NOS TEMPOS DAS PORNOCHANCHADAS

Na década de 70, conhecida como “década de chumbo” por conta dos entreveros políticos, oriundos da ditadura militar, muitos segmentos da sociedade brasileira estavam preocupados em protestar e lutar contra os militares. O cinema nacional, que havia experimentado nas duas décadas anteriores o elogiadíssimo movimento do “Cinema Novo”, descobriu as Pornochanchadas. O nome é uma alusão às antigas Chanchadas, algo como uma versão pornô desse período de ouro do cinema brasileiro. Fui testemunha ocular desse período. Era adolescente e , como nas décadas de 70 e 80 não tinha as facilidades de hoje, vivia no cinema. As pornochanchadas eram filmes toscos, trash do trash. Tanto que muitas atrizes que participaram dessas produções ficaram estigmatizadas e foram boicotadas pela tv. O mesmo não aconteceu com os atores. Nuno Leal Maia, que era figurinha carimbada desses filmes, (confira na foto desse post) conseguiu construir na tv uma carreira sólida. Antônio Fagundes e Reginaldo Farias também são sobreviventes desse estigma. Mas nomes como Matilde Mastrange, Helena Ramos, Kate Lira, Angelina Muniz, Nicole Puzzi, Aldine Miller, Zaira Bueno e Lady Francisco, sofreram com o boicote da tv. As únicas exceções foram Sônia Braga, que enveredou numa obscura carreira internacional, e Vera Fischer , que acabou virando estrela.

Existe uma grande polêmica no que se refere a classificar esse ou aquele filme como pornochanchada. “A Dama do Lotação”, um clássico do cinema nacional, é sempre incluído nesse gênero. O diretor do filme, Neville de Almeida, discorda veementemente dessa classificação que coloca a sua obra no mesmo nível de pérolas como “O Inseto do Amor”, “A Noite das Taras” e “Aluga-se Moças” (escrito assim mesmo), esse último estrelado pela Gretchen.

Muitos desses filmes, hoje em dia, alcançaram o status de “Cult”, a milagrosa metamorfose que transforma os rejeitados em adorados. A título de curiosidade, vale a pena conferir filmes como “Convite Ao Prazer” estrelado por Sandra Bréa, Roberto Maya e Nicole Puzzi;“O Inseto do Amor” , que tem no elenco Jofre Soares, Angelina Muniz, Serafim Gonzalez, John Herbert e, acreditem, Henriqueta Brieba.

O famoso filme em que Xuxa aparece tendo relações com um baixinho, Amor Estranho Amor, não é uma pornochanchada e sim um drama erótico. Mas em algumas páginas, esse equívoco é cometido. Essa pérola do cinema nacional, além da rainha dos baixinhos, apresenta um elenco de peso: Tarcisio Meira, Vera Fischer, Íris Bruzzi, Walter Forster, Mauro Mendonça, Otávio Augusto e o crítico de cinema Rubens Ewald Filho. Muitos torcem o nariz, mas, atire a primeira pedra quem nunca assistiu a um filme desses! rsss

Comments

16 Responses to “NOS TEMPOS DAS PORNOCHANCHADAS”

Luciana disse...
17 de dezembro de 2008 às 10:02

Cruuuuuzes... o Nuno Leal Maia no cartaz do filme está um escracho! hsuahsuhauhsuahushau

abs

Anônimo disse...
17 de dezembro de 2008 às 10:12

Muito coerente sua análise. Eu gosto muito desses capítulo maldito do cinema brasileiro. Aliás, em se tratando de cinema brasileiro, não faltam capítulos malditos.

No caso da pornochanchada - que posteriormente abriu mão da chanchada - há muitas injustiças. Uma delas é tratar toda a produção cinematográfica da década de 70 como de mal gosto, apelativa. O filme Amor, Estranho Amor, por exemplo, filmado no início dos 80, é um bom exemplo disso. Apesar da precariedade técnica, é um belíssimo filme, mas que ficou estereotipado por mostrar a Xuxa nua. Filmes como A dama do Lotação e sete gatinhos também sofreram com o estigma da pornochanchada.

