Por
esses dias estava refletindo – faço isso de vez em quando – sobre o poder e a
magia da internet. Os jovens de hoje não sabem a sorte que eles têm, lembro-me bem do quanto eu e meus amigos
penamos para descobrir quem era o “irmão do Henfil” que Elis decantava na
célebre canção do João Bosco em parceria com Aldir Blanc, “O Bêbado e o
Equilibrista”. Hoje em dia bastaria uma consulta ao Google. Sei que muitos
dirão que as pesquisas antes da internet tinham lá o seu charme, era divertido
visitar a Biblioteca Central do Recife ou, no meu caso, a simpática e desatualizada
biblioteca de Afogados (bairro da periferia do Recife). Sim, esse olhar
romântico tem um pouco de verdade, mas ter toda e qualquer informação na palma
da mão é um poder que me encanta por demais. Por
outro lado existe uma velha questão resumida numa frase que cansamos de ouvir
nos filmes de espionagem: “se essas informações caírem em mãos erradas
estaremos perdidos”. Pois é, muita informação nas mãos de mentes inescrupulosas
surte um efeito reverso do propósito inicial da conectividade: a personificação
da maldade virtual, aquela que transita numa terra quase sem lei e sem
fronteiras. Enquanto na minha juventude
levei meses pesquisando para saber que o “irmão do Henfil” era o célebre
sociólogo Betinho, qualquer garoto hoje em dia pode fabricar uma bomba seguindo
um tutorial no youtube. Isso é muito
assustador.
E o que os iluministas têm a ver com esse universo? Pois bem, lá pelo século VXIII eles peitaram o Estado burguês e
a Igreja sonhando com liberdade e igualdade. A liberdade, segunde eles,
começava quando o indivíduo se livrava das “trevas da ignorância”, ou seja, quem tem informação e conhecimento é livre. A primeira grande contribuição dos
iluministas para esse fim foi o advento da enciclopédia. Fico pensando o que
diriam eles se pudessem fazer uma consulta ao Google. Atrevo-me a
conjecturar: se no passado criaram enciclopédias para o povo ter acesso ao
conhecimento, hoje em dia eles fundariam um incontável numero de lan houses.
Viva a liberdade!