QUANDO O REMAKE FICA MELHOR DO QUE O ORIGINAL

Já falei aqui, sou movido à música, ouço compulsivamente. É um salutar vício que cultivo desde que me entendo por gente. Confesso que ouço mais as coisas do passado, os clássicos do rock e do pop, basicamente. Outro dia estava eu em trânsito, rumo a Marim dos Caetés, como faço cotidianamente, ouvindo no meu mp3 a espetacular versão que o Angra (ainda com André Mattos) fez para o clássico setentista “Wuthering Heights”, da Kate Bush. Sempre que escuto essa versão aumenta a certeza de que o remake ficou melhor do que o original.

Por analogia, lembrei-me de outras situações em que a releitura fez sombra sobre o original. Obviamente, a lista abaixo baseia-se na subjetividade do meu gosto e provocará discordância.

Stand By Me (Jerry Leiber – Mike Stoller) – Essa canção, originalmente gravada por “Ben E. King” em 1961, foi regravada por John Lennon em 1975 no álbum Rock 'n' Roll. Virou um mega hit a ponto de muitos acharem, hoje em dia, que essa versão é que é a original.

Mr. Moonligth (Roy Lee Johson) – Essa canção é um clássico do rhythm & blues britânico gravado, originalmente em 1962, pelo lendário pianista negro “Piano Red”. A versão feita pelos Beatles em 1964, incluída no álbum “Beatles For Sale”, é parecidíssima com a original. Batidinha de bolero, segunda voz o tempo todo. Duas diferenças, entretanto, podem ser notadas: o órgão caribe usado no solo (no original o solo foi feito com uma guitarra estilo havaiana) e a voz estridente de Lennon muito diferente da melodiosa voz do Piano Red. A versão dos Beatles ficou bem melhor e fez sombra sobre o original.

Vapor Barato (Jards Macalé – Wally Salomão) – Esse clássico da chamada “mpb cabeça”, aquela linha de músicas cultuadas no meio universitário, teve dois remakes que ficaram melhor do que o original e fizeram mais sucesso. A primeira releitura veio em 1971, com Gal Costa, no disco “Gal Fatal”. A música ficou eternizada na voz da diva da emepebê. Em 1996, o grupo carioca “O Rapa” fez uma releitura da canção para o disco “Mapa Mundi”. A música virou um hit nacional, fez tanto sucesso que até Gal Costa voltou a cantá-la nos seus shows naquele ano. Vale ressaltar que a versão original é intimista, não foi concebida para tocar no rádio. Mesmo assim, esse é mais um caso em que a releitura fez sombra sobre o original.

Você Não Me Ensinou a Te Esquecer (Fernando Mendes – José Wilson – Lucas) – Esse clássico da música brega (refiro-me ao estilo musical e não à classificação pejorativa) foi gravada originalmente em 1979 por um de seus autores, o cantor Fernando Mendes. A música virou um dos maiores hits do gênero na época. Em 2003 foi incluída na trilha sonora do filme “Lisbela E O Prisioneiro” e ganhou uma versão feita por Caetano Veloso. A música voltou às paradas de sucesso e perdeu o estigma de “música brega”. As rádios especializadas em emepebê tocaram a versão do Caetano sem o menor preconceito. Mais um caso em que o remake fez sombra sobre o original.

Como Os Nossos Pais (Belchior) – Em 1976 o cantor cearense Belchior gravou essa épica canção. A música virou um dos hinos da emepebê da década de setenta. Nesse mesmo ano, Elis Regina gravou a antológica versão incluída no álbum “Falso Brilhante”. A interpretação dela conferiu à canção o status de clássico da emepebê. Mais um caso em que uma releitura fez sombra sobre a obra original.

Discorda do que eu escrevi? Manifeste sua opinião nos comentários!

Comments

2 Responses to “QUANDO O REMAKE FICA MELHOR DO QUE O ORIGINAL”

Sidclay disse...
8 de setembro de 2010 às 00:35

Ed, mais um post seu que me deixa instigado a pensar em outros exemplos... rapidamente lembrei de All Along The Watchtower de Bob Dylan regravada por Jimi Hendrix. O próprio Dylan disse que a versão ficou melhor e ele nos shows a executa. Um outro exemplo é Got My Mind Set On You que George Harrison foi buscar num lado B de compacto dos anos 50 (nesse momento não recordo que a gravou primeiro) e transformou no seu segundo maior hit em 1989 (o primeiro foi My Sweet Lord de 1971).

ED CAVALCANTE disse...
8 de setembro de 2010 às 23:24

Pretendo fazer uma segunda edição desse post, suas duas dicas estão anotadas. Gosto demais de Got My Mind Set On You, tinha esse disco em LP.

Abraço!

if (myclass.test(classes)) { var container = elem[i]; for (var b = 0; b < container.childNodes.length; b++) { var item = container.childNodes[b].className; if (myTitleContainer.test(item)) { var link = container.childNodes[b].getElementsByTagName('a'); if (typeof(link[0]) != 'undefined') { var url = link[0].href; var title = link[0].innerHTML; } else { var url = document.url; var title = container.childNodes[b].innerHTML; } if (typeof(url) == 'undefined'|| url == 'undefined' ){ url = window.location.href; } var singleq = new RegExp("'", 'g'); var doubleq = new RegExp('"', 'g'); title = title.replace(singleq, ''', 'gi'); title = title.replace(doubleq, '"', 'gi'); } if (myPostContent.test(item)) { var footer = container.childNodes[b]; } } var addthis_tool_flag = true; var addthis_class = new RegExp('addthis_toolbox'); var div_tag = this.getElementsByTagName('div'); for (var j = 0; j < div_tag.length; j++) { var div_classes = div_tag[j].className; if (addthis_class.test(div_classes)) { if(div_tag[j].getAttribute("addthis:url") == encodeURI(url)) { addthis_tool_flag = false; } } } if(addthis_tool_flag) { var n = document.createElement('div'); var at = "
"; n.innerHTML = at; container.insertBefore(n , footer); } } } return true; }; document.doAT('hentry');