O SENHOR TEMPO E A INVERSÃO DE ALGUNS CONCEITOS

Hoje em dia é muito comum ver as mulheres exibindo o bronze em roupas sumárias. A imagem de um corpo bronzeado é motivo de orgulho, mas não foi sempre assim. Num passado não tão remoto as pessoas, sobretudo as mulheres, das classes dominantes, tinham o hábito de se proteger do sol. As mulheres saíam à rua sempre amparadas por um guarda-sol. Proteger a brancura da pele era o mesmo que proteger a imagem, o status de quem pertencia à alta sociedade.

Os menos desprovidos de posses tinham que trabalhar duro normalmente debaixo de um sol forte, já que no passado as atividades agrárias predominavam. Ter a pele bronzeada, portanto, era sinônimo de pobreza. O que hoje simboliza beleza e sensualidade, no passado representava dor e dificuldade de vida.

Outro conceito que sofreu inversão, pela ação do senhor tempo, foi o culto ao ócio. Na época dos filósofos gregos, o “não fazer nada” era , com o perdão do paradoxo, uma atividade nobre. O ócio, nesse caso, referia-se às atividades braçais. Trabalhar, dar duro, como se diz hoje em dia, era uma atividade que não dignificava o cidadão, já que era desempenhada por escravos e semi-escravos. A palavra “trabalho”, diz o dicionário etimológico, vem do verbete latino “tripalium”, nome de um instrumento de tortura medieval em que as vítimas ficavam dependuradas de cabeça para baixo para morrer lentamente, por sangramento. O trabalho, que na sua origem estava ligado à tortura, depois da ação do senhor tempo, passou a ser uma atividade nobre, que dignifica o homem.

A minha banda é do tempo em que Camisa de Vênus era palavrão”. Essa frase é de autoria do músico Marcelo Nova, líder da banda de rock Camisa de Vênus. Até a década de 70, mais ou menos, a camisa-de-vênus era uma forma de proteção (e contracepção) que transitava no submundo como algo proibido. Depois do surgimento da AIDS, o uso desse preservativo passou a ser a mais comum forma de proteção. Na verdade, no passado, a camisa-de-vênus tinha a mesma função, mas era marginalizada. A frase do Marcelo Nova mostra que o senhor tempo derrubou um tabu e mudou um conceito.

O que hoje é, poderá não sê-lo amanhã se assim desejar o senhor tempo.

Comments

5 Responses to “O SENHOR TEMPO E A INVERSÃO DE ALGUNS CONCEITOS”

Marcello Lopes disse...
1 de julho de 2010 às 09:29

Ei Ed.
Outra mudança que o senhor tempo fez foi a mudança do desejo com as mulheres, antes as gordinhas eram o supra-sumo da moda, todo mundo adorava uma gordinha, hoje pra ser desejada precisa ficar só pele, osso e silicone....kkkk

Eu ainda prefiro as gordinhas.

Grande abraço.

ED CAVALCANTE disse...
1 de julho de 2010 às 10:20

Bem lembrado. Além do mais, no passado, ser gordo era sinal de bem alimentado, privilégio de poucos.

Quanto a magreza tão cultuada hoje em dia: as mulheres na passarela parecem cabides desfilando roupas. kkkkkkkk

Sidclay disse...
1 de julho de 2010 às 22:31

Eu tambem prefiro as gordinhas!!!

Bom, excelente topico... por varios momentos eu me vejo pensando sobre a passagem do tempo... normalmente eu vejo como aluguns locais sao valorizados ou desvalorizados com o passar do tempo... lembrei agora de Milton Santos, heheheh

Bete Meira disse...
2 de julho de 2010 às 00:02

Ebaaaaaaaaa, vivo lutando com a balança há mais de 20 anos, ainda bem que tem gente que prefere as mais fofinhas, kkkkkkk. Como o tempo pode ter algum poder, se é algo sem vida, sem essência, sem substância???O que muda é a cabeça das pessoas, a maneira de encarar usos e costumes, principalmente. Um dia a calça boca larga é o must... Outro dia é a vez da boca de sino... Um dia café é o vilão... Outro dia é o herói... Numa época a carne de porco é um perigo mas noutra é a mais saudável... E por aí vai, cabelo chanel, longo, curto, liso, crespo, pigmaleão, saia mini, midi, maxi... O mundo gira e as mudanças acontecem sem que o tempo as comande. É costume dizer que o tempo cura tudo. Ah, se o tempo tivesse tal poder. O tempo não existe, na verdade, e nada pode fazer. Com o passar do tempo as coisas se acomodam e as feridas começam a cicatrizar, esse é o ritmo da vida, talvez por isso seja atribuído ao tempo o poder de curar, mudar, melhorar, piorar... sei lá. KKKKK, já filosofei demais por hoje.

Bete Meira disse...
4 de julho de 2010 às 01:26

Voltei pra comentar que muita gente já reviu esse conceito de beleza, da pele bronzeada, por influência das campanhas contra o câncer de pele. A a mídia fala maciçamente em filtro solar, em se bronzear com responsabilidade e vale lembrar que os prejuízos causados pelo sol excessivo, são cumulativos. Quando mais cedo começar a se proteger, melhor para a saúde!

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