UM NOITE NO MUSEU 3: O SEGREDO DA TUMBA - TRAILER LEGENDADO E EM HD
O filme estreia no Brasil no dia 01 de janeiro de 2015,
NA TERRA DE AMOR E ÓDIO - LEMBRANÇAS DE UM PASSADO RECENTE
DIVULGADO O TRAILER OFICIAL DE "SOMOS TÃO JOVENS", FILME QUE NARRA O INÍCIO DA CARREIRA DE RENATO RUSSO
Para acessar o site oficial do filme e conferir mais detalhes da produção, clique aqui
MEU PRIMEIRO FILME E MEU PRIMEIRO ÔNIBUS
No grupo, apenas eu nunca havia ido ao cinema. Meus pais não tinham o hábito de nos levar para esse tipo de programa. Teria que convencer Dona Ivone – minha mãe – a me deixar ir sozinho com meus amigos. Tinha apenas doze anos, mas um detalhe estava a meu favor: o cine Eldorado, local onde o filme estava sendo exibido, ficava num bairro próximo. Dava até para ir caminhando. Bastou um breve papo e, surpreendentemente, minha mãe concordou. Meu pai me deu dinheiro e lá fui eu descobrir a magia da telona.
Ao chegar no ponto de encontro com a galera, uma triste surpresa. A mãe de um dos meus amigos informou que o grupo já havia saído, decidiram ir mais cedo porque iam caminhando. Perguntei a ela: “Qual o ônibus que eu pego para chegar ao cinema?” Ela, surpresa, indagou: “Você vai sozinho?” Disse que sim e ela me falou que pegasse qualquer ônibus na direção de Afogados, o bairro onde o cinema estava localizado. Respirei fundo e fui!
A história narrada parece grande cosia, mas, na verdade, ir de ônibus do bairro da Mangueira – onde eu morava – até Afogados era percorrer uma linha reta de aproximadamente uns quatro quilômetros. Eu tinha apenas doze anos, mas por ter estatura elevada, aparentava ter uns dezesseis. Foi a primeira vez que andei sozinho de ônibus. O mais interessante é que cheguei primeiro que a turma. Quando eles chegaram, eu estava no meio da quilométrica fila e acabei comprando as entradas de todos. Estava tão feliz com o passeio que nem reclamei por terem me esquecido.
O filme daquela tarde mora até hoje no meu imaginário: “O Trapalhão Nas Minas do Rei Salomão”. Nessa época, Zacarias ainda não participava, os Trapalhões do cinema eram um trio. Lembro-me que fiquei fascinado com o tamanho da tela. Achei o som (acho até hoje) muito alto. Depois desse dia tornei-me cinéfilo, quase todo final de semana estava no cinema.
Hoje comprei o devedê desse filme, está num local de honra da minha estante. É o único dos Trapalhões que ainda vejo. Também não assisto mais aos programas da tevê. Não sei se porque estou ficando velho ou porque Didi – um dos meus heróis de infância – perdeu o brilho. Abaixo, a famosa cena da ressurreição do cãozinho Lupa:
108 ANOS DO PRIMEIRO FILME DE COWBOY E A LEI DO POLITICAMENTE CORRETO
Essa rudimentar produção, de apenas doze minutos, acabou estabelecendo vários paradigmas usados até hoje tais como tiros que forçam um indivíduo a dançar de medo, perseguições a cavalo, seguidas cenas de tiroteios, cenas de brigas em cima de um trem em movimento. Outro ponto de destaque é a incrível qualidade das cenas externas. As tomadas feitas de vários ângulos diferentes, muito avançado para a época, além de imortalizar a famosa cena final: um tiro na direção do expectador (foto acima).
Mas, o que mudou nos filmes de cowboy depois de mais de um século? Hoje em dia o gênero está praticamente extinto, tudo “culpa” do “politicamente correto”. Pois é, antigamente, num passado bem recente, nos divertíamos vendo homens brancos matando índios e um estereótipo foi criado: o índio era sempre visto como o bandido. Numa total inversão de valores, achávamos normal ver os nativos serem dizimados pelo colonizador “bonzinho”. Na verdade, o homem branco era o invasor. Ele tomou as terras dos índios, dizimou várias nações e se autoproclamou herói.
Não interessa a indústria do cinema inverter esse paradigma, já que o público dos cinemas não é composto por índios. O último grande western, “Dança Com Lobos”, mostrou uma visão diferente – e mais próxima da realidade – da relação entre o colonizador e o índio. Desde então, pouco se produziu sobre o gênero que ressurge, vez ou outra, em remakes. Confira abaixo, na íntegra, o clássico “The Great Train Robbery”:
DESCONHECIDO (UNKNOWN), ÓTIMO THRILLER
O RETRATO DE DORIAN GRAY - BREVE COMENTÁRIO
RIO, APESAR DOS DESLIZES, UM BOM FILME.
LUIZ SEVERIANO RIBEIRO E O IMPÉRIO DOS CINEMAS NO BRASIL
"O HOMEM DO FUTURO" E O REMAKE DE MAIS UM CLÁSSICO DA LEGIÃO URBANA
CAÇA AS BRUXAS (Season Of The Witch) - NADA DE NOVO
Ficha Técnica
País: EUA
Título original: Season Of The Witch
Duração: 99 minutos
Gênero: Aventura
Direção: Domenic Sena
Estreia: 07 de janeiro de 2011 (EUA) – 21 de janeiro 2011 (Brasil)
NOSSO LAR – MUITO ALARDE PARA TÃO POUCO