17 de dezembro de 2008 às 10:17

Oi, Ed!

A pornochanchada é um clássico do cinema brasileiro e nos ajuda a contar um pouco da história do nosso cinema ao retratar uma época.

Creio que os artistas que participaram desse movimento não deviam se envergonhar, afinal trata-se de um trabalho que, de uma certa forma, os ajudou a impulsionar a carreira que ele têm atualmente.

Em tempo: na faculdade de jornalismo, estuda-se um semestre de cinema. Lá os alunos discutem não só a pornochanchada, mas toda a produção do cinema brasileiro, inclusive o cinema marginal que é riquíssimo e poucas pessoas o conhecem.

Abraço,

=]

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http://cafecomnoticias.blogspot.com

Anônimo disse...
17 de dezembro de 2008 às 10:40

Eu assistia muito quando passava na Bandeirantes. Eu lenbro um que tinha a Vera Ficher e o Paulo Betti, que se passava no Nordeste. E outro é o clássico Dama da Lotação, com Sônia Braga e Nuno Leal Maia.

Viva Pornochanchada, viva o cinema Brasileiro!!!

Veiga disse...
17 de dezembro de 2008 às 12:17

tempo bom!!!


HUASHuAHSuhUAShuHUAS

17 de dezembro de 2008 às 15:09

E aquele da branca de neve, com a adele fátima, é ou não é?

grupo gauche disse...
17 de dezembro de 2008 às 19:23

hauhauahuahuaha isso é um meu passado me condena mode on?? hahahaha legal saber de tudo isso! abs

Cerveja disse...
17 de dezembro de 2008 às 19:27

puts nem so desse tempo mas bom texto bem interesante rsrsrs




http://beerevolutionss.blogspot.com/
acessem ai

Anônimo disse...
17 de dezembro de 2008 às 19:31

Eu vi algumas pornochanchadas quando se não me engano a CNT exibia nas noites de sexta ou sábado. Eu lembro bem de duas. Uma se passava em uma cidadezinha no litoral, em que um estranho passava o rodo em uma mãe e suas filhas. E outro tinha o Lima Duarte, e uma de suas filhas era a Regina Cazé. Tosco era, mas também era muito interessante de assistir.

Philipe Satheler disse...
17 de dezembro de 2008 às 19:38

nuss, te a Xuxa!!!

--

http://maluco-news.blogspot.com/

ED CAVALCANTE disse...
17 de dezembro de 2008 às 20:21

É sim, Paulão. Esse filme da Adele Fátima é um clássico da pornochanchada.

19 de dezembro de 2008 às 22:30

Os títulos são hilários! Dia desses assisti Os sete gatinhos, com Lima Duarte, Regina Casé, Antonio Fagundes, entre outros... muito engraçado.

20 de dezembro de 2008 às 01:06

Olá Ed!

Ainda bem que hj existem estes filmes cult's, não? Melhor que estas pornochanchadas são, com certeza...rs. E que isso hein? Que decepção com o Antônio Fangundes...nunca pensei que..snif..rs!

Olha só, passei para agradecer as passagens pelo Degustação Literária ao longo deste ano. Desejo boas festas pra ti e um 2009cheio de letras!

Abraços!

Anônimo disse...
27 de dezembro de 2008 às 00:07

eu vivi intensamente este tempo pois nao tinhamos filmes de sexo explicito.vi todos os filmes ma sempre me decepcionava por que eram muito ruins mesmo. o amor estranho amor tambem nao foi la estas coisas. abraços

Anônimo disse...
26 de dezembro de 2011 às 19:47

bom essa materia,eu coleciono vários, estou a procura do "sabendo usar ñ vai faltar" de 1976,qto a 7 gatinhos e dama do lotação eram filmes baseados na obra do grande nelson rodrigues(impossivel ñ ter porno, rs)..uma coisa q gosto muito nesses filmes são as cenas externas q mostra sp ou o rj nas dec de 50,60 e 70 c/ sua moda, costumes, girias..etc..

ED CAVALCANTE disse...
26 de dezembro de 2011 às 22:09

Realmente, muito bom rever lugar que conhecemos em imagens do passado!

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