Na última sexta-feira, pela
manhã, estava dando aula – como faço cotidianamente – numa turma de 6º ano.
De repente uma garota chega à janela e grita: “Sheldon está no portão!”
Absolutamente todos os alunos correram e eu fiquei sozinho na sala. Minha aula
foi para o espaço. Tenho uma filha adolescente e por isso sei que é esse tal de
“Sheldon”. Um jovem da periferia que ganhou o estrelato (local) denegrindo a
imagem das meninas. Mas elas gostam, sou testemunha ocular disso.
Fenômenos populares como esse se multiplicam com uma rapidez assustadora, é a parte – no meu subjetivo
julgamento, claro - ruim do poder indiscriminado da mídia atualmente. Qualquer
um pode trabalhar sua imagem e criar um personagem desses com alguns trocados,
é fato. A periferia ganhou voz mas desperdiça essa força produzindo fenômenos
efêmeros que banalizam a imagem das meninas tratando-as como objetos sexuais.
Eu poderia aqui lembrar do meu
tempo de adolescente, falar das reuniões que fazíamos na minha casa para
discutir música, mas, geralmente, esse tipo de discurso soa como papo de velho.
Pois bem, não preciso voltar no tempo para justificar meus argumentos.
Atualmente existe muita gente boa fazendo música de qualidade mas esse é um
produto que não interessa a mídia nem a boa parte dos jovens. As “novinhas”
gostam de ouvir e cantar versos que descrevem atos sexuais, usam palavras
chulas, acabam com a beleza do ato sexual.
Enquanto escrevo esse breve texto
estou ouvindo um cedê de Lennon que comprei em 1994 porque a música perene ultrapassa
os limites do tempo, pode ser tocada no Natal, na manifestação pacifista, no protesto contra a opressão que as mulheres sofrem na sociedade, pode ser tocada
em qualquer tempo em qualquer lugar. Cada um tem o ídolo que merece, os meus
são eternos!