SER PROFESSOR EM PERNAMBUCO, UMA PROVAÇÃO.

Em 1941, os alemães invadiram a cidade de Lviv, na Ucrânia, e promoveram um impiedoso massacre. Cerca de 45 professores e seus familiares foram sumariamente executados. Esse genocídio  fazia parte de uma política de limpeza étnica que os alemães chamavam de “Operação Especial de Pacificação”. Não bastava perseguir e prender as cabeças pensantes, o extermínio foi a saída para aniquilar uma possível insurgência intelectual.

Dando aulas de história, já falei diversas vezes sobre esse triste episódio. Nos últimos meses, aqui no Estado de Pernambuco, além das agruras cotidiana do duríssimo ofício de lecionar em escolas públicas, nós professores, temos que brigar (muito) para que os direitos adquiridos no concurso que prestamos sejam respeitados. Primeiro fomos informados (durante as férias) que os professores efetivos seriam substituídos por contratados. Nós não poderíamos trabalhar em turmas de correção de fluxo. Muitos, incompreensivelmente, não lutaram por seus direitos e hoje estão perambulando de escola em escola tentado refazer seus horários.

Muitos dos que brigaram conseguiram fazer valer os seus direitos e permaneceram nas suas escolas de origem. Houve um encontro com o Secretário de Educação, Anderson Gomes, e ele garantiu, textualmente, que o “professor concursado, como em qualquer lugar do mundo, teria seus direitos adquiridos”. Ao menos nos foi “permitido” continuar no Projeto Travessia e concluir os trabalhos iniciados em 2010. Hoje, entretanto, mais um round dessa inaceitável briga foi iniciado. Fomos informados que professores que têm dois vínculos em regência não podem continuar no Projeto Travessia.

Lembrei-me do Massacre de Lviv. Em 1941 os alemães foram menos cruéis. O extermínio rápido e sumário, ao menos, poupou os professores do sofrimento diário a que estamos sendo submetidos. Particularmente me sinto triste e desmotivado. Dias depois do Secretario de Educação garantir, diante de professores e representantes sindicais, que nós teríamos os direitos respeitados, recebemos a notícia de que teremos que interromper um trabalho pela metade. Imagine com que ânimo um professor que passa por essa pressão estúpida entra em sala para trabalhar. Imagine um médico tendo que operar sendo perseguido assim. Imagine um juiz tendo que julgar sendo perseguido assim. Imagine um governador tendo que governar sendo perseguido assim. Imagine, se possível, um professor tendo que lecionar sendo perseguido assim e com o agravante de ganhar muito menos que os profissionais citados anteriormente.

Termino esse breve desabafo com uma célebre frase de Bertolt Brecht que traduz, com perfeição, a indignação que estamos sentindo e serve de incentivo para a luta que virá pela frente: “Não diga 'tudo bem' diante do inaceitável, para que este não passe por imutável”.

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