Quem transita aqui pela Jornália já deve ter percebido que eu sou um admirador do underground. O submundo, na melhor acepção da palavra, sempre rende histórias interessantes como a desse post que escrevo agora. Lá pelo final da década de 50 começaram a circular clandestinamente no Brasil, os chamados “catecismos”, uma espécie de livreto erótico no tamanho de ¼ de ofício e aproximadamente 30 páginas.
O nome, claro, uma alusão aos livretos utilizados nas igrejas, nas aulas de catecismo. 
O autor dessa versão erótica dos livrinhos, era o “Carlos Zéfiro”, pseudônimo do funcionário público “Alcides Aguiar Caminha”, um carioca nascido em 1921 e falecido (sem muitas glórias) em 1992. Os “catecismos” do Zéfiro circularam com grande sucesso durante toda a década de 60 e em algumas cidades, até o início da década de 70. Ele era um mito entre os adolescentes. Seus desenhos povoaram o imaginário erótico de muita gente que devorava suas historinhas escondida em banheiros, parques, na penumbra de um quarto.
Ele era underground. Muitos desconhecem, mas além do desenho, Carlos Zéfiro tinha outros dotes. Era músico e parceiro de nomes como
Guilherme de Brito e
Nelson Cavaquinho. Compôs vários sambas para a Mangueira (embora seu nome quase nunca apareça), entre eles dois grandes sucessos: “
Notícia” (gravado por Roberto Silva) e “
A Flor e o Espinho”. Carlos Zéfiro sempre foi combatido e ignorado pela imprensa brasileira. Em 1992, quando estava doente e esquecido, foi agraciado com o prêmio “
HQMIX” pela importância de sua obra. Em 1997, a cantora Marisa Monte homenageou Zéfiro estampando um de seus desenhos na capa do disco “
Barulhinho Bom”. A catequese profana de “Carlos Zéfiro”, enfim, ganhou lugar de destaque.
ACESSE O ACERVO DO INSTITUTO NACIONAL DE QUADRINHOS ERÓTICOS E MERGULHE NO UNIVERSO PROIBIDO DE CARLOS ZÉFIRO.