FRANCISCO JULIÃO E AS LIGAS CAMPONESAS

Por ser o Brasil um país de dimensões continentais – quase o tamanho da Europa – os problemas envolvendo a posse da terra sempre foram uma dura realidade nas diversas fronteiras agrícolas pelo país afora. No nordeste, especificamente em Pernambuco, o pioneirismo das “Ligas Camponesas” representa um marco na luta pela posse da terra.

Em 1954 foi fundada no Engenho Galileia, na cidade de Vitória de Santo Antão, a SAPPP, Sociedade Agrícola dos Plantadores de Pernambuco. Essa associação tinha como finalidade principal dar apoio jurídico aos camponeses para que estes tivessem subsídio para se livrar da semi-escravidão imposta pelos grandes latifundiários. Uma breve consulta, ao passado histórico de Pernambuco, revela que os grandes latifúndios monocultores foram a base da colonização. O modelo produtor da época dos desbravadores se perpetuou mesmo com a mão-de-obra dita livre. A liberdade, de fato, nunca existiu.

O Engenho Galileia abrigava, na época da SAPPP, 140 famílias que viviam em regime de “foro”, revertiam parte da sua produção para o proprietário da terra. Uma relação de trabalho com características feudais. O proprietário do Engenho Galileia, não acreditando na força da união dos trabalhadores, aceitou a associação. Entretanto, quando percebeu que o movimento poderia diminuir o seu domínio e consequente lucro, determinou a dissolução da SAPPP. Esse ato arbitrário deu início à luta pela posse da terra em Pernambuco.

A SAPPP procurou respaldo jurídico na capital. Foi então que entrou em cena um nome que marcaria para sempre o Movimento das Ligas Camponesas: Francisco Julião. Os camponeses não buscaram ajuda nele por acaso. Julião, que era advogado, já havia citado a associação em diversas palestras e na imprensa do Recife. No dia 1 de janeiro de 1955, a SAPPP passou a ser uma instituição devidamente registrada. Não demorou muito e os camponeses conseguiram a desapropriação do Engenho Galileia, que era de “fogo morto”, não produzia mais cana. Essa expressiva vitória da SAPPP, agora chamada de “liga”, deflagrou o movimento pela Reforma Agrária que arrefeceu com o Golpe de 64.

Francisco Julião ingressou na vida política. Teve dois mandatos de deputado estadual e foi eleito deputado federal por Pernambuco em 1962. Com o Golpe de 64, foi cassado e preso. Libertado em 1965, ficou exilado no México até 1979, ano da anistia. Julião morreu no México, aos 84 anos, em 1999, vítima de um infarto. Mais de cinquenta anos depois da experiência iniciada no Engenho Galileia, a reforma agrária ainda é um sonho a ser conquistado no Brasil.

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