O MASSACRE DA PRAÇA DA PAZ CELESTIAL E UMA CANÇÃO DESCONHECIDA

O Massacre na Praça da Paz Celestial completou vinte anos no último dia 04 de junho. Lembro-me claramente desse trágico episódio. Acompanhei como espectador, perplexo (pela tevê, em 1989), e depois de 1995 passei a comentá-lo já como professor. Sempre que falo sobre o assunto o sentimento é o mesmo: indignação.

O personagem central dessa tragédia que encerrou os anos 80, foi Deng Xiaoping. Partiu dele a ordem para que os tanques passassem por cima dos estudantes. A emblemática imagem de um chinês anônimo encarando uma fileira de tanques, registrada pela lente do fotógrafo Jeff Widener (Associated Press), virou um ícone do final da década de oitenta.

Em 1989 eu tinha uma banda de rock chamada Arte Final. Tocávamos em alguns espaços underground aqui do Recife. Depois do “Massacre da Praça da Paz Celestial” escrevi uma canção em homenagem aos estudantes que morreram lutando por um direito elementar: liberdade de expressão. A homenagem se estendeu aos estudantes brasileiros. No final da década de 80 o Brasil vivia um momento de transição, estávamos recuperando o direito de eleger os nossos governantes. A letra também fala das mudanças no Leste Europeu.

Poucas pessoas ouviram minha canção, éramos uma banda de garagem. Mas recordo-me com orgulho de ter participado (ativamente) desse momento histórico. Segue a letra da canção!

Canção Para Os Jovens Estudantes

Deixamos na escola, alguma coisa por fazer

Sonhávamos com paz e proteção

As normas que seguíamos por pura intuição

Escondiam as loucuras do mundo real

E as crianças cantando em coral

Paródias de rock and roll

E na China, na “Praça da Paz”, o céu se estilhaçou

Somos sobreviventes do Massacre da Paz Celestial

Somos herdeiros dos símbolos sagrados

Que ostentam os imortais

Pelas cidades os jovens lamentam a falta de atenção

Nos disseram que era loucura termos opinião

O fim da utopia revelando à multidão

Que tudo que aprendemos não passou de um dramalhão

E o quadro-negro verde que falava sem parar

Sumiu no tempo como os gritos dos jovens a lutar

E o povo cantando em coral paródias de rock and roll

E na Rússia, na Praça Vermelha, o Kremlin afundou

Somos sobreviventes do fracasso de um golpe capital

Somos os pobres militantes do Partido Cultural

Pela Constituição temos direito de estudar

Nós temos fome de cultura, vocês vão ter que nos ouvir.

Ed Cavalcante Recife, 22-06-89

Confira no vídeo abaixo, a cena do chinês anônimo enfrentando os tanques

Comments

One response to “O MASSACRE DA PRAÇA DA PAZ CELESTIAL E UMA CANÇÃO DESCONHECIDA”

blog disse...
23 de junho de 2009 às 17:14

É isso, Ed. Creio realmente em professores que encaram a realidade de forma crítica e levam isso adiante: aos alunos. Para mim, é o trabalho elementar de um professor.

Lembro-me bem desse acontecimento. Eu tinha acabado de ser pai, pela primeira vez, e senti quase que na carne que futuro vislumbrar para meus descendentes. Continuo achando o Brasil uma falta de democracia. Democracia, para mim, não é apenas voto, mas um sistema que não combina com analfabetismo, fome, desemprego, falta de saúde e corrupção pública.
Mas isso é outro papo.

Valeu a sua postagem. É fundamental que não nos esqueçamos. E que lutemos sempre pela liberdade de expressão, mas, acima de tudo, lutemos para que nossa expressão influa em alguma coisa, que possa ser ouvida.

Grijó

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