
Outro dia, a caminho do trabalho, encontrei um amigo de infância. Há muito não nos falávamos. Estávamos num ônibus que tinha como destino a cidade de Olinda (esse é o meu trajeto diário). Eu como passageiro, ele como cobrador (ou trocador, dependendo do seu estado). Depois de uma meia hora de conversa, desci do coletivo entristecido e aliviado. A tristeza veio porque a maior parte das notícias dos amigos do passado tinha um drama atrelado. “Lembra de fulano, se meteu com coisa errada e foi morto. E sicrano, está com dificuldades, cheio de filhos e desempregado”. O alívio foi pela constatação de que sou um dos sobreviventes. À noite, quando cheguei em casa fui rebuscar o passado para tentar descobrir por que o meu destino foi diferente. Crescemos no mesmo bairro, jogamos futebol no mesmo campo (as salinas de um manguezal), freqüentamos a mesma escola.
O primeiro sinal que identifiquei no desvio do meu caminho foi um fato ocorrido no dia 08 de dezembro de 1980. Essa data é feriado aqui no Recife. Nesse dia John Lennon foi morto