A vontade
de conferir o quarto disco de Lula Queiroga – Todo Dia é O Fim do
Mundo”- veio depois que ouvi, por acaso, o inusitado dueto entre ele
e Luiza Possi na belíssima canção “Um do Outro”. Pensei,
inclusive, que fosse o Lenine. Corri pra conferir o disco inteiro. De
longe, posso adiantar, é o melhor trabalho dele.
“Se Não for Amor Eu Cegue (Love)”, a canção de abertura, traz no título
uma expressão tipicamente pernambucana. A música tem uma construção
sonora bem parecida com o Gotye. Vocal suave e melodia marcada. A voz
do Lula – ele próprio, reconhece – está muito parecida com a do
Lenine. Essa, inclusive, é uma marca do disco. Na faixa seguinte,
“Os Culpados”, ele ousa no vocal e experimenta sons e efeitos. É
o tipo da música que você não consegue definir o estilo. Ora soa
como rock, em outro momento transita pelo jazz, uma verdadeira
miscelânea sonora. Bom demais!
A
terceira faixa, “Voo Cego”, é o que eu chamaria de rock
nordestino. Lula canta e declama situações de catástrofes usadas
como metáforas para descrever situações do cotidiano. O mesmo
artificio usado na faixa que dá título ao disco, “Todo Dia É oFim do Mundo”. Nessa canção, ele parece incorporar Raul Seixas.
Impressionante a semelhança do estilo e da voz. Em “Unha e Carne”,
a quinta faixa, Lula foge um pouco da temática do disco e se arrisca
no samba. A música brinca com o fenômeno midiático das redes
sociais narrando situações em que as vidas de diversas pessoas se
cruzam na rede.
Na faixa
“Dias Assim”, Lula brinca com pitadas de eletrônico, samplers. Em
“Dos Anjos” ele volta ao rock. É uma das melhores faixas, soa
como o progressivo da década de 70. Em “Lua de Mel”, o disco dá
uma relaxada, uma espécie de preparação para mais um rock, “Fome
Sonora”, também com cara de anos setenta. Completam o disco: “Umdo Outro”, o dueto com Luiza Possi a que me referi no início do
post. Segundo Lula, a cantora viu a música e disse que queria
cantá-la. “Atlantis”, mais um dueto, dessa vez com a
pernambucana Izaar. As guitarras também estão presentes nessa
faixa. “Poeira de Estrelas”, uma canção intimista a base de
violão, piano e acordeon, encerra o disco.
Outro
detalhe a se destacar é foto do álbum ter sido mixado no lendário
estúdio “Abbey Road”. É um grande disco desse recifense, de 51
anos, que acentua sua maturidade como artista. Recomendo.