A
mídia noticia, hoje, o que todo mundo jà sabia: a emblemática
imagem do enforcamento de Vladimir Herzog foi uma farsa montada pela
Ditadura Militar. Silvaldo Leung Vieira, autor da foto, trabalhava,
na época, no Instituto de Criminalística de São Paulo, vinculado
ao temido DOPS. A imagem do jornalista Herzog foi veiculada pelos
militares como sendo de um suicídio.
Silvaldo
Vieira, quatro anos após a farsa, fugiu do país e viveu escondido até ser
encontrado por Lucas Ferraz, repórter da Folha de São Paulo. Na
época da foto, Silvaldo era recém-ingresso na polícia, tinha
apenas 22 anos. Segundo ele, a foto do cadáver de Herzog teria sido
uma espécie de “aula prática”. Depois da repercussão do caso,
Silvaldo saiu do país e vive até hoje em Los Angeles. O fotógrafo
revelou, ainda, que carrega até hoje uma imensa tristeza “por ter
sido usado” pela ditadura.
Na
verdade, o tiro saiu pela culatra. A farsa foi tão mal feita que
qualquer leigo, ao analisar a foto feita por Silvado, percebia se
tratar de uma armação. O corpo de Herzog foi colocado suspenso a
uma altura de aproximadamente 1,63m, deixado seus membros
inferiores quase dobrados. A veiculação da imagem fez com que a
opinião publica se manifestasse com mais veemência e a linha dura
do governo militar que pressionava o presidente Ernesto Geisel para
atuar com mais firmeza – leia-se, violência – acabou sendo
abafada pelo clamor público.
A
imagem de Vladimir Herzog semi-dependurado tornou-se um ícone da
luta contra a ditadura servindo até, segundo alguns analistas
políticos, de inspiração para os movimentos em prol da
redemocratização do Brasil. Uma das páginas mais obscuras da
história recente do Brasil, enfim, foi devidamente esclarecida.
Em
respeito a Vladimir Herzog e sua família