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MAURITZSTADT, MAURICÉIA, OU APENAS SÍNDROME DE ESTOCOLMO?


A história de Pernambuco, sobretudo da cidade do Recife, está intimamente ligada à vida do navegador germânico Johann Moritz von Nassau-Siegen, o Maurício de Nassau. De linhagem nobre, foi conde ainda na época do Sacro Império Romano Germânico e, após a formação da Confederação Germânica (1674), príncipe de Nassau-Siegen. Tinha forte formação militar mas, diferentemente dos combatentes da sua época, conservou a formação religiosa e o apreço pela arte, sobretudo a arquitetura. Sua inclinação calvinista e a necessidade de prover recursos para bancar seus sonhos arquitetônicos o levaram a aceitar o convite da Companhia das Índias Ocidentais para administrar os territórios holandeses conquistados no Brasil.

Foi num 23 de janeiro como hoje, que Maurício de Nassau desembarcou no porto do Recife. Sua comitiva refletia sua formação humanistica, muito mais que a militar. Era composta por arquitetos, cientistas, gravuristas, médicos e religiosos. Diferentemente dos portugueses, que impuseram o credo católico, Nassau propagou a liberdade religiosa estabelecendo uma relação amistosa com os nativos e estrangeiros que aqui viviam. O Recife passou por um rápido período de modernização e se tornou uma das cidades mais importantes das Américas. Nassau tornou-se um mito no imaginário dos pernambucanos. Recife conserva até os dias de hoje traços da cultura holandesa e mantém uma relação histórica tão íntima com os Países Baixos que muitos estudiosos, numa analogia com a psicologia, afirmam ser uma manifestação do que eles chamam de “Síndrome de Estocolmo”, o sentimento de apreço que o dominado sente pelo dominador.

O Instituto Ricardo Brenand, espetacular museu iconográfico do Recife, reúne uma coleção original de obras dos pintores Franz Post e  Alber Eckhout, ambos da comitiva de Nassau. A cidade do Recife em ensaios poéticos e em várias publicações históricas locais é chamada de “Mauricéia” ou “Mauritzstadt”, uma referência a influencia de Maurício de Nassau. Fora isso, tem as coincidências naturais: a cidade do Recife é cercada por canais, tem uma geografia idêntica a da cidade de Amsterdã, que vive em constante luta para fugir do avanço das águas.

Há alguns anos, a empresa de saneamento do Recife fazia escavações no Recife Antigo e descobriu uma sequência de diques construídos na época dos holandeses. A obra tinha o mesmo propósito dos famosos pôlderes holandeses: conter o avanço do mar. O local acabou virando um museu a céu aberto alimentando mais ainda a mística dos holandeses. São 375 anos de uma história que a maioria dos recifenses adora relembrar e alguns adoram rechaçar. Seja como for, é uma bela história.

MAURITZSTADT, VILA MAURICÉIA, CIDADE DE MAURÍCIO.

Quando eu era garoto, lá pela década de 70, um dos meus programas preferidos era ir ao centro do Recife. Nessa época ,meu pai e seus irmãos tinham uma fábrica de bolsas na rua de Santa Rita, centro velho da cidade, um lugar cheio de história. O prédio ,onde funcionava o fabrico ,era perto do tradicional Mercado de São José. Meu pai tinha (tem até hoje) muitos amigos por lá. Em um dos boxes, onde ele sempre parava ,tinha uma placa com a inscrição “MAURITZSTADT”. Não lembro o nome do dono, mas certa vez lhe perguntei:

-O que significa isso? E o velho me respondeu orgulhoso:

-Esse era o nome do Recife na época dos holandeses.

Anos depois, na escola, descobri detalhes desse período glorioso da história de Pernambuco e o porquê dessa epígrafe. Quando “Johann Moritz of Nassau-Siegen” aportou no Recife, em 1637 a serviço da “Companhia das Índias Ocidentais”, em sete anos, habilidosamente, passou de invasor a benfeitor. Ele recusou-se a apenas explorar a colônia. De formação humanística, tinha gosto pelas artes e pela cultura de um modo geral. Construiu um jardim botânico, um observatório astronômico e um zoológico. Na sua comitiva trouxe dois importantes representantes da arte flamenca: o paisagista Franz Post e o pintor Albert Eckhout, além de engenheiros, arquitetos, médicos e até um lutiê. Outros nomes importantes da comitiva de Maurício: Willem Piso (médico e cientista), Cornelis Golijath (cartógrafo), Georg Marggraf, astrônomo que divide com Willem Piso a autoria da “Historia Naturalis Brasiliae”, a primeira obra científica sobre a natureza brasileira.

Maurício de Nassau também soube lidar com as diferenças de culto. Calvinista de formação, permitiu que os nativos ,que haviam se convertido ao catolicismo ,e os portugueses continuassem com suas práticas religiosas. O mesmo tratamento foi dado aos judeus, muito perseguidos pelos lusitanos. Nassau era um obstinado: queria transformar o Recife numa cidade moderna seguindo os moldes da Europa. Todo o traçado urbano dos bairros de São José e Santo Antônio remonta dessa época. Era o que ele denominava “Projeto da Cidade Maurícia – a Mauritzstadt”.

O projeto de Maurício de Nassau foi interrompido porque ele entrou em conflito com a Companhia das Índias Ocidentais que estava cobrando empréstimos feitos aos senhores de engenho. Nassau não concordava com a forma de cobrança (deveria ser parcelada e estavam cobrando de uma só vez). Ele entregou seu posto e voltou para a Europa em 1644. Maurício de Nassau morreu no dia 20 de dezembro de 1679 na cidade de Kleve. No Recife ele virou lenda, fez até um boi voar. Mas isso é história para um outro post!

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