Conferi, hoje, o tão badalado filme baseado na obra homônima de Chico Xavier, “Nosso Lar”. Que decepção! Senti-me traído pelas inúmeras pessoas que assistiram ao filme e me falaram que valia a pena. Não li o livro, portanto não posso traçar um paralelo entre as duas obras. Mesmo assim, saí do cinema com a certeza de que o filme é apenas mais um produto vazio sobre o espiritismo.
A ficha técnica traz o nome do diretor Wagner de Assis, que tem no currículo quatro filmes estrelados por Xuxa. Se tivesse acesso a essa informação antes, certamente não perderia meu tempo assistindo ao filme. Absolutamente nada é atraente nessa obra. Até mesmo a recriação do purgatório, chamado de “umbral” no filme, soa como um déjà vu. Quem assistiu ao remake de “A Viagem”, feito pela Rede Globo em 1994, lembrou-se das cenas do purgatório. O filme, nessas sequências, parecia uma releitura da novela.
Outro ponto negativo foi o aspecto futurista que tentaram (e não conseguiram) imprimir à fotografia do filme. Fake demais! Aqueles feixes de luz , viajando no espaço, definitivamente não casaram com a temática do roteiro. Alheio a tudo isso, o filme segue quebrando recordes. Em uma semana de exibição, segundo a “Fox Film”, ultrapassou a marca de um milhão de espectadores gerando uma bilheteria de quase seis milhões de reais. Chico Xavier, ao que parece, está na moda.
Ficha Técnica
Direção: Wagner Assistindo
Produção: Lafa Britz
Gênero: Drama
Lançamento: 03 de setembro de 2010
Elenco:
Renato Prieto .... André Luiz
Fernando Alves Pinto ... Lísias
Rosanne Mulholland ... Eloísa
Inês Vianna ... Narcisa
Rodrigo dos Santos ... Tobias
Werner Schünemann ... Emmanuel
Clemente Viscaíno ... Ministro Clarêncio
Ana Rosa ... Laura, mãe de Lísias
Othon Bastos ... Anacleto, Governador de Nosso Lar
Paulo Goulart ... Ministro Genésio
Helena Varvaki ... Zélia
Aracy Cardoso ... Dona Amélia, paciente de André Luiz
A ESTRADA (THE ROAD) – O FIM DO MUNDO SOB A ÓTICA DA MELANCOLIA

