Não
é um post sobre futebol, claro. Quem transita por essa página já
deve ter percebido que não costumo escrever sobre o assunto. Adoro
futebol, mas falta-me talento para escrever (bem) sobre o assunto.
Falarei da grande conquista do Corinthians por outro viés: o
retorno econômico que o time proporciona aos seus patrocinadores.
A
notícia que circula na rede é que a audiência da decisão bateu
recordes. A agressiva propaganda implementada pela Globo para
divulgar a “festa” - isso mesmo, festa, a tevê tratou assim a
partida - surtiu o efeito desejado. Como sempre acontece quando
alguma entidade é beneficiada por um grande veículo de massa,
criou-se uma torcida a favor da conquista e outra, na mesma
intensidade, contra. Ainda tinha o grupo dos neutros que sempre
escolhe um lado em eventos como esses, mas, dessa vez, viu-se numa
sinuca de bico: torcer pelo Corinthians, o time mais paparicado pela
imprensa e mais beneficiado pelos “erros” dos árbitros, ou
torcer pelos argentinos?. Como diria o slogan daquela
bebida:”Que dureza!”.
A
festa protagonizada pela torcida do Corinthians foi linda. Lembrei-me
do Santa Cruz numa comparação literal sem aquela costumeira
ressalva, “guardadas as devidas proporções”. O Corinthians é
grande, mas a torcida do Santa – a maior média de público doBrasil nos últimos quatro anos – também é gigantesca e mostra
força mesmo com o time no limbo. Depois de ver a emocionante festa
da Fiel, fiquei com a certeza que times de massa têm a obrigação
de ganhar títulos. Se não for sempre – até porque assim fica
chato – que seja de vez em quando.
A
ojeriza de grande parte do Brasil para com essa conquista deve-se, em
parte, a dois fatores: o primeiro, já citei acima, é que o
Corinthians tem o apoio irrestrito da poderosa mídia brasileira e
dos sobrenaturais “erros” dos árbitros. O outro detalhe é o
fato do time representar uma imensa massa de pobres. O preconceito
contra times cuja torcida é pejorativamente tachada de “povão” é
latente. Mais uma vez lembrei-me do Santa. Ao final do Pernambucano
desse ano, corri para ver os comentários nas redes sociais e li na
página de um amigo rubro-negro: “Vou sair, agora, deixa os pobres
se divertirem”. Um pobre referindo-se aos outros como se fosse
superior. Empáfia de perdedor. Ouvi o mesmo sobre o Corinthians na
quarta-feira passada.
Essa
superexposição do corinthiana na tevê é uma injustiça para com
os outros clubes? Do ponto de vista da competição, claro que sim.
Um clube ganhar cem milhões e outro apenas cinco, é um despautério.
Aliás, essa dura realidade é a reprodução da maior chaga da
sociedade brasileira, a concentração de renda. Por outro lado, se sou um executivo da tevê e tenho um produto – o Corinthians –
que me dá mais retorno, logicamente é natural que invista pesado
nele. O ruim dessa história é que estamos caminhando para a
realidade espanhola em que apenas dois clubes disputam, realmente, o
título. Ainda existe o agravante do Brasil ter dimensões
continentais e uma quantidade de clubes muito maior. Enquanto os
alijados não reagirem, o funil continuará se formando.