LER HISTÓRIA E VER HISTÓRIA


Ontem, zapeando pela tevê, dei de cara com um documentário que desvendou o triste fim do última czar russo, Nikolái Romanov e toda sua família. Obviamente, no meu cotidiano em sala de aula já havia falado várias vezes sobre essa chacina. Mas, ver uma encenação do fato me fez enxergar a história de outro jeito. Na sala de aula, por mais dinâmico que seja o trabalho, não se tem a medida exata do terror vivido pelos Romanovs naquele triste dia.

Por força da Revolução Bolchevique, em 1917, Nikolái e sua família foi levado para os Montes Urais e confinado numa mansão onde viveu por quase um ano numa espécie de prisão domiciliar. No ano seguinte todos foram levados para Ekaterimburgo, local da grande tragédia. Não se sabe ao certo, mas, estima-se que entre os dias 16 e 17 de julho o czar e toda sua família foi levado para uma sala sob o pretexto de tirarem uma foto oficial que seria apresentada ao público pelos revolucionários Bolcheviques. Quando estavam todos perfilados, um oficial russo chamado Yakov Yurovsky, liderou um pelotão de fuzilamento que aniquilou, friamente, toda a família imperial. Segundo um relato do próprio Yakov, duas filhas do czar (eram quatro meninas, ao todo), Maria e Anastácia, não tiveram morte instantânea e foram golpeadas, seguidamente, por baionetas.

Os corpos dos Romanovs foram depositados em uma cova e em seguida incinerados para dificultar uma possível identificação. Os corpos de Maria e Anastácia, foram tratados do mesmo jeito, entretanto, sepultados em uma cova separada do resto da família. Quando a cova de Nikolái foi encontrada, identificaram a falta dos restos mortais de duas das filhas. Esse detalhe alimentou, durante anos, a ilusão de que as duas filhas do czar teriam sobrevivido à trágica noite. Anastácia, inclusive, virou personagem de um desenho animado da Disney baseada nessa lenda. Apenas em 2008, autoridades russas anunciaram a descoberta dos restos mortais das filhas de Nikolái. A identificação foi possível porque o DNA do czar ficou preservado em manchas de sangue das roupas que ele usava no dia de sua morte. Com o código genético preservado, a identificação do DNA das meninas configurou-se numa prova conclusiva.

Ainda em 2008, a Suprema Corte da Rússia reabilitou a Família Real Romanov que, desde então, está sepultada com todas as honrarias na Fortaleza de Pedro e Paulo, em São Petersburgo. A Igreja Ortodoxa russa, em 1981, canonizou Nikolái e toda sua família. Hoje em dia, eles são venerados como santos. Ler sobre esses fatos, repito, é muito menos do que ver a encenação. Vendo o documentário, senti até náuseas com a frieza de Yakov. Ele conviveu com os Romanov, conversava diariamente com os filhos do czrar mesmo sabendo que seria o algoz da família. Bastou uma ordem de Lênin e a execução se consumou rapidamente.

A história vista é bem mais marcante do que a história lida.“O que os olhos leem, o coração quase não sente”.

Comments

2 Responses to “LER HISTÓRIA E VER HISTÓRIA”

Sidclay disse...
17 de fevereiro de 2012 às 22:44

O apelo visual é muito forte, entendo bem o que você percebe. Quando trabalho com a construção colonial brasileira, gosto muito de usar um filme chamado Desmundo em que os personagens falam no português do século XVI, o impacto nos alunos é bem interessante!

ED CAVALCANTE disse...
18 de fevereiro de 2012 às 08:48

Muito legal o documentário da Nat Geo, recomendo.

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