Outro
dia assistindo a um episódio da sexta temporada de Supernatural me
deparei com um questionamento proposto pelo roteirista: ceifar vidas
é um duro oficio até mesmo para a morte. Explico: Dean, um dos
personagens principais do seriado, recebeu da Morte a seguinte
incumbência:”Serás um ceifador por um dia, adianto que, antes que
o dia termine, desistirás dessa missão”. Ele aceitou o desafio e
foi à luta. Acompanhado de uma belíssima ajudante ele deparou-se
com uma cena de assalto em que o bandido perderia a vida. Com um leve
toque no corpo do rapaz, Dean ceifou-lhe a vida. Fácil e prazeroso,
pensou inicialmente. A segunda morte, porém, baratinou a cabeça do
rapaz. Tratava-se de uma criança com câncer, uma linda menina de 13
anos, que teria sua breve existência encerrada.
Dean
não cumpriu sua missão, não teve coragem de levar à morte a
criança e desencadeou uma série de acontecimentos ligados a essa
sua recusa. Até mesmo na ficção, pensar em crianças morrendo,
pareceu-lhe inaceitável. Foi exatamente assim que me senti quando vi
as imagens do massacre de Realengo. Criança morrendo é inaceitável,
criança morrendo daquela forma é algo inimaginável na vida real.
Investigar os motivos dessa barbárie, do alto da minha leiguice,
parece irrelevante. Como prever a insanidade ou um acesso repentino
de fúria?
Dizem
que cada sociedade tem suas neuras. Pela segunda vez no Brasil, um
ceifador maluco com discurso póstumo misturando religião e
psicose, promoveu uma chacina e nos aproximou da tenebrosa prática
tão comum nos Estados Unidos. Já tem gente alertando que se
levantarem o número de mortes ocorridas dentro de escolas pelo
Brasil afora, um genocídio virá à tona. Seja como for, saber de
crianças morrendo me provoca uma tristeza profunda.