Há
algumas semanas, durante uma aula de gestão, um colega soltou uma
frase de um teórico da educação que sentenciava: “A educação é
prostituta, aceita tudo”. A frase contundente, claro, causou uma
intensa discussão. Posicionei-me a favor da colocação porque
observo no meu cotidiano exemplos claros disso. Ontem, em uma das
escolas em que trabalho, circulou uma lista – não sei se legal ou
não, ainda estou me informando sobre – para assinarmos “concordo”
ou “discordo” no que se refere à absurda proposta da instalação
de câmeras de monitoramento dentro das salas de aula.
Que
eu saiba, só nas instituições que lidam com valores as pessoas –
por razões óbvias – têm que trabalhar monitoradas por câmeras.
Nenhum outro profissional trabalha com sua privacidade exposta para
terceiros. O mais incrível foi perceber que a maioria dos
professores aceitou passivamente essa invasão. Percebi contradições
no posicionamento de alguns colegas. Dias antes, na sala dos
professores, falávamos sobre como o Google Maps monitora as ruas - que é um ambiente público - e
serve como um eficaz instrumento de localização. Uma colega disse
que achava um absurdo “não termos mais privacidade, câmeras em
todo canto”. Câmeras na rua é um absurdo, câmeras na sala de
aula é normal. Contraditório!
O
argumento para a instalação dos equipamentos é a conservação do
patrimônio e a inibição da violência. Será que os médicos
aceitariam ser monitorados durante a realização de uma consulta? E
o paciente? Por analogia volto à sala de aula: não é só a
privacidade do professor que está sendo invadida, tem também a
questão dos alunos, eles também terão sua privacidade exposta. A
questão merece uma reflexão séria e não pode ser resolvida apenas
com uma lista de “sim” ou “não”. Deixo aqui registrado o meu
protesto por mais esse absurdo cometido na educação em Pernambuco.