O BRASIL DO SIMONAL

Vejo com satisfação que, enfim, começam a limpar a sujeira jogada em cima do Wilson Simonal. A tevê e vários sites têm divulgado o filme documentário do humorista Cláudio Manuel(Seu Creisson, do Casseta & Planeta): “Ninguém Sabe O Duro Que Dei”. Quando começaram a falar sobre esse assunto, lembrei-me do meu pai, na década de setenta, falando do Simonal: “esse cara é dedo duro, entrega os outros pro exército”. Essa fama de alcaguete, que o artista carregou para o túmulo, nasceu de um incidente ocorrido em 1971. Simonal suspeitou que estava sendo roubado pelo seu contador, Raphael Viviani. Em vez de procurar as medidas legais, cometeu um grande erro. Contratou dois policiais para bater no rapaz. Os policiais levaram-no para o DOPS e o torturaram.

O episódio não foi tratado como um caso isolado. Raphael prestava serviço a vários artistas , que se uniram e plantaram várias notas nos principais jornais do Brasil insinuando que Simonal era informante do DOPS. Até o lendário Pasquim entrou nessa onda e Wilson Simonal, um dos maiores soul mens da música brasileira, foi jogado num ostracismo de onde não mais sairia.

“Ninguém Sabe O Duro Que Dei”

Para realizar o documentário sobre a vida do cantor, Cláudio Manuel enfrentou vários problemas. Muitas pessoas ligadas aos episódios recusaram-se a falar com a alegação de que “não queriam mexer nessa história”. O fato é que nunca houve uma só pessoa que tivesse prestado queixa contra o Simonal. Todas as acusações basearam-se em boatos.

O documentário, segundo o próprio Cláudio Manuel, não é uma bandeira em prol da imagem do cantor. Inclusive, o episódio que deflagrou toda a onda anti-Simonal, é tratada de forma crua, com depoimentos do grande pivô da questão, o contador Raphael Viviani. O certo é que a punição imposta ,de forma inclemente , ao grande artista, revelou uma mácula preconceituosa da sociedade brasileira. Não condenaram o cantor que era suspeito de ser dedo duro. Condenaram o negro que ousou ter nariz empinado e mostrou personalidade forte. O Brasil é assim.

Certa vez perguntaram ao Luiz Melodia por que ele era underground. Ele respondeu: “é porque não aceitam que um crioulo do morro não cante samba”. Mas suponhamos que Wilson Simonal tenha sido mesmo dedo duro. Voltemos no tempo e lembremo-nos de Romeu Tuma: foi chefe do Serviço Secreto do DOPS na época em que a repressão no Brasil subvertia todos os artigos dos Direitos Humanos. Por que ele conseguiu chegar até os dias de hoje sem ter amargado o mesmo ostracismo imposto ao Simonal, de quem, apenas, tinham suspeitas? Esse é o Brasil!

Comments

7 Responses to “O BRASIL DO SIMONAL”

Miriã Soares disse...
11 de maio de 2009 às 22:54

Pela aparência? Conhecimento com pessoas influentes e "corretas"?responda-me...

Natan disse...
11 de maio de 2009 às 22:58

não sei quem foi esse. mas vou no google, pesquisar... eh bem provavel que eu conheça alguma musica dele.

dedo duro? cadeia. kkkkkk
brincadeira não penso assim, e esse não é um caso de 'toda brincadeira tem um fundo de verdade'!

Lara Sousa disse...
11 de maio de 2009 às 23:09

Ahh eu tava vendo ontem no fantastico eu acho sobre esse filme, achei bacana tentar limpar o nome né, o fato é que agora nem adianta muita coisa, e o que aconteceu só mostra que você pode fazer tudo certo a vida toda, mas em um deslize você suja toda uma tragetória;

beeijos

Alexandre disse...
11 de maio de 2009 às 23:19

O Brasil do Simonal / O Simonal do Brasil

É... o melhor do Brasil é o Brasileiro!

Pati disse...
11 de maio de 2009 às 23:22

não conheço ele, mas também vou procurar saber quem é.

www.cafedefita.blogspot.com → Críticas de cinema

Groo disse...
11 de maio de 2009 às 23:23

Rapaz, eu ouvi falar muito da história do Simonal. E até hoje pensam que ele era realmente um dedo-duro ( ouço alguns mais velhos dizendo). O documentário do "Seu Creisson" irá colocar os "pingos nos is" pelo visto.

Acho importante reabilitar a memória do cantor, pelo menos. Mas só em pensar no que ele passou durante tanto tempo...é revoltante.

Ah, o Tuma? Esse aí é da máf...hã, deixa pra lá.

abs!

disse...
12 de maio de 2009 às 13:34

Excelente postagem.
Esse documentario é algo que só acrescenta a cultura brasileira. Senão tem dever de redmir Simonal, tem a sabedoria de trilhar a carreira brilhante dele.

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