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MINHAS LEMBRANÇAS DOS FESTIVAIS DE MÚSICA DA DÉCADA DE 80

Entre as lembranças remotas que tenho da tevê, os grandes festivais da Record estão presentes. Fui apresentado a esse maravilhoso mundo musical através das reprises que a tevê, em preto e branco, exibia na década de 70. Ficava maravilhado com as histórias de bastidores e com a incrível quantidade de talentos revelados naqueles festivais. Verdadeiramente, ali, a MPB foi sedimentada.

Em 1980, quando a Rede Globo começou a anunciar a realização de um grande festival de música, foi uma felicidade só. No meu grupo de amigos respirávamos música. No colégio, ficávamos horas e horas trocando ideias e falando sobre o assunto.  “O MPB 80” foi o primeiro que eu vi e vivi. Cheguei a inscrever uma música que não foi selecionada.

Esse festival foi maravilhoso. Teve a polêmica em torno da canção vencedora, “Agonia”, de Oswaldo Montenegro.  Muitos achavam a música chata e depressiva. Eu adorava mas torci muito pela vitória de Raimundo Sodré que defendeu “A Massa”. Ele acabou ficando em terceiro lugar. A vice-campeã foi Amelinha cantando “Foi Deus Quem Fez Você” de Luiz Ramalho. O festival revelou o grande intérprete Jessé com a clássica “Porto Solidão”, Sandra de Sá e seu “Demônio Colorido”, a suavidade de Fátima Guedes e as loucuras de Eduardo Dusek e seu “Nostradamus”.

Por falar em loucuras, não dá pra esquecer Baby & Pepeu cantando “O Mal é o QueSai da Boca do Homem”. Gerou uma polêmica porque a dupla foi acusada de fazer apologia às drogas. Dizia o refrão: “Você pode fumar baseado, baseado em que você pode fazer quase tudo”.  Lembre-se que 1980 ainda era ditadura, agonizando, mas era. Merecem destaque, ainda, Quinteto Violado com “Rio Capibaribe”, Joyce com “Clareana” e o Exportasamba com “Reunião de Bacanas” o samba que eternizou o refrão “Se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão” e uma canção que virou hit: “Rasta-pé” com a dupla baiana Jorge Alfredo & Chico Evangelista. Muito massa!

O MPB 80 fez tanto sucesso que a Rede Globo organizou mais duas edições: o MPB Shell 81 e 82. No MPB Shell 81, mais uma vez houve uma grande polêmica com o anúncio da canção vencedora, “Purpurina”. A canção escrita por Jerônimo Jardim, brilhantemente interpretada por Lucinha Lins, conseguiu a proeza de vencer a favoritíssima – torci muito – “Planeta Água”, de Guilherme Arantes.  Lucinha, merecidamente, ganhou também um prêmio de melhor intérprete.  Depois do anúncio da vitória, ela voltou ao palco para cantar novamente a canção e recebeu uma das maiores vaias da história dos festivais (confira aqui).  Chorou muito e foi, inclusive, apoiada por Guilherme Arantes, o preferido do público.

Como era costume na época, a Rede Globo lançou um LP reunindo as principais canções do festival. Purpurina entrou no álbum como faixa três e Planeta Água veio na faixa um, mostrando que a preferência do público, ao menos no disco, surtiu algum efeito. Desse festival, merecem destaque também: “Estrelas”, de Oswaldo Montenegro, brilhantemente interpretada por José Alexandre e “EstrelaReticente” eternizada no vozeirão do cantor Jessé.

Em 1982, o MPB Shell teve sua segunda edição e começou a perder o brilho. O nível das canções foi muito abaixo das edições anteriores, tanto que nem houve a costumeira polêmica em torno da canção vencedora, “Pelo Amor de Deus”, interpretada por Emílio Santiago. A vice-campeã foi “Fruto do Suor”, um canto latino-americano interpretado pelo grupo Raízes de América. Merece destaque a belíssima “Quero Mais” brilhantemente defendida pelo Quinteto Violado e que ficou em quarto lugar. Só!

O último grande festival realizado pela Rede Globo foi o “Festival dos Festivais”. Realizado em 1985 por ocasião das comemorações dos vinte anos da emissora, tinha uma proposta mais democrática do que os anteriores. Teve eliminatórias realizadas em várias cidades do Brasil, inclusive Recife.  Estive nessa eliminatória realizada no Geraldão lotado. Nesse dia, um grupo infantil chamado “Abelhudos”, brilhou interpretando a irônica “O Dono da Terra”.

