
Essa
é uma passagem clássica da história do rádio mundial. Lembrei-me
desse fato porque ele inaugurou (no meu modo de ver) as chamadas
"Lendas Urbanas", vivíssimas até os dias de hoje. O
Recife teve a sua versão da "Guerra dos Mundos", aqui
intitulada: "Tapacurá Estourou". No dia 21 de julho de
1975, também pela manhã, às 10h, o boato de que a barragem de
Tapacurá, construída para evitar enchentes que constantemente
assolavam a cidade do Recife, havia se rompido, se espalhou pela
cidade como um rastilho de pólvora. Pânico geral: pessoas correndo
de um lado para o outro desesperadas, carros avançando os sinais,
muita gente desmaiando nas ruas.
A
notícia teria começado no bairro de Casa Amarela (Zona Norte do
Recife).Uma rádio tentou desmentir a história, mas acabou botando
lenha na fogueira. Ninguém parava para ouvir a notícia completa,
todos falavam: "tá dando no rádio, é verdade". Uma
declaração equivocada do então governador Moura Cavalcanti,
aumentou o desespero do povo: "agora
não é mais tragédia, agora é mortandade".O
pânico durou a manhã inteira, até que as autoridades, em cadeia de
rádio, conseguiram desmentir a história. Na enchente de 1975,
considerada a maior calamidade do século na cidade, muita gente ficou
desabrigada, houve mortes. As pessoas viviam com esse drama na mente.
Uma
lição eu guardei da quase tragédia de Tapacurá. Assustado com o
poder do boato, um político da época (cujo nome, infelizmente, não
me recordo) falou numa rádio: "comunicação é poder".
Venho tendo provas, desde então, da veracidade dessa frase. Depois
desse episódio surgiram muitas lendas urbanas: "Perna
Cabeluda", a "Mulher do Algodão", "O Pai do
Mangue", mas isso é história para o próximo post.
