BAADER-MEINHOF E O SONHO DA LUTA ARMADA

A primeira vez que ouvi falar do grupo guerrilheiro “Baader-Meinhof” foi em 1985, ouvindo Baader-Meinhof Blues, da Legião Urbana. Duas frases dessa canção ficaram marcadas em minha mente: “A violência é tão fascinante” e o sensacional trocadilho “Não estatize meus sentimentos, pra seu governo, o meu estado é independente”. Dias depois, pesquisando, seria apresentado à sensacional história da “Facção Exército Vermelho”, o RAF (Rote Armee Fraktion).

Acostumado com o estereótipo de que os alemães são sempre os bandidos, custei a acreditar que um grupo paramilitar alemão pudesse lutar contra a ideologia nazi. Como a maioria das organizações, que partiram para a luta armada, o RAF teve suas raízes nos movimentos estudantis. No início da década de 60 (século XX), grupos de estudantes, simpatizantes da extrema esquerda, começaram a se organizar para protestar contra a pobreza nos países do Terceiro Mundo e contra o que eles chamavam de “rejeição do passado”, a grande relutância da sociedade alemã em aceitar o passado nazista, tão contestado no mundo ocidental. Além do mais, segundo os estudantes, a política praticada naquela época, na Alemanha Ocidental, tinha muitas semelhanças com o passado nazista.

O primeiro grande conflito registrado entre os estudantes de esquerda e a polícia, ocorreu no dia 02 de junho de 1967. Durante um frustrado protesto contra a visita de um xá do Irã ao Ópera de Berlim, houve um grande tumulto e o estudante Benno Ohnesorg foi morto por um policial. Esse trágico incidente, para muitos, marcou definitivamente o início do RAF.

Um ano depois do incidente no Ópera de Berlim, a estudante Gudrun Ensslin e seu namorado, o também estudante Andreas Baader, deram início à luta armada. As primeiras ações aconteceram em Frankfurt onde, ajudados por Horst Söhnlein e Thorwald Proll, detonaram bombas incendiárias que provocaram apenas danos materiais. Esses primeiros atos terroristas renderam ao grupo uma condenação de três anos em 1968. Os quatro foram libertados por meio de um recurso mas, em 1969, o Tribunal Federal ordenou que o grupo regressasse à prisão. Apenas Horst Söhnlein acatou a decisão.

Agora na clandestinidade, Baader e Ensslin conseguem a adesão do advogado Horst Mahler e do jornalista Ulrike Meinhof . Na primeira ação do novo grupo, Andreas Baader foi preso. No dia 14 de maio de 1970, o RAF conseguiu libertar Baader do instituto onde ele estava detido. Na ação, dois funcionários foram feridos à bala. A partir desse momento, a imprensa passou a se referir ao RAF como “Grupo Terrorista Baader-Meinhof”, numa referência direta aos dois guerrilheiros.

Cronologia da extinção do RAF

*1970: o RAF recebe treinamento militar na Jordânia orientado pela Frente Popular para a Libertação da Palestina.

*1971: Jan-Carl Raspe, Marianne Herzog e Ali Jansen passam a integrar o RAF

*1972: Andreas Baader, Gudrun Ensslin, Ulrike Meinhof, Holger Meins, Jan-Carl Raspe e Igmard Möller são presos e iniciam uma greve de fome.

*1974: Holger Meins não resiste e morre.

*1975: Começa o julgamento do RAF, conhecido como “Julgamento de Stammheim”.

*1976: Ulrike Meinhof foi encontrada morta em sua cela, enforcada com uma toalha. Supostamente, teria se enforcado. Essa versão é contestada até hoje.

*1977: Andreas Baader, Gudrun Ensslin, Jan-Carl Raspe e Igmard Möller são considerados culpados por crimes de terrorismo.

*18 de Outubro de 1977: Andreas Baader, Gudrun Ensslin e Jan-Carl Raspe foram encontrados mortos, com ferimentos à bala. Igmard Möller, também ferida, sobreviveu. As autoridades declararam que se tratou de um suicídio coletivo. Versão, obviamente, contestada até hoje.

*1994: Igmard Möller é libertada e vive no anonimato até os dias de hoje.

Declarações de Igmard Möller revelaram que as mortes na prisão foram todas articuladas pelas autoridades alemães como represália aos ataques terroristas do RAF. O sonho de mudar o mundo através da luta armada, mais uma vez, não teve êxito. A violência, enfim, parece não ser tão fascinate.

Para melhor compreensão da saga do Baader-Meinhof, recomendo o ótimo filme do Uli Edel, “Der Baader Meinhof Komplex” , que retrata com fidelidade essa intrigante história.

Comments

One response to “BAADER-MEINHOF E O SONHO DA LUTA ARMADA”

Bete Meira disse...
19 de janeiro de 2010 às 02:11

Não entendo nem aceito violência para protestar contra o que está errado,matança de inocentes, ou até de culpados, por motivação supostamente nobre.

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