O Festival dos Festivais foi diferente dos anteriores, nele, a canção preferida do público, “Escrito Nas Estrelas”, interpretada pela gasguita Tetê Espíndola, foi a campeã.  1985 era, ainda, um tempo de inocência.  A palavra “tesão” presente em um dos versos da canção fazia a plateia delirar.

Outros destaques desse festival:

* Mira Ira, a bela canção ecológica de Lula Barbosa, ficou em segundo lugar e teve uma interpretação marcante do grupo Tarancón.

* Verde”, a terceira colocada, lançou Leila Pinheiro que se firmou no cenário nacional como uma grande intérprete da MPB.

* A Última Voz do Brasil, eleita a melhor letra do festival, foi a última apresentação em festivais da lendária banda “Joelho de Porco” que tinha, entre os seus integrantes, o também lendário Zé Rodrix.

* “Condor”, canção de Oswaldo Montenegro, teve o apoio de um coral de vinte e cinco cantores negros. A Globo exibiu um making off mostrando os ensaios do grande coral que fez um enorme sucesso mas não ganhou nenhum prêmio.

* “Rastros e Riscos”, trouxe a cena o cantor Fernando Gama, ex-integrante do lendário grupo “Vímana” que reunia, entre outros, Ritchie, Lulu Santos e Lobão.  Nesse mesmo ano Fernando emplacaria o hit “Não Me Iluda” com a obscura banda de rock Cinema A Dois.

Esses quatro festivais foram muito importantes na minha formação contribuíram para minha inclinação musical. Ao longo da década de 80 falar de música tinha sempre algo a ver com os festivais. Inesquecível!

EU, AS RÁDIOS E A SAUDADE DOS FESTIVAIS

Ontem, a título de curiosidade (e já sabendo que não ouviria boa coisa), dei uma passeada nas principais rádios aqui de Recife para me inteirar das novidades. Abdiquei do hábito de ouvir rádio há muito tempo. O resultado da minha incursão pelo dial foi, claro, decepção total. Será que a boa música tem que ficar restrita às rádios alternativas? Você deve estar pensando: “ei, Ed, gosto é subjetivo!”. Sei disso, mas o que toca nas rádios hoje em dia é tão ruim que nem a tal da subjetividade me impede de descer a lenha.

Excluo das minhas críticas a Nova Brasil FM, a Tribuna, a Antena 1 e a Universitária. Todas rádios alternativas, não brigam por audiência. Minha tristeza me fez lembrar dos grandes festivais de musicas que o Brasil já teve. Entre 1965 e 1985, o Brasil teve vinte festivais. Foram eles:

TV Excelsior

Primeiro Festival de Música Brasileira - 1965

1º Lugar: Arrastão (Edu Lobo e Vinicius de Moraes) - Intérprete: Elis Regina

2º Lugar: Valsa do Amor Que Não Vem (Baden Powell e Vinicius de Moraes) - Intérprete: Elizete Cardoso

Festival de Nacional da Música Popular Brasileira - 1966

1º Lugar: Porta-Estandarte (Geraldo Vandré e Fernando Lona) - Intérpretes: Tuca e Airto Moreira

2º Lugar: Inaê (Vera Brasil e Maricene Costa) - Intérprete: Nilson

TV Record

Segundo Festival de Música Brasileira - 1966

1º Lugar: A Banda (Chico Buarque) - Intérpretes: Chico Buarque e Nara Leão

Disparada (Geraldo Vandré e Téo de Barros) - Intérpretes: Jair Rodrigues, Trio Maraiá e Trio Novo

2º Lugar: De Amor ou Paz (Luís Carlos Paraná e Adauto Santos) - Intérprete: Elza Soares

Terceiro Festival de Música Popular Brasileira - 1967

1º Lugar: Ponteio (Edu Lobo e Capinam) - Intérpretes: Edu Lobo, Marília Medalha e Quarteto Novo

2º Lugar: Domingo no Parque (Gilberto Gil) - Intérpretes: Gilberto Gil e Os Mutantes

3º Lugar: Roda Viva (Chico Buarque) - Intérpretes: Chico Buarque e MPB-4

4º Lugar: Alegria, Alegria (Caetano Veloso) - Intérpretes: Caetano Veloso e Beat Boys

5° Lugar: Maria, Carnaval e Cinzas (Luiz Carlos Paraná) - Intérpretes: Roberto Carlos.

