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AS IDEIAS E O “COMO FAZER”

A cidade do Recife, como é sabido, teve uma ocupação desordenada e acelerada, dadas as facilidades da sua geografia sem grandes elevações. O reflexo disso percebe-se nos incontáveis problemas urbanos que a população enfrenta diariamente. Dois desses problemas, trânsito e alagamentos, quando combinados , resultam num caos urbano que se repete de tempos em tempos na “Veneza Brasileira”.

Ideias sobre como resolver esses problemas aparecem muitas, mas, o “como fazer”, quase nunca acompanha os mirabolantes projetos. Para ilustrar o que discorro nesse breve post, faço um parêntese e lembro a fábula dos ratinhos e do queijo, cujo autor desconheço. Fui apresentado a essa historinha pelo nobre professor, Jorge Santana, numa aula de planejamento:

"Dois ratinhos estavam dentro de um buraco observando um suculento pedaço de queijo que repousava ao lado de um enorme gato.  Ficaram os dois discutindo sobre qual deles correria o enorme risco de tentar pegar o queijo. Um deles se aventurou e foi abocanhado pelo gato.  Ainda vivo, na boca do gato, o ratinho clamou para o amigo:

-Me ajuda, por favor?

O amigo que, estava protegido no buraco, mandou essa:

-Tenho uma ideia: você se transforma num cachorro e detona o gato!

Intrigado, o infeliz ratinho perguntou:

-Boa ideia, mas COMO FAÇO ISSO? Ao que respondeu o planejador amigo:

-Bom, eu dei a ideia, o COMO FAZER é com você, te vira!"

Uma ideia que não é exequível, não é uma ideia, é um sonho. Todos os dias nos deparamos com sonhos de reordenamento, rodízios, eclusas nos canais, túneis, elevados, horário bancário noturno blá, blá, blá. No meio desse turbilhão de problemas estava eu voltado do trabalho quando deparei-me com um aparato de guerra montado para escoltar o ônibus da seleção da Espanha que resolveu treinar no horário de pico do trânsito do Recife.  Os batedores iam ordenando o trânsito para que a “Fúria” não ficasse engarrafada. Funcionou. Ficamos no caos e eles seguiram tranquilos para treinar. Ao menos naquele momento, o “como fazer” pareceu-me algo simples.

MAIS UM DILUVIO RECIFENSE


Numa cidade com a geografia do Recife, o anúncio de chuvas é algo assustador. Cortada por rios e com um sistema de drenagem quase inexistente, os alagamentos são constantes.  A última calamidade veio com as chuvas da madrugada da quinta-feira (17/05) para a sexta.  Uma chuva constante e pesada, literalmente parou a cidade.

Acordei de madrugada para uma necessária micção e, por curiosidade, abri a janela. Uma névoa branca contrastando com a noite fria e a chuva intermitente. Confesso que fiquei assustado.  Moro em um local bem alto, a água não alcança, mas fico praticamente ilhado.  No dia seguinte fiquei impossibilitado de ir trabalhar. Passei a acompanhar via internet, rádio e tevê os relatos da calamidade.

Em tempos de interatividade, a informação chega instantaneamente. O mais interessante é que ela vem acompanhada de som e imagem. As redes sociais, nessas horas, cumprem um papel importantíssimo. Dei minhas contribuições postando as fotos de algumas ruas - incluindo a minha – alagadas aqui do meu bairro. 

Recife, nesses momentos, é uma cidade verdadeiramente assustadora.  Quando a chuva deu uma trégua saí para comprar pão e vi, numa rua em que morei há dois anos, carros com água até o teto.  A cidade não tem suporte para sanar problemas com essas dimensões. O que os assustados moradores sempre fazem é contemplar o dilúvio pela janela, ou sofrer quando alcançados pelas águas da Veneza Brasileira.  E a vida segue, de barco ou a pé, a vida segue.

RELICÁRIO VOL. 16 - O RECIFE EM 1927




Recebi via Facebook esse maravilhoso vídeo que, a propósito da passagem do hidravião Jahu pelo Recife, registrou para a posteridade a efervescência do centro do Recife em 1927. Esse maravilhoso documento registra prédios históricos da capital pernambucana, com destaque para a Faculdade de Direito e seu belíssimo jardim e o conjunto arquitetônico do Recife Antigo. Outro belo registro é o prédio do Diário de Pernambuco, um grande referencial da história urbana da cidade. Regozijem-se com as imagens.


