Vi,
nos últimos dias, várias matérias abordando o que a mídia, quase em uníssono,
chamou de “descaso absurdo”. Em várias escolas de Pernambuco crianças
assistindo as aulas sentadas no chão, improvisando cadeira como carteira e
dividindo carteira com o colega. Essa realidade é, verdadeiramente, um absurdo. A avalanche de matérias sobre o assunto, como
de costume, culpou apenas o poder público. Errado!
Sou
professor de escola pública há muito tempo, no meu cotidiano vejo que a origem
do absurdo propagado na mídia está no
vandalismo dos próprios alunos. As
bancas – como são chamadas as carteiras aqui em Pernambuco – começam a ser
quebradas no dia em que chegam. De uma forma
incompreensível, os móveis são destruídos sem nenhum sentimento de culpa.
Não
vi nenhum pai de aluno na tevê reclamando do comportamento do filho ou do
colega do filho por ter danificado uma banca. Mas, no fundo, todos sabem quem
tem mais culpa nesse problema. O poder
público peca por omissão. A legislação é paternalista, protege quem comete
esses delitos. Nas escolas militares, onde existe rigidez e punição para atos
de vandalismo, a realidade é outra.
Transferência de
responsabilidade
O
pai falha na educação do filho e diz que a culpa é da tevê. Aliás, a culpa era da tevê, agora é da
internet. A falta de estrutura familiar,
na verdade, é que produz alunos quebradores de bancas, que desrespeitam os
professores, que matam para roubar tênis, que se perdem nas drogas, que não
respeitam as diferenças. Enquanto a
cultura da transferência de responsabilidades continuar, nada mudará.