Primeira Bienal do Samba – 1968

1° Lugar: Lapinha (Baden Powell e Paulo César Pinheiro) - intérprete: Elis Regina e Os Originais do Samba

2° Lugar: Bom Tempo (Chico Buarque).

Quarto Festival da Música Popular Brasileira – 1968

1º Lugar (Júri Especial) e 5º lugar (Júri Popular): São Paulo Meu Amor (Tom Zé) - Intérprete: Tom Zé

1º Lugar (Júri Popular): Benvinda (Chico Buarque) - Intérprete: Chico Buarque

2º Lugar (Júri Especial) e 2º Lugar (Júri Popular): Memórias de Marta Saré (Edu Lobo e Gianfrancesco Guarnieri) - Intérpretes: Edu Lobo e Marília Medalha

3º Lugar (Júri Especial): Divino Maravilhoso (Caetano Veloso e Gilberto Gil) - Intérprete: Gal Costa.

Quinto Festival da Música Popular Brasileira – 1969

1º Lugar: Sinal Fechado (Paulinho da Viola) - Intérprete: Paulinho da Viola

2º Lugar: Clarisse (Eneida e João Magalhães) - Intérprete: Agnaldo Rayol.

Basta uma conferida na lista de vencedores para perceber que a nata da música popular brasileira floresceu nesses festivais. Mas a história não para por aí. A TV Rio e a então novata Rede Globo realizaram (entre 1966 e 1972) sete edições do Festival Internacional da Canção, que revelaram, entre outros: Dori, Danilo e Nana Caymmi, Nelson Motta, Milton Nascimento, Beth Carvalho, Toni Tornado, Ivan Lins, Taiguara, Antônio Carlos e Jocafi, Maria Alcina, Sérgio Sampaio, Walter Franco e o genial Baden Powell.

A partir de 1975, a Rede Globo tomou a frente dos grandes festivais. Realizou nesse ano o “Festival Abertura, que revelou: Alceu Valença, Carlinhos Vergueiro, Djavan, Luiz Melodia. Em 1979, já em processo de falência, a TV Tupi realizou o “Festival de MPB”, que revelou: Fagner, Oswaldo Montenegro e A Cor do Som.

Na década de 80 (século XX) a Rede Globo conseguiu resgatar parte do entusiasmo dos festivais da Record. Realizou quatro grandes festivais. Foram eles:

MPB Shell 80

1º Lugar: Agonia (Mongol) - Intérprete: Oswaldo Montenegro

2º Lugar: Foi Deus que Fez Você (Luiz Ramalho) - Intérprete: Amelinha

*Melhor Intérprete: Porto Solidão (Zeca Bahia e Ginko) - Intérprete: Jessé

MPB Shell 81

1º Lugar: Purpurina (Jerônimo Jardim) - Intérprete: Lucinha Lins

2º Lugar: Planeta Água (Guilherme Arantes) - Intérprete: Guilherme Arantes

MPB Shell 82

1º Lugar: Pelo Amor de Deus (Paulo Debétio e Paulinho Rezende) - Intérprete: Emílio Santiago

2º Lugar: Fruto do suor, (Tony Osanah e Enrique Bergen) - Intérprete: Raices de America

Festival dos Festivais – 1985

1º Lugar: Escrito nas Estrelas (Arnaldo Black e Carlos Rennó) - Intérprete: Tetê Espíndola

2º Lugar: Mira Ira (Lula Barbosa - Vanderley de Castro) - Intérprete: Miriam Mirah

3º Lugar: Verde (Eduardo Gudin e José Carlos Costa Netto) - Intérprete: Leila Pinheiro

Esse festival, diferentemente dos anteriores, teve eliminatórias em várias cidades do Brasil. Eu estive na edição do Recife, realizada no ginásio Geraldão absolutamente lotado. Inesquecível!

No ano 2000, a Rede Globo realizou o Festival da Música Brasileira, mas não conseguiu reeditar o brilho dos festivais passados. Sinais dos tempos. Os amantes da boa música, cansados de Calypsos e correlatos, lamentam!

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