CAPITÃO ZUZINHA E A GÊNESE DO FREVO PERNAMBUCANO
TOP 10 FREVOS DE BLOCO
2 - EVOCAÇÃO Nº1 (NELSON FERREIRA)
3- MADEIRA QUE CUPIM NÃO RÓI (CAPIBA)
4 - HINO DE BATUTAS DE SÃO JOSÉ (JOÃO SANTIAGO)
5 - ÚLTIMO REGRESSO (GETÚLIO CAVALCANTE)
6 - FREVO DA SAUDADE (NELSON FERREIRA - ADEMAR PAIVA)
7 - A DOR DE UMA SAUDADE (EDGAR MORAES)
8 - AURORA DE AMOR (ROMERO AMORIM - MAURÍCIO CAVALCANTI)
9 - O BOM SEBASTIÃO (GETÚLIO CAVALCANTI)
10 - TERCEIRO DIA (JOSÉ MENEZES - GERALDO COSTA)
FELINHO E A REINVENÇÃO DE VASSOURINHAS
RADIOLA VOL. O4: CAPIBA – 25 ANOS DE FREVO (CLAUDIONOR GERMANO)

Escrevi num post passado sobre o novo frevo pernambucano capitaneado pelo maestro Spok. Hoje lembrei-me do grande disco do mestre Claudionor Germano gravado em homenagem ao outro grande mestre, Capiba. Na verdade, essa dobradinha é a marca registrada de uma das melhores coisas que o carnaval de Pernambuco pôde produzir. Ouvir Claudionor Germano cantando Capiba é como mergulhar no universo mágico da história do carnaval da terra do frevo.
Não vou perder tempo aqui reproduzindo a biografia do Capiba, esse detalhe pode ser facilmente encontrado na rede. Quero apenas lembrar que o começo de sua carreira artística foi cercada de um lirismo incomum. Ele era pianista de cinema, tocava enquanto os filmes mudos eram exibidos. Certamente, essa inusitada experiência contribuiu muito para a formação de grande artista.
O maior intérprete de Capiba (e do frevo pernambucano, de maneira geral) é Claudionor Germano. Na ativa até hoje, Claudionor mantém viva a chama do frevo de raiz. No disco “Capiba – 25 Anos de Frevo”, sua parceria com Capiba teve o seu melhor momento. São apenas cinco faixas, mas cada uma delas é uma espécie de pot-pourri com vários temas de frevos que marcaram época. Esse estilo de gravação era comum nos antigos discos de frevo gravados no selo Mocambo da lendária Fábrica de Discos Rozemblit.
Claudionor Germano e Capiba viraram uma marca registrada do frevo cantado em Pernambuco e em todo o Brasil. Reverencio essa dupla de mestres!
Capiba - 25 Anos de Frevo - 1959
1 | É de amargar |
(Capiba) • Tenho uma coisa para lhe dizer -
• Manda embora essa tristeza -
• Quem vai pra Farol é o bonde de Olinda | |
2 | Júlia |
(Capiba) • Casinha pequenina -
• Gosto de te ver cantando -
• Linda flor da madrugada | |
3 | Quem me dera |
(Capiba) • Teus olhos -
• Não sei o que fazer -
• Quem bom vai ser | |
4 | Quando é noite de lua |
(Capiba) • E... nada mais -
• Morena cor de canela -
• Os melhores dias de minha vida | |
5 | Quando se vai um amor |
(Capiba) • Você faz que não sabe -
• Deixa o homem se virar -
• A pisada é essa -
• Vamos pra casa de Noca -
• Ai! Se eu tivesse -
• Que é que vou dizer em casa -
• Nos cabelos de Rosinha -
• Modelos de verão |
EU, O VIOLÃO, O MAESTRO NUNES E UMA BRISA ETÍLICA

Meu primeiro dia de aula virou fábula entre os amigos. Já contei essa história um milhão de vezes. Cheguei um pouco atrasado e na pequena sala decorada com notas e claves, já estava uma meia-dúzia de alunos. Estranhamente, ninguém sentado em frente ao birô do velho mestre. Todos bem localizados em lugares afastados. Achei que era medo da aula e resolvi sentar na primeira fila. Ouvi alguns risinhos disfarçados mas permaneci impávido, prostrado diante do birô à espera do mestre.
Alguns minutos depois, entra o velho maestro com a aparência debilitada e mãos trêmulas. Depois de uma breve apresentação ele nos convidou à primeira aula de solfejo: “Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si, Dó – Dó, Si, Lá, Sol, Fá, Mi, Ré, Dó”. O breve cantarolar dessas notas jogou no meu rosto uma brisa etílica que me deixou enebriado, quase bêbado. Sentei-me duas fileiras atrás e contemplei, debaixo dos disfarçados risos dos outros alunos, o restante da aula.
Minha passagem pela escola da Banda de Frevos do Nordeste foi breve, mas percebi o quanto o dom é importante. Enquanto eu, literalmente, brigava com meu violão para aprender os primeiros acordes, via o jovem Carlos, ex-menino de rua, que depois de alguns meses em contato com o instrumento, passou a dar aulas (e shows) na escola. Que ódio! Brigo com o violão ( e com a guitarra) até hoje, menos do que devia, é certo. Ficamos um pouco mais íntimos, mas o tal do dom, esse me ignorou desde o nascimento.
Abaixo, um vídeo raro em que o velho mestre rege uma orquestra que interpreta o grande frevo "Cabelo de Fogo".
SPOK FREVO ORQUESTRA, FREVO COM SOTAQUE DE JAZZ

“Nós fazemos frevo para se ouvir e tocar em teatros”, é o que sempre fala o maestro Spok, da Spok Frevo Orquestra. O que é que o frevo dele tem de diferente? Ele revisita clássicos do frevo pernambucano usando uma linguagem jazzística que moderniza o ritmo, sem que a identidade seja perdida.
A orquestra surgiu em 1996 nos ensaios do bloco “Na Pancada do Ganzá”, do mestre Antônio de Nóbrega. Na Spok Frevo Orquestra, os músicos não são presos a partitura, como ocorre nas orquestras tradicionais. Sobre o assunto, o próprio maestro explica: “Uma coisa que sempre notei no frevo foi que o músico nunca teve oportunidade de se expressar, limitava-se a tocar o que o compositor escrevia na partitura, declarou Spok ao jornalista José Teles. O frevo é uma música única e diferente de todas, animada e com uma magia especial: a de passar felicidade”.
Nesse final de semana, um dos mais tradicionais palcos da Europa, o Barbican Hall, teve a honra receber a Spok Frevo Orquestra. Hoje os telejornais aqui do Recife mostraram a platéia em êxtase total saboreando o novo frevo pernambucano. Sim, novo, o ritmo foi reinventado e suas raízes foram devidamente conservadas. Confira no vídeo abaixo o que esse breve post tenta descrever. De quebra,belíssimas imagens do meu Recife: