Outro
dia, num desses momentos de reflexão, lembrei-me dos bons tempos de
escola, dos amigos (sobretudo dos que não tenho mais contato), das
farras, da inconsequência, enfim, desse mundo efêmero que,
invariavelmente, para todos, se perde no tempo. Dessa época feliz da
minha vida, além das lembranças, restou-me uma foto clicada em 1986
que ilustra esse post.
Pois
bem, o resultado dessa minha viagem ao passado foi uma ideia:
institur a foto oficial da turma. Claro, essa é uma prática antiga
e tradicional em muitas escolas pelo mundo afora, mas nas redes
públicas de ensino aqui em Pernambuco, esse importante registro
escapa. Diriam os críticos derrotistas: “Em algumas escolas,
sequer, eles tem o básico, que dirá foto oficial”. Indiferente a
possibilidade de ouvir comentários como esses levei a ideia adiante
que foi prontamente aceita pela coordenação e pela direção da escola.
Na
base do improviso, fizemos quase todas as fotos. Os alunos das séries
iniciais, da Alfa até o quito ano, trataram o evento como uma grande
e importante novidade. Já com os adolescentes do sexto ao nono ano,
com idades entre onze e quinze anos, os problemas começaram a
aparecer. Aquela velha frase, “adolescente é complicado”, não
saía da minha cabeça. Explicamos a importância daquele registro,
que anos depois ele teriam um privilégio que não é comum nas
escolas públicas de Pernambuco, relembrar através das fotos amigos,
a escola, mas não adiantou. Alguns caminharam para o local da foto
como se estivessem a caminho do cadafalso.
Os
alunos do nono ano, os mais velhos, colocaram tantos obstáculos que
resolvemos não fazer o registro. Numa breve análise da situação,
facilmente, identificamos alguns indícios do porquê desse problema.
Em algumas turmas pude perceber que o grupo foi contaminado por
pequenos lideres que impuseram o seu pensamento de revolta contra uma
atividade que vinha da instituição propagando a ideia de que a foto
era “um mico”. Outros tantos não se identificam com a escola,
não têm orgulho de estudar numa escola pública e não querem,
portanto, eternizar esse período. Fora isso, tem o comportamento
natural do adolescente de ser eternamente do contra.
Seja
como for, fiquei, mais uma vez, triste com a falta de interesse dos
alunos. Esse tipo de comportamento, aliás, inibe muitos
profissionais de educação a buscar inovações. Sair do cotidiano
da sala de aula, trabalhar com atividades voltadas para novas
tecnologias, requer uma boa dose de paciência e perseverança para
superar velhos hábitos. Muitos desistem pelo caminho.