Foto: reprodução da web
“Milhões de pessoas que sonham com
a imortalidade não sabem sequer o que fazer numa tarde chuvosa de domingo” nos
lembra Susan Ertz. É bem
verdade que a falta de planejamento pode tornar o trabalho e a vida um tédio. Viver eternamente, numa análise bem
superficial, teria outras implicações terríveis. Imagine uma pessoa mergulhada
numa depressão profunda, a imortalidade seria a perpetuação de um suplício.
Morrer, nesse caso, seria o sonho de liberdade.
Tem também aquele pensamento de criança: “Ninguém deveria morrer”. Basta um pouco de racionalidade para perceber
que se ninguém morresse o mundo hoje seria inabitável, não haveria espaço para
todos. Como diz a bela canção, Jesus Numa Moto (Sá, Rodrix e Guarabyra):
“Espalhando o que já está morto pro que é vivo crescer”. Uma verdade cruel.
Pensar
na morte assim, sem medo do inevitável, diminui a dor e aumenta a aceitação. Podemos até mergulhar no lirismo: somos adubo
para as gerações futuras. Ou podemos
recorrer às ciências exatas: a morte é, meramente, uma relação matemática. Até
certa idade, no nosso corpo, nascem mais células do que morrem. Em um dado
momento da vida, a quantidade de nascimentos e mortes se equiparam.
Mais adiante, morrem mais células do que nascem, é quando começamos a ir embora.
Morremos
um pouquinho a cada instante. Às vezes, esse desfalecimento gradativo é
acelerado por meio de uma tragédia. Aí a morte mostra sua face mais cruel.
Ontem, por exemplo, recebi a notícia da morte da esposa de um grande amigo meu
de infância. Fragilíssimo para lidar com esses momentos, sofri bastante.
Passou, mas sofri. Tentei falar com ele, mas – penso agora, foi melhor assim
– não consegui. O que dizer para uma pessoa que perdeu alguém querido? Não existe lirismo nem explicações lógicas que
atenuem a dor de uma perda dessas.
Sobre
ser imortal: ser feliz enquanto se vive deve ser muito mais interessante do que
buscar a eternidade. Deixemos então,
espalhadas pelo mundo, as marcas da nossa felicidade.
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