
Sempre foi assim, desde os tempos de escola. Sempre que procurava pessoas ou algum tipo de diversão, tinha que recorrer aos guetos. No Costa e Silva (escola onde estudei na década de 80) havia um grupo que se reunia na caixa d’água para falar de música: Beatles, A Cor do Som, Rock Brasil (que estava ressurgindo), festivais de músicas e etc. Por que não trocávamos idéias com os outros? Porque os outros pertenciam ao clube do “gosto do que todo mundo gosta”. É a turma que só ouve o que toca no rádio, que compra discos e escreve pensamentos e poemas na capa, que muda de gosto a cada estação. Sempre nadei contra essa corrente. No centro do Recife existiam alguns santuários que tinham imunidade contra essa chaga: Mausoleum, Disco 7 e Alegro Cantante. Três lojas de discos, lendárias, que já não existem mais. Eram também ponto de encontro dos amantes da boa música, aquela que não toca no rádio. Tinha também a Banca do Elvis, um point da contracultura. Lá se encontrava de tudo: revistas, discos, camisetas, cifras de violão, cartazes e fotos de shows. Um maravilhoso gueto. Outro dia, depois de horas navegando e vasculhando a net ,consegui encontrar uma música que eu ouvia em 1981 e que ninguém lembra mais: “Hey Mr. John”, do cantor Rossini (antes de virar cantor sertanejo). Uma reverência a John Lennon . Descobri no You Tube um vídeo póstumo com uma homenagem a esse artista que teve uma vida breve, 45 anos apenas. Essa canção me traz lembranças dos guetos que freqüentei e dá vida aos que freqüento agora: Livraria Cultura, alguns blogs que leio, meu Mp3, as séries de TV que vejo (e comento), o Alto da Sé, o Vitória, o Teatro do Parque...
*Esse post é dedicado ao cantor César Rossini. Segue abaixo o vídeo homenagem com a canção Hey Mr. John