou aquela visão da natureza humana é uma confirmação de que ele inaugurou a literatura realista por aqui. Enquanto a maioria dos escritores descrevia paisagens e o cotidiano social, ele inovou. O mesmo fez Guimarães Rosa, não se limitou a descrever paisagens, ele as interpretou. Viva a literatura brasílica!

Comments

17 Responses to “MACHADO DE ASSIS VERSUS GUIMARÃES ROSA. SERÁ?”

Anônimo disse...
29 de junho de 2008 às 00:55

Sem dúvida. Viva! Tenho degustado vários autores daí.



Abraços do EU, SER IMPERFEITO

Anônimo disse...
29 de junho de 2008 às 01:09

Olha, pelo pouco que conheço sobre Guimarães Rosa, posso dizer que o cara soube transformar uma comitiva em uma grande história.

O sobrinho do Manuelzão, personagem dele, lançou um livro recentemente e por coincidencia, trabalha na mesma agencia que faço estágio.

Guimarães Rosa soube criar personagens e situações cativantes, ao seu modo. Da mesma maneira que Machado de Assis fez do seu. Não tem como comparar dois escritores. São personalidades e estilos distintos.

abraço

Grilo Pensante disse...
29 de junho de 2008 às 04:10

gosto mais doo estilo do Machado de Assis

Anônimo disse...
29 de junho de 2008 às 07:08

Cada um a seu modo, mas a brasilidade interiorana afora sofisticalizações Guimarães é inverso, avesso e reverso de MAchado. Ambos são universais, mas o desdobramento da linguagem em nova semiologia, neologismos e riqueza sócio-lingüística é algo insuperável em Guimarães Rosa.

Everaldo Ygor disse...
29 de junho de 2008 às 11:37

Olá...
São dois monstros da nossa Literatura, vivos nacionalmente e internacionalmente... Na intensidade de Machadão e na surreal criação de palavras e estilos de Guimarães Rosa...
Abraços
Everaldo Ygor, aportando por aqui com satisfação.
http://outrasandancas.blogspot.com/

Everaldo Ygor disse...
29 de junho de 2008 às 11:37

Olá...
São dois monstros da nossa Literatura, vivos nacionalmente e internacionalmente... Na intensidade de Machadão e na surreal criação de palavras e estilos de Guimarães Rosa...
Abraços
Everaldo Ygor, aportando por aqui com satisfação.
http://outrasandancas.blogspot.com/

blog disse...
29 de junho de 2008 às 14:41

Ed, essa idéia de que Machado era pessimista é questionável. Como Machado fez de sua literatura uma oposição aos sentimentalismos e arroubos românticos, passou-se a considerá-lo um pessimista. Erro grave. Pessmistas são os byronianos, ultra-românticos por natureza e obrigação.
Machado era realista - e ponto. Reproduzia exatamente o que a sociedade da época queria esconder: as pequenas vilanias, a hipocrisia, as atitudes covardes, os esnobismos, os interesses escusos, etc.

Não sei se MA gostaria ou não de GR. Não dá para saber. Talvez sentisse ciúmes, como sentiu de Raul Pompéia, que escreveu o clássico "O Ateneu", e que MA tratou de falar mal só para manter o próprio status.
Um grande sacana, o Machado.
Grande criador, mas de caráter duvidoso.

GR fez literatura diferenciada e é injustamente classificado como um autor de "linguagens".
Injustiça.
Escreveu histórias magníficas, como "A Terceira Margem do Rio", "São Marcos", "Campo Geral", "Sorôco" e "O Duelo".
Craque, quase que como Machado.
Um Cruijff...enquanto Machado é Pelé.

Abraços

Unknown disse...
29 de junho de 2008 às 19:32

Pouco sei sobre Guimarães Rosa e o que sei e li sobre e de Machado não me interessam muito. Esses dias conversei com alguns amigos do trabalho sobre ele e muitos não gostaram da minha opinião. Na verdade de escritores brasileiros confesso ter uma profunda admiração por José de Alencar. Já devorei vários livros dele e não me arrependi em ler nenhum.

http://maynabuco.blogspot.com

Carolina disse...
29 de junho de 2008 às 20:01

Bem, não sei se Macahado gostaria ou não de Guimarães Rosa. O que eu posso dizer é que eles apresentam dois mundos diferentes, de formas diferentes e que comparações não cabem. Vejamos por esse lado: nossa literatura é rica demais e com certeza tem ótimos escritores que contemplam todos os tipos de leitores.

Unknown disse...
29 de junho de 2008 às 21:20

É uma interessante idéia pensar se um gostaria da obra do outro...
Ainda mais olhando por esse nosso prisma atual de "fogueira das vaidades" é qse que automático dizer que não se dariam...
Mas os dois são excelentes, grandes autores e eternos.
Bjs,

Brenda disse...
29 de junho de 2008 às 21:23

Eii,
Gostei do blog, o template é legal,mas quer uma dica?
Tente escrever mais legível, com parágrafos^^
OBS:Foi só uma sugestão, voce nao e obrigado a trocar.
=*

Anônimo disse...
29 de junho de 2008 às 21:55

sera mesmo?
não sei.

Edu França disse...
29 de junho de 2008 às 22:29

Amo os dois e ambos são responsáveis pela formação da cultura brasileira, cada um no seu espaço, que para mim, no fundo confluem e convivem harmonicamente. Enquanto Rosa foi ver um Brasil mais delicado e esquecido, Assis via o Brasil metrópole, agora vejam como seria se um dos dois tivesse faltado!!! O Brasil mereceu e precisou dos dois, não há antagonismo nem oposição, dentro da cultura nacionalista eles foram e são fundamentais. Rica época quie poderia contar com essas estrelas brasileiras

29 de junho de 2008 às 22:58

BRENDINHA, VOCÊ É A MILÉSIMA PESSOA QUE ME FALA DA FALTA DE PARÁGRAFOS NOS TEXTOS. EU USO OS BLOCOS DE TEXTOS PORQUE ADOTEI COMO ESTÉTICA DO BLOG, MAS, ESTOU QUASE DANDO O BRAÇO A TORCER!

Anônimo disse...
29 de junho de 2008 às 23:25

Esse post cabe em jornais literários da maior qualidade. è uma abordagem bem interessante e de tema relevante. Que lhe descubram pela Net afora, pis talento vc tem. PArabéns!

Climão Tahiti disse...
29 de junho de 2008 às 23:44

do que conheço dos dois, prefiro muito mais o realismo de Machado de Assis, seco e sem esperanças (quando não escondidas em desejos vis) do que o lado interiorano de ser.

Motivo: o povo da cidade foge demais da cidade, ainda mais aqui. Que tenhamos um pouco de nós mesmos ao invés de apenas "eles" do interior.

Sammyra Santana disse...
30 de junho de 2008 às 00:13

Ahhh, eu creio que um teria muito a acrescentar ao outro!
Acredito que seriam bons amigos e dicutiriam acaloradamente sobre seus estilos literários em algum café... queria eu era estar sentadinha na mesa ao lado rpa poder me deliciar com tudo isso! rsrs
Viajei bonito agora, né? ;)

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