Terminado
o espetáculo, ficam as lembranças e as polêmicas. Do pouco que vi
do festival – acompanhei pela TV, transmissão do MultiShow – deu
para perceber que os equívocos foram muitos. Começando, claro, pela
polêmica protagonizada por Cláudia Leitte. Errou quem a colocou no
palco e errou ela no seu queixume. Comparou os “roqueiros" que a
vaiaram a Hitler?. Pera lá, roqueiros? Ela foi vaiada pelo público
de Keshia e Rihanna, pop farofa, nada a ver com a turma de preto. Será
que Cláudia não sabe o que é um roqueiro? Bom, seja como for, ela
se vestiu de Britney Spears, fez aquelas coreografias
“paulabdulianas” e pagou o pato.
Mas,
afinal, só Cláudia Leitte merecia ser vaiada? Claro que não, quem
viu os “shows” do Elton John e do Guns n Roses sabe que as
vaias deveriam se estender a eles. O primeiro, veteraníssimo, pareciaaia
uma tia velha, aposentada, sendo socorrido o tempo todo por um
eficiente naipe de backin vocals que entrava em ação nas notas
mais altas. Elton John agora canta pra dentro, faz um esforço danado
para balbuciar suas músicas. O público, enebriado pela presença
do ídolo, aplaudia o deplorável espetáculo. Merecia vaias. E o
Guns? O que foi aquilo? Axl Rose inventou um jeito novo de cantar
baseado na “separação silábica”. Sem fôlego, ele pronunciava
as palavras de forma fragmentada – uma sílaba, uma respirada –
protagonizando um dos piores shows de todos os tempos. Foi vaiado?
Não, claro que não, foi ovacionado. Mas São Pedro nos vingou,
mandou um toró daqueles, Axl Rose recebeu uma gongada dos céus.
Bom,
mas o Rock n Rio teve momentos memoráveis. O Capital Inicial fez um
dos melhores shows da sua longa carreira, fez o público delirar com
uma apresentação impecável. Sou contemporâneo da banda e
confesso que duvidei que ela brilhasse de novo. Enganei-me, que bom.
Ao final da apresentação corri pro Facebook para elogiar a banda.
Mais
do Melhor:
*Lenny
Kravitz: show impecável, o cara tirou onda. A voz perfeita - com
uma potência de estúdio - e uma banda espetacular. Destaque para a
ótima baixista, “Gail Ann Dorsey”, que conseguiu, em alguns
momentos, ofuscar a excelente perfomance do astro principal. Lenny,
entusiasmado com a grande apresentação, afirmou pouco depois: “Só
falta eu aprender português para ser brasileiro”.
*Steve
Wonder: Como era de se esperar, fez um grande show. E não
foi só isso, deu um show de simpatia, brincou com o público, cantou
– de novo – aquela canção de Antônio Carlos e Jocafi, ele
gosta mesmo, sempre cantarola essa música. Nos apresentou sua linda
filha, enfim, cumpriu o que se esperava dele.
*ColdPlay:
apesar de não ter visto o show por completo – verei nas reprises –
deu para perceber que seria uma apresentação apoteótica. É uma
das grandes bandas da atualidade. Coldplay tem na gênesis a marca
das grandes bandas: nasceram sem a pretenção do estrelato e foram
asseitando essa condição a medida que o sucesso foi ficando
incontrolável. Bom demais!
Tentei
ver mas meu saquinho não aguentou:
Slipknot:
parecia o Cirque Du Soleil homenageando as bandas pesadas. Muito
trelelê para adolescente ver, como já passei da fase, abdiquei. Teve gente que aplaudiu de pé.
Jamiroquai:
A voz do Jason Kay é massa, o cara canta pra ca... mas, depois da
terceira música, parecia um disco arranhado. Falta alma à essa
banda, o suingue é fake, não dá. Sei, tem gente que acha genial, o bom é isso, a subjetividade do gosto.
Jota
Quest: Na primeira música deu pra ver que seria show de festival
de verão e eu abdiquei.
Sitem
Of A Down: inegavelmente eles são bons, muito bons no que fazem.
Mais: são diferentes na postura e na indumentária. Serj Tankian, o
vocalista, parece um pastor pregando. Com camisa de botão,
totalmente descolado, canta como se estivesse brincando na garagem.
Apesar, contudo, todavia, mas, porém, adversativamente falando, o
som não é para mim. Respeito a excelência da banda, mas passo.
Pronto,
falei!