Fonte: http://bndigital.bn.br/redememoria/jahu.htm
 Via: Gustavo Arruda

DESCOBRIRAM O RECIFE

Há bem pouco tempo, aqui mesmo nesse blog, o amigo Carlos Dornelas contribuía com um post reclamando que o Recife estava fora do circuito dos grandes shows. O pensamento era que estávamos “longe demais das capitais”. Recife é vista por muitos pernambucanos como “a maior cidade pequena do mundo”. Esse adorável paradoxo nasceu da mania de grandeza dos pernambucanos: "Temos o maior shopping e o maior conjunto residencial da América Latina, a maior avenida em linha reta, o maior teatro ao ar livre (sei, não fica em Recife, mas o povo fala como se Nova Jerusalém fosse logo ali na esquina) do mundo" e etc. Até que um belo dia alguém sentenciou: “Recife é a quarta pior cidade do mundo para se viver”. Ninguém concordou, claro.

Mas, enfim, parece que descobriram o Recife. Dois grandes shows do Iron Maiden – estive no primeiro - abriram a porteira para os grandes espetáculos e eventos. Nos últimos três anos vieram o A-Ha, Skorpions, Amy Winehouse, Cyndi Lauper, Ringo Starr e Paul McCartney, só para citar os mais importantes. Na próxima quinta-feira (26) é a vez da Campus Party Recife. O mega evento tecnológico-geek aporta no Recife, provando, definitivamente, que entramos na rota.

Não bastasse essa alternância de grandes shows e eventos, tem toda o frissom provocado pela realização da Copa do Mundo de Futebol, Recife será uma das sedes. Como acontece em todos os lugares que cediam jogos da Copa – espero que aqui não seja diferente – várias obras de infraestrutura estão em vias de serem realizadas. O que mais me anima é a promessa de um plano de mobilidade moderno e detalhado para o Recife que vive, atualmente, um caos no trânsito. A “maior cidade pequena do mundo” está voltando a ser uma grande metrópole brasileira.

Mas nem todo mundo está comemorando. No meu deslocamento diário rumo ao trabalho, em Olinda, transito por algumas áreas que estão incluídas no plano de mobilidade. Numa delas, o bairro dos Aflitos, área nobre do Recife, vários grupos de moradores estão, como o nome do bairro, aflitos. Cartazes e mais cartazes estão espalhados maldizendo a mudança anunciada. Se fosse uma choradeira da periferia, sabemos, não daria em nada. Mas, como se trata de uma área nobre, possivelmente, o interesse de um pequeno grupo  interferirá no reordenamento da cidade. Seja como for, vejo com bons olhos o descobrimento do Recife.

EU, RECIFENSE

Por esses dias tenho me dado a um desfrute que classifico como um dos mais prazerosos: caminhar pelo centro do Recife. Normalmente, meu ponto de partida é a Conde da Boa Vista, ali na altura do Mustang. Para quem não é da cidade, esse trecho é uma área de comércio efervescente, durante o dia, e de boemia, à noite.

Os céus da Boa Vista ganharam um novo adorno: uma passarela que liga um pequeno shopping ao seu mais novo anexo. No começo estranhei, mas na primeira vez que cruzei o elevado fiquei maravilhado com o visual lá de cima. Na minha opinião, a passarela foi pensada para um fim e servirá para outro. É um belo mirante para se contemplar essa grande artéria que cruza o coração do Recife.

De volta ao chão, dirigi-me a rua da Conceição, uma paralela da Conde da Boa Vista, conhecida por  reunir um número incontável de antiquários e leilões. É um lugar poético. Passei apenas alguns minutos, tempo bastante para comprar uma estante, minhas quinquilharias – devedês, cedês, livros, coleções de revistas e etc – crescem numa velocidade assustadora. Consumada a compra, segui em direção à praça Maciel Pinheiro. Passei em frente ao casarão onde morou Clarice Lispector, hoje reformado. Isso é o que encanta na cidade, cada trecho tem uma história particular.

O único ponto negativo nesses passeios, é observar locais que no passado representavam muito e hoje em dia não existem mais. Triste passar na José de Alencar e não ver mais a “Alegro Cantante”, lendária loja de discos e ponto de intelectuais. Fazem falta também: a Disco Sete, a Livro Sete, o Mausoleum, a Banca do Elvis, os cinemas do centro, sobretudo, o Art Palácio.  O Cine São Luiz ainda está na ativa, mas não o estão tratando com o devido respeito.

Sou assim, uso e abuso do melhor – as vezes, do pior – da minha cidade. Abaixo, os poetas falando do meu Recife:

 Restos de Carnaval - Clarice Lispector

“Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas. Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval era meu, meu”.

Frevo Nº 03 do Recife – Antônio Maria

“Sou do Recife com orgulho e com saudade
Sou do Recife com vontade de chorar
O rio passa levando barcaça pro alto do mar
Em mim não passa essa vontade de voltar
Recife mandou me chamar”.

Evocação do Recife – Manuel Bandeira

“Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritzstad dos armadores das Índias Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois
- Recife das revoluções libertárias”
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância”

Recife Cidade Lendária – Capiba

“Recife, cidade lendária
De pretas de engenho cheirando a banguê
Recife de velhos sobrados, compridos, escuros
Faz gosto se ver
Recife teus lindos jardins
Recebem a brisa que vem do alto mar
Recife teu céu tão bonito
Tem noites de lua pra gente cantar”

Tarde No Recife – Joaquim Cardoso

“Recife romântico dos crepúsculos das pontes.
Dos longos crepúsculos que assistiram à passagem
[dos fidalgos holandeses.
Que assistem agora ao mar, inerte das ruas tumultuosas,
Que assistirão mais tarde à passagem de aviões para as costas
[do Pacífico.
Recife romântico dos crepúsculos das pontes.
E da beleza católica do rio”.

RECIFE, OLINDA E AS MINHAS LEMBRANÇAS

Vi hoje a belíssima homenagem que a Globo Nordeste prestou às cidades irmãs, Recife e Olinda. Senti-me homenageado, um sinal de que o programa acertou em cheio. A ideia, creio, era essa: fazer com que olindenses e recifenses se identificassem com as imagens e os depoimentos dos artistas.

Minha relação com essas duas cidades é íntima. Nasci no Recife e fui adotado por Olinda. Em 1970, com apenas cinco anos de idade, minha família se mudou para Olinda. Morei entre os bairros de Salgadinho e Sítio Novo, nos domínios do mestre Naná Vasconcelos. Eram tempos remotos, não existia o complexo viário. Ali, existiam enormes crateras resultantes da retirada de areia para construção. Inundadas pelas chuvas de inverno, essas crateras viravam piscinas que faziam a festa da garotada do local. Eu, claro, adorava. Até a praia de Ponta Del Chifres, hoje sitiada, era bem frequentada. Um lugar lindo, separado da área urbana em ritmo voraz de crescimento por um braço de maré.

Hoje em dia moro no Recife, minha cidade natal, mas continuo transitando por Olinda, trabalho por lá. O que mais me encanta na relação entre essas duas cidades é o sentimento de irmandade. Não existe bairrismo, não existem comparações, as duas cidades são uma só. Do centro do Recife até Olinda são apenas seis quilômetros. Meu lado geógrafo alerta que a “conurbação” transformou as duas cidades num único complexo urbano. A imagem que ilustra esse breve post é uma visão do Recife a partir do Alto da Sé, coração do sítio histórico de Olinda. Entre as duas cidades, a bela (e sitiada, repito) praia de Ponta Del Chifres, a que me referi acima.

Do Recife, minhas melhores lembranças são do Bairro de São José. A família do meu pai tinha um fábrica de bolsas na rua de São José, ao lado do mercado famoso. Todo final de semana eu ia para a fábrica com meu pai e ficava brincado pelas ruelas do velho bairro. São lembranças líricas. Vários personagens dessa época ainda povoam o meu imaginário. Já dediquei aqui um post inteiro a um deles, Liêdo Maranhão, o "escriba do povo". Se fosse falar de todos, teria que escrever um livro. Recife e Olinda contribuiram igualmente para minha formação. Meus respeitos a essas duas belas cidades.

IMAGENS DO RECIFE NA DÉCADA DE 70

Relíquia jurássica. Imagens do Recife na década de 70. O achado arqueológico foi extraído de um super-8 familiar e mostra imagens da Praia de Boa Viagem – calçadão, Casa do Navio e rua dos Navegantes, Praia do Pina , Avenida Conselheiro Aguiar (próximo ao Bompreço) Avenida Agamenon Magalhães. Um registro que merece ser preservado e serve como documento vivo da evolução urbana da cidade. Interessante notar a inacreditável quantidade de Fuscas nas ruas (inclusive como viaturas policiais). O casarão de dois pavimentos localizado à direita (sentido Derby) do viaduto João de Barros foi preservado e existe até hoje, inclusive, com a mesma cor, branco. Realmente, uma bela lembrança. deleitem-se!
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