EU, OS AZULEJOS E O COMERCIANTE

Tenho um hábito cotidiano: tomar café na padaria. Não sei o porquê, mas o café, o queijo e até o pão com manteiga são diferentes. Frequento uma padaria antiga, de nome Lisboa, como tantas outras pelo mundo afora. A padaria fica em frente a um movimentado ponto de ônibus por onde transito desde criança. Lembro-me que ficava fascinado com o desenho de uma caravela e de uma torre pintados nos azulejos logo acima das prateleiras. Ao longo dos anos, o senhor tempo transformou esse simples estabelecimento comercial numa das minhas mais ternas lembranças de infância.

Outro dia, chegava eu para o meu café matinal e dei de cara com um monte de tapumes. O local estava em obras e eles atendiam num anexo. Mendes, o atual dono, revelou-me, orgulhoso, que a padaria estava sendo ampliada. Perguntei-lhe: “E os desenhos nos azulejos?”. Friamente, o COMERCIANTE respondeu: “Derrubei tudo!” Engoli seco e tornei a perguntar: “Mas não tinha como retirar para recolocar na parede nova, ou conservar a relíquia?”. Ele me respondeu: “Nada, a parede tava atrapalhando”.

Esse, sem dúvida, foi o café da manhã mais indigesto que tomei desde que me entendo por gente. As fotos que ilustram esse post foram tiradas com o meu celular, numa manhã do mês de junho (notem os balões) do ano passado enquanto eu tomava café. Não, não vou mudar o meu velho hábito, mas decidi: quando o novo estabelecimento COMERCIAL for inaugurado, mandarei emoldurar as fotos dos azulejos e darei de presente ao COMERCIANTE.

Comments

5 Responses to “EU, OS AZULEJOS E O COMERCIANTE”

Bete Meira disse...
15 de março de 2011 às 00:05

Excelente texto, Ed! Seus amigos sabem da importância dessa padaria pra você. Pena que muita gente não dê valor à arte, à tradição e simplesmente destrua tudo friamente. Senti tristeza ao ler isso. Que bom que você imortalizou os desenhos. Ótima semana e não deixe que a insensibilidade alheia tire o sabor do seu café matinal e tradicional. Bjin!

Sidclay disse...
15 de março de 2011 às 03:44

Já dizia Belchior "o novo sempre vem..."

Uma pena!

ED CAVALCANTE disse...
15 de março de 2011 às 10:51

O novo sempre ve, mas o velho não precisa ir embora. Triste isso!

Abraço!

Rosimere Pereira disse...
21 de março de 2011 às 09:04

Essa coisa de preservar as boas lembranças que temos ao longo da vida é uma forma de preservar nossa história. Um povo sem história é um povo sem identidade.... Parabéns pela excelente reflexão!

ED CAVALCANTE disse...
21 de março de 2011 às 09:36

Oi Rosimere, obrigado pela visita. Trabalho dando aulas de história e geografia, imagine como é comigo essa coisa de preservar a história. Concordo plenamente com você.

Abraço!

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