A FORÇA DO BELO E O PRECONCEITO NOSSO DE CADA DIA

Outro dia, numa dessas salutares conversas entre amigos, falávamos sobre a forma preconceituosa com que os países do chamado “Primeiro Mundo” tratam os brasileiros. Em uma das escolas em que trabalho, localizada na periferia de Olinda, em Peixinhos, de tempos em tempos aparecem os estudantes de intercâmbio, que passam um período frequentando a escola e participando do cotidiano das crianças. Certa vez, percebi num desses estudantes estrangeiros (oriundo da Irlanda) um certo asco ao observar as crianças e a estrutura precária da nossa escola. Dava pra ver no rosto da garota que ela estava chocada e amedrontada.

Obviamente, a leitura que fiz dessa imagem produziu em mim um sentimento de indignação. Tempos depois, num recuo de memória, lembrei-me do tempo em que trabalhava como vendedor numa loja de móveis de luxo. Depois da primeira semana transitando entre moveis laqueados e tantos outros itens de decoração, passei a achar a minha casa muito feia. Na época eu era muito jovem, é certo, mas lembro-me bem do quanto me tornei preconceituoso e passei a desdenhar dos móveis das casas por onde passava. Achava tudo feio.

Automaticamente fiz uma analogia e me coloquei no lugar da menina irlandesa, naturalmente pouco acostumada a ambientes de pobreza extrema, e entendi o comportamento que em princípio reprovei. A força do belo, mesmo sendo um conceito subjetivo, leva-nos a uma estupidez como essa. Outro exemplo: Costumamos dizer que “perto do Shopping Recife tem uma favela”. A comunidade do Entra a Pulso, localizada na entrada do Shopping, estava ali muito antes da construção do grande centro de compras. Na verdade, o shopping é que está perto da favela mas a força do belo nos induz a inverter os parâmetros de observação.

Quem trabalha com arte e arquitetura, por exemplo, enxerga as coisas sem se deixar levar por esse julgamento superficial. O velho casarão em ruínas é visto como uma obra de arte danificada e não como um imóvel velho que deve ser demolido. Criar parâmetros a partir do que a sociedade classifica como belo, é uma forma de exclusão comum nos dias de hoje. É por isso que o cabelo crespo é chamado de “ruim” e a mulher gorda é chamada de feia. Termino esse breve post parodiando Vinícius: “As bonitas que me perdoem, mas beleza é subjetivo”.

Comments

One response to “A FORÇA DO BELO E O PRECONCEITO NOSSO DE CADA DIA”

Anônimo disse...
30 de abril de 2010 às 06:20

A "beleza" - sua definição ou sua importância - está inteiramente ligada aos valores que cada um possui. Mas é inegável a força que o senso comum - e a mídia e a cultura são dois fatores poderosos nisso - exerce sobre a opinião que as pessoas entendem e classificam do que é belo ou não é.

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