
A cidadania é um direito pouquíssimo reivindicado pelo povo brasileiro por pura falta de informação (e formação). Não só os direitos são desconhecidos, o mesmo ocorre com os deveres. Basta uma volta pela cidade para ver exemplos gritantes da falta de educação das pessoas. Jogar lixo pela janela do carro ou do ônibus, estacionar em local proibido, etc. etc. A historinha que narro a seguir é fictícia. Criei para usar em minhas aulas de cidadania (os tais temas transversais).
Certo dia, um político chamado Pedro Vaz discursava em uma favela em cima de um caminhão. No meio da sua explanação ele falou:
-O povo gosta de ser tratado como animal!!!!
Sem entender nada, os seus assessores o chamaram de lado e falaram:
-Seu Pedro, o senhor tá doido? Nós vamos ser linchados aqui.
Em volta do palanque improvisado, as pessoas começaram a se exaltar e a gritar palavras de ordem:
-Tira essa cara daí!!
-Animal é você, seu @#&¨%$#@*&*%$#
Foi então que o Pedro Vaz resolveu se explicar:
-Pessoal, calma!!. Deixe-me pelo menos explicar! Quando falo que o povo gosta de ser tratado como animal, também estou me incluindo nesse grupo. Prestem atenção ao seguinte exemplo: Estão vendo aquela parada de ônibus ali? – Todos desviaram o olhar para a avenida e alguns perguntaram:
-Estamos vendo sim, e daí?
-Naquela parada de ônibus ninguém faz fila. As pessoas vão se amontoando. Quando o ônibus chega é um “Deus nos acuda”! Entretanto, nos terminais integrados existe fila. A diferença é que lá o poder público colocou nas paradas, guias de boi. Isso mesmo, aquele corredor de ferro é usado nas fazendas e nos matadouros. Serve para guiar irracionais. Não se justifica que seres humanos que sabem que precisam organizar uma simples fila tenham que ser tratados dessa forma. Mas se não for desse jeito, vira bagunça. O povo gosta, sim ,de ser tratado como animal! Nos bancos, supermercados, é a mesma coisa. A única diferença é que lá, a guia de boi é mais chique. Tem um ferrinho cromado, uma fitinha azul, mas o princípio é o mesmo!
Com essa explicação, Pedro Vaz conseguiu terminar o seu discurso e sair são e salvo do local.
“Êeeeeh! Oh! Oh! Vida de gado Povo marcado Êh! Povo feliz!”