Pois
então, na abertura do carnaval de Pernambuco, como vem acontecendo
nos últimos anos, um batalhão de artistas nacionais aportou no
Marco Zero para celebrar o homenageado da festa. Esse ano cantaram
para Alceu Valença. Dentre os tantos nomes que por ali passaram,
estava a baiana Pitty, linda como sempre. A menina realizou um belo show e
fez o público – de carnaval – delirar. Baiana cantando rock no
carnaval do Recife, pode, axé, felizmente, não.
Esse
show me lembrou um episódio de um carnaval do longínquo ano de
1985. Para quem não lembra – ou não era nascido – nessa época
o rock brasileiro mandava nas rádios, estava numa efervescência
total. Eu estava com minha turma perambulando pelo centro do Recife,
um bloco ali, um caboclinho acolá, mas não estávamos muito a fim.
Quando passávamos em frente ao AIP – um lendário edifício no
coração do Recife – vimos um sonzinho rolando num fiteiro
localizado na entrada da rua do Fogo. Estava tocando Ultraje A Rigor.
Ficamos por ali ouvindo aquele disco do periscópio que rolou
todinho. Não lembro ao certo, mas tocou um monte de bandas nacionais
e o nosso carnaval foi todo em frente ao pequeno estabelecimento comercial.
Hoje
em dia, quem frequenta o carnaval do Recife não precisa recorrer a
guetos. Depois do advento do chamado “Carnaval Multicultural”,
tem rítmos para todos os gostos. Tem até uma rave na beira do rio.
Imagino que os puristas devem torcer o nariz diante de “tamanha
blasfêmia”, macular uma festa tradicional com rítimos que não
são nativos. Mas o fato é que o carnaval do Recife assimilou bem
essa mudança e as pessoas aceitam até uma baiana cantando rock na
abertura da festa no palco mais tradicional. Evoé, its only rock n
roll!