O diretor John Hilcoat construiu uma história em que os nomes dos personagens não são citados. Um homem, uma mulher e seu filho sofrendo a angustia de tentar viver num mundo onde o simples ato de comer tornou-se uma incerteza. Numa análise simples, percebe-se que o ser humano foi reduzido à sua condição primária de animal que vive uma luta diária pela sobrevivência.
Mesmo tendo passagens parecidíssimas com outros filmes do gênero, “A Estrada” prende-se à profunda melancolia das teorias apocalípticas. Viggo Mortesen (O Senhor dos Anéis), que interpreta o pai, é o grande destaque. Um personagem denso mergulhado no drama de lutar pela simples existência ou sucumbir ao suicídio como remédio final.
O desfecho da história, entretanto, revela uma sutil mensagem de esperança que tenta resgatar um dos pilares da estrutura social da humanidade: a família. Aos fortes de coração, uma boa dica.
Ficha Técnica
Direção: John Hillcoat
Roteiros: Cormac McCarthy e Joe Penhall
Gênero: Drama
Lançamento: 23 de Abril de 2010 (Brasil)
Duração: 112 min
Distribuição: Paris Filme
Elenco: Viggo Mortensen (O pai), Kodi Smit-McPhee (O filho), Robert Duvall (O homem velho), Guy Pearce (O veterano) e Charlize Theron (A mãe).
O LIVRO DE ELI – MAIS DO MESMO

E as referências anteriores não param por aí. Quando Eli chega à cidade dominada por Carnegie (Gary Oldman) (que vive alucinado à procura do livro) o filme lembra outra produção do gênero apocalíptico: “Waterworld”, estrelado por Kevin Costner. A forma como se referem à água em “O Livro de Eli” é a mesma como se referiam à Terra em “Waterworld”. A super valorização de gêneros de primeira necessidade e um lugar mítico imaginado como ideal pra se viver num planeta devastado.
Comparações à parte, o argumento do filme é muito fraco. Tentaram dar um tratamento religioso ao eixo da trama com a referência à Bíblia, tratada, genericamente, como “o livro”. Claro que a saga de Eli tem interpretação livre, é bastante subjetiva. Ele protegeu o livro achando que todos os outros exemplares do planeta – algo inimaginável até na ficção – haviam sido queimados. É uma mensagem de fé, carregada de lirismo. Ele não preservou apenas o livro, mas também a sua fé. O filme tem algumas mensagens subliminares. O legado cultural da humanidade, na história, está protegido na antiga e lendária prisão de Alcatraz. O local construído para punir tornou-se um centro de esperança. Outras: o filme dá uma alfinetada em Dan Brown quando Carnegie manda queimar alguns livros, entre eles “O Código Da Vinci”. Aplaudi! Carnegie queria usar a Bíblia para conseguir mais poder, algo comum nos nossos dias. O veredito final é que o filme ficou devendo.
Ficha Técnica
Título original: The Boock Of Eli
Título no Brasil: O Livro de Eli
Direção: Albert Hughes e Allen Hughes
Roteiro: Gary Whitta
Fotografia: Don Burgess
Duração: 118 min
Lançamento: 18 de Março
Elenco: Denzel Washington, Mila Kunis, Michael Gambon, Jennifer Beals, Gary Oldman, Evan Jones, Ray Stevenson.
DEMÔNIOS DE SÃO PETERSBURGO – A VIDA DE DOSTOIÉVSKI

A conturbada vida do escritor Fiódor Mikhailovich Dostoiévski é contada tendo como base o movimento revolucionário russo que derrubou o império burguês. A ideologia que insuflou os intelectuais revolucionários tinha como ponto fundamental as ideias propagadas por Dostoiévski nos seus livros. Lidar com a ideia de que pessoas estavam sendo mortas por causa disso mexeu com a cabeça do escritor.
O filme mostra todo o sofrimento vivido por Dostoiévski: os anos de trabalhos forçados na Sibéria, a rejeição dos outros presos, que o tinham como um intelectual que traiu o movimento, e as dificuldades financeiras. Dostoiévski escrevia sob pressão de um editor que o obrigava a produzir compulsivamente. Foi nesse período difícil que ele conheceu “Anna Grigorievna Snítikin”, uma estenógrafa com quem se casaria mais tarde.
O título do filme faz alusão à célebre obra “Os Demônios”, em que Dostoiévski criou uma trama ficcional para contar uma história verídica, o assassinato do estudante I. Ivanov. O niilismo do grupo extremista da obra literária se faz presente no filme na desesperada luta para derrubar a burguesia imperialista. O filme retrata um Dostoiévski humano, vivendo uma eterna crise, imagem que vai de encontro à figura mitológica eternizada nos livros de história e na mídia.
Miki Manojlović, o ator sérvio que interpreta Dostoiévski, merece uma menção especial. Absolutamente convincente no papel, ele compôs um personagem denso que leva o espectador a viajar no filme e na dramática história do grande escritor. Recomendo.
Ficha Técnica
País de origem: Itália
Título original: I Demoni Di San Pietroburgo
Título em português: Demônios de São Petersburgo
Gênero: Drama
Produção: Casablanca Filmes
Direção: Giuliano Montaldo
Elenco: Miki Manojlovic, Roberto Herlitzka, Carolina Crescentini, Anita Caprioli
Ano de lançamento: 2008
ESCAVADORES (BURROWERS) – UM WESTERN DE TERROR

O filme do diretor J.T Petty mistura elementos dos filmes de cowboy com o mais puro thriller. Não chega a ser novidade. Em “Desaparecidos”, Ron Howard levou o suspense e o misticismo para o ambiente do velho oeste conseguindo uma composição interessante. Em “Escavadores” J.T Petty também conseguiu um bom resultado. Mas o filme não é só uma história de terror. Nas entrelinhas da trama, Petty levanta a bandeira em defesa dos povos indígenas da América do Norte.
Durante todo o filme, os índios aparecem como vítimas da estupidez do colonizador. A mensagem de J.T Petty fica clarissima no desfecho da história em que ele mostra o desperdicio da sapiência do índio e o triunfo da estupidez do homem branco. Quanto à parte do terror, o filme rende bons sustos. O mistério do desaparecimento das pessoas, apesar de bizarro, tem a ver com a destruição do ambiente natural pelo branco colonizador. Vale o susto!
Ficha Técnica
Título original: Burrowers
Elenco: Clancy Brown, Jocelin Dohanue, William Mapother, Karl Geary.
Direção: J.T. Petty
Gênero: Terror
Duração: 96 min.
Distribuidora: Imagem Filmes
Estreia: Direto em DVD - Abril de 2010
KRABAT (PRISOINEIROS DA MAGIA)

O enredo conta a historia do jovem Kabrat (David Cross – 'The Rider') que torna-se órfão depois que sua mãe morre vítima da Peste Negra. Para sobreviver ele começa a vagar pelas aldeias cantando hinos religiosos em troca de comida. Em uma noite, Kabrat é atraído por corvos enfeitiçados para trabalhar no moinho Keeper, controlado por um feiticeiro chamado, genericamente, de “O Mestre” (Christian Redl – 'A Queda'). A saga do jovem Kabrat para sobreviver no moinho é o eixo central da trama.
Lançado na Alemanha em 2008 e nos Estados Unidos em 2009, o filme já está disponível para locação.
Ficha Técnica
Direção: Marco Kreuzpaintner
Produção: Jakob Claussen, Uli Putz, Bernd Wintersperger e Thomas Wöbke
Roteiros: Marco Kreuzpaintner, Michael Gutmann e Otfried Preussler
Elenco: David Kross ,Daniel Brühl, Christian Redl, Robert Stadlober, Paula Kalenberg e Daniel Steiner.
Ano de produção: 2008
País de origem: Alemanha
SALVO DO EFEITO “SEXO E CARATÊ”

A partir da segunda metade da década de 80 (século XX), os cinemas do Recife (assim como no resto do Brasil) entraram em processo de extinção. Fui um frequentador contumaz das salas de exibição do centro. Cada cinema tinha seu charme especial, um detalhe particular que o outro não tinha. Essas pequenas diferenças produziram tribos urbanas que elegiam esse ou aquele cinema como preferido.
Os irmãos gêmeos Astor e Ritz, localizados na Visconde de Suassuna, tinham fama de elitizados. E eram mesmo. Lembro que nessas duas salas sempre tinha um clássico em cartaz. O Veneza, localizado na Rua do Hospício, era a sala hi-tec. Foi o primeiro cinema do Recife a utilizar sistema de som estéreo. Fui testemunha