OS BONS TEMPOS DO ROCK BRASIL E A CULTURA DÉBIL ATUAL


Não sou do tipo que fala da juventude com saudade, como se quisesse voltar no tempo e viver tudo de novo. Não tenho esse tipo de sentimento. A razão é simples: minha vida era muito complicada. Uma das poucas coisas que me mantinham vivo era, sem dúvida, o rock. Lá pelos idos de 1985, época de ouro do rock Brasil, eu curava a tristeza e a falta de grana ouvindo e fazendo música. Nessa época não tínhamos internet, as fontes de informação eram as revistas, sobretudo a Bizz, que herdou da SomTrês, o posto de maior publicação de pop rock tupiniquim.

Tinha um grupo de amigos que se reunia, quase sempre, na minha casa. Ouvíamos música no rádio, acredite. No final da década de 80, tocavam muito pop e rock no rádio, não é como hoje. Lembro-me da grande celeuma provocada com o lançamento do elepê “Selvagem”, dos Paralamas, em 1986. Nos discos anteriores, acusavam o trio  brasiliense de copiar o “Police”. A bateria do João Barone , convenhamos, soava igualzinho a do Stewart Copeland. No Selvagem, o Paralamas buscou outras sonoridades, se aproximou do reggae e ritmos brasileiros. A partir de então, ganhou identidade própria. Quando ouvi “Alagados” pela primeira vez, confesso, foi estranhíssimo, achei parecido com carimbó.

É também de 1986 o celebrado – por questões técnicas – disco do RPM, “Rádio Pirata”. Um disco de rock brasileiro gravado com qualidade técnica idêntica aos dos americanos e europeus. A mixagem foi feita em Londres. O RPM, durante um breve período, gozou do status de mega banda de rock, com logo no avião e tudo mais. Passou. Particularmente, prefiro o “Revoluções Por Minuto”, um disco que lançou uma sonoridade diferente e forma bem peculiar de se fazer rock no Brasil.

Dentre todas as bandas com as quais convivi na década de 80, a que mais me marcou, sem dúvida, foi a “Legião Urbana”. Quando ouvi o álbum branco achei a voz do Renato parecida com a do Jerry Adriani. Decorei as onze músicas num piscar de olhos. Ouvia sem parar. No álbum “Dois”, tornei-me fã incondicional. Os acordes iniciais de “Tempo Perdido” funcionam como um start que me remete ao passado. Essa música é um dos hinos da minha geração. Com o lançamento do “As Quatro Estações” Renato Russo já era celebrado como grande poeta do rock nacional. Assisti ao show desse álbum aqui no Recife. Foi um grande momento da minha vida. Imagine: um show de quase duas horas em que você sabe cantar todas as músicas. Êxtase!

Ontem sintonizei na minha tevê o “WMB”, vi uns comentários no twitter e fui conferir. Lixo total, a celebração da cultura débil, não dá nem para falar. Uma pena que o rock nacional esteja na “fase B das ondas Kondratev”. Enquanto isso, os bons momentos são relembrados em documentários, confira abaixo:

Comments

5 Responses to “OS BONS TEMPOS DO ROCK BRASIL E A CULTURA DÉBIL ATUAL”

22 de outubro de 2011 às 10:17

Ed, muito bom relembrar.
Eu era "fãzona" do RPM, nossa, era uma coisa de "louco". Ainda hoje, curto muito.
Bom final de semana
Xeros

Sidclay disse...
26 de outubro de 2011 às 00:45

Eu acho que os anos 80 foi o início do fim do rock´n´roll... depois dessa década, nada de novidade apareceu, cópias e reciclagens aparecem semanalmente... Fico com a frase dos Titãs "A melhor banda de todos os tempos da última semana"

ED CAVALCANTE disse...
26 de outubro de 2011 às 10:26

Sim, o rock Brasil pelo menos, lá fora ainda se encontra uma banda boa de vez em quando. Aqui, só lixo!

O mundo de Sofia disse...
20 de novembro de 2011 às 11:17

Concordo plenamente, infelizmente na sertania onde eu morava só vim conhecer o rock na Faculdade e encontrar nas letras de Renato a tradução pra minhas angustias.

ED CAVALCANTE disse...
20 de novembro de 2011 às 14:17

Com muita gente foi assim, querida, a música estava distante, hoje em dia ess problema não existe.

Obrigado pela visita!

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