
Sempre fui fã do James Bond, aprendi com meu pai. Vi vários filmes do 007 nas inúmeras reprises, das madrugadas, na tevê. No cinema vi todos com o Roger Moore, o segundo melhor a encarnar o famoso agente britânico (dizem). Outro dia, de tanto ouvir meus alunos falarem, fui ver o “Quantum of Solace”, segundo filme do novo James Bond, Daniel Craig. O cara é tudo, menos James Bond. Várias cenas me lembraram o “Duro de Matar”. O charme do personagem se dilui completamente nas intermináveis cenas de ação. É preciso ter muito fôlego e paciência para acompanhar. Você percebe que o James Bond mudou para pior quando “M”, personagem da Judi Dench, suplica: “por favor, faça um esforço para não matar ninguém”. Mas ele sempre mata, mata friamente.
O que escrevo aqui, falei com alguns amigos que, de imediato, chamaram-me de velho. Alardearam que James Bond está adequado aos tempos atuais, à “linguagem do cinema atual”. Sou analfabeto nesse assunto, mas argumentei que seria estranhíssimo ver o Ben-Hur dilacerando cabeças e sorrindo depois de cravar uma espada no peito de um infeliz qualquer. O mítico personagem perderia o brilho.
“Quantum of Solace” é um espetáculo visual, não é cinema. Transformaram James Bond num matador de aluguel sem charme nem carisma. Não sou radical, assisto a todo tipo de filmes. Mesmo assim, vendo esse “novo” James Bond, senti-me como se estivesse vendo um filme com o Carlitos falando ou Super-Homem atirando em bandidos. Gostei não!