SOBRE ESCOLAS E SEGREGAÇÃO SOCIAL

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

Nos acostumamos a ver nos seriados e filmes americanos – estadunidenses, quero dizer – aquela segregação absurda.  Os ricos, bonitos (nos padrões estabelecidos pela mídia) e descolados andam juntos, comem juntos, se divertem juntos e fazem um monte de coisas erradas juntos.  Tem o cara que vai pra escola numa Ferrari e o outro que vai de bicicleta. Todos compartilhando a mesma escola.

No Brasil, no máximo, existe a segregação do visual.  Quase todos da escola pertencem à mesma classe social, o que diferencia os grupos, em tese, é estrutura familiar. Os alunos oriundos de uma família desorganizada, geralmente, apresentam problemas de comportamento, não têm uma roupa legal, um celular legal e, por isso, procuram amigos nas mesmas condições. Às vezes nem procuram, são conduzidos instintivamente para esses grupos.

O mais cruel nessas duas realidades é o fator que determina a diferença entre a grande segregação de lá e a segregação daqui. A qualidade da escola. A maioria das escolas públicas dos Estados Unidos é de qualidade e, por isso, ricos e pobres estudam juntos. A segregação social do mundo lá fora é levada para dentro da escola. No Brasil, em geral, os ricos estão nas escolas particulares e os pobres nas públicas.

Diriam alguns, em contraponto a essa tese: “Mas as universidades públicas brasileiras são melhores que as particulares, pobres e ricos estudam juntos”. Não é bem verdade, sabemos. As universidades públicas são de qualidade mas dentro da instituição existe a segregação de cursos.  Em geral, os mais pobres estão nos cursos ditos “não-nobres”. Os pobres fazem licenciatura – ninguém que almeja um futuro tranquilo quer ser professor - ou entram para um daqueles cursos que apresentam um campo profissional restrito. 

A diferença é visual. Basta uma passada no estacionamento do curso de medicina e observar os carros estacionados. Nos núcleos que concentram as licenciaturas e os cursos menos procurados, os carros são poucos e não são importados. Ou seja, os pobres e os ricos estão juntos na universidade publicas mas segregados “pelas cercas embandeiradas que separam quintais”.

As cotas, as famosas cotas estão mudando esse estado de coisas.  Trouxeram o preconceito, inclusive, para os que não fizeram uso delas. Um negro que ingressou num curso dito nobre, mesmo sem o auxilio desse recurso legal, é sempre chamado – pejorativamente – de cotista.  Já existem estudos que mostram que o desempenho dos cotistas é inferior a o dos outros alunos.  Mas existem outros tipos de defasagens com causas diversas que não foram alvo de pesquisas nem de divulgação na mídia.

A única coisa que falta, para sermos iguais a eles, é os loucos que surtam com esse estado de  coisas e saem matando pessoas num dia de fúria. Ai sim, seremos iguaizinhos a eles.

DESCONSTRUINDO IDEIAS

Imagem: reprodução da internet

Numa dessas madrugadas de insônia, lá pela década de noventa, acho, assistia a um filme na Sessão Coruja e um velho, que se dizia sábio, mandou essa: “Nós aprendemos tudo que precisamos para viver até os 15 anos, depois disso vamos colocando as coisas em prática”.

Discordei, claro. Mas, é sabido, que todos, absolutamente todos os adolescentes, rezam por essa cartilha. Acham que sabem tudo e podem tudo. Tentando interpretar o recado do filme, acredito que o “vamos colocando as coisas em prática” pode implicar em desconstruir algumas das “certezas absolutas” que a adolescência impõe. 

Desconstruí várias ao longo da vida. Não me tornei um astro do rock, não fiquei famoso e rico antes dos trinta, me formei em Geografia e não em Jornalismo, e por ai vai (ainda está indo). As coisas vão acontecendo e você nem percebe que a desconstrução está se processando.  Alguns lutam contra isso e confundem a troca de foco com não realização de sonhos.

A interatividade atingiu proporções gigantescas com a dinamização da conectividade. Alguns, inclusive, defendem que devemos reduzir a marcha, o fluxo de ideias e de informação é tão intenso que não processamos direito o conteúdo. A informação, nesse caso, não gera poder porque não se transforma em conhecimento. Nesse universo onde uma teoria pode mudar com um clique, a desconstrução a que me referi no segundo parágrafo tornou-se algo corriqueiro e perigoso.

O grande problema dessa nova ordem da comunicação é a falta de estrutura dos internautas para lidar com tudo isso. Uma situação comum: alguém que zapeava pela rede encontra um texto em um site sobre o qual não se tem muitas referências e as informações desse texto passam a fazer parte da horda – o termo é esse mesmo – de teorias que “fundamentam” as ações desse incauto navegador cibernético.  Vários são os naufrágios.

Parafraseando o “sábio” do filme, eu diria que “até os 15 anos nós aprendemos a duvidar de tudo que precisamos para viver”. Duvidamos dos professores, duvidamos dos nossos pais, duvidamos de Deus, duvidamos do padre, do pastor, de tudo que representa o poder instituído, Duvidamos e por isso aprendemos. Desconstruindo ideias chegamos às nossas certezas que, por uma questão de prudência, nunca devem ostentar o status de absolutas.


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