APRENDENDO A APRENDER

Antigamente quando frequentávamos a escola (dita tradicional) os professores despejavam conteúdos de forma sistemática executando o que Paulo Freire, sabiamente, chamava de “educação bancária” em que o aluno era um mero depositário de conhecimentos. Ao questionar essa forma inglória de se lecionar, numa dessas rodas de amigos, alguém repetiu aquele adágio presente em muitas palestras de auto-ajuda: “não dê o peixe, ensine a pescar”. Verdade seja dita, meu desencanto com o sistema público de ensino (no que se refere ao aluno) me faz pensar nisso de vez em quando.

A cada dia sedimento a ideia de que, mais que ensinar conteúdos, o importante é aprender a aprender. Quando você tem base pode extrair conhecimento de quase todo lugar. Lembro-me da minha professora de didática lá da Federal, “Roynolka” (não lembro se escreve assim, ela era húngara), a querida professora Roy. Em uma de suas aulas ela usou um gibi da Turma da Mônica. Um dos alunos questionou: “professora, um gibi de história em quadrinhos numa aula de didática na Federal ?”.

Bom, o fato é que a aula era sobre saber reconhecer a realidade e as dificuldades dos alunos. O gibi em questão era do “Chico Bento”. Na historinha ele era perseguido pela professora porque chegava sempre atrasado e às vezes dormia na aula. Num belo dia, a professora dirigia-se para a escola e passou pela zona rural da cidade. De longe ela viu o Chico Bento trabalhando duro no roçado e entendeu o porquê dele chegar sempre atrasado. Apesar de ser apenas um garoto, trabalhava duro e acordava muito cedo.

A professora Roy, nessa aula com material didático inusitado, mostrou o valor de saber 'aprender a aprender'. Nessa mesma aula relatei um fato ocorrido comigo enquanto assistia ao capítulo de uma novela. Num dado momento, numa mesa de restaurante, formou-se um triângulo amoroso: Edu (Reynaldo Gianecchine), Helena (Vera Ficher) e Miguel (Tony Ramos). A filha de Miguel, vendo a cena, comentou: “Veja só um triângulo amoroso inusitado”. O amigo dela, que estava ao lado, completou: “E é um triângulo escaleno”. Os dois riram e a cena seguiu. “Triângulo escaleno?” fiquei pensando. Ignaro em matemática, fui ao dicionário e aprendi que se tratava de um triângulo com lados diferentes. Fiz a analogia e entendi o comentário visto na novela.

O problema é que grande parte das pessoas que assiste às novelas não tem base para extrair algum conhecimento daquela fonte (exígua, reconheço). Falta saber aprender a aprender. Quem tem estrutura absorve cultura nas mais inusitadas fontes. Sorte que me ensinaram a pescar.

Comments

No responses to “APRENDENDO A APRENDER”

if (myclass.test(classes)) { var container = elem[i]; for (var b = 0; b < container.childNodes.length; b++) { var item = container.childNodes[b].className; if (myTitleContainer.test(item)) { var link = container.childNodes[b].getElementsByTagName('a'); if (typeof(link[0]) != 'undefined') { var url = link[0].href; var title = link[0].innerHTML; } else { var url = document.url; var title = container.childNodes[b].innerHTML; } if (typeof(url) == 'undefined'|| url == 'undefined' ){ url = window.location.href; } var singleq = new RegExp("'", 'g'); var doubleq = new RegExp('"', 'g'); title = title.replace(singleq, ''', 'gi'); title = title.replace(doubleq, '"', 'gi'); } if (myPostContent.test(item)) { var footer = container.childNodes[b]; } } var addthis_tool_flag = true; var addthis_class = new RegExp('addthis_toolbox'); var div_tag = this.getElementsByTagName('div'); for (var j = 0; j < div_tag.length; j++) { var div_classes = div_tag[j].className; if (addthis_class.test(div_classes)) { if(div_tag[j].getAttribute("addthis:url") == encodeURI(url)) { addthis_tool_flag = false; } } } if(addthis_tool_flag) { var n = document.createElement('div'); var at = "
"; n.innerHTML = at; container.insertBefore(n , footer); } } } return true; }; document.doAT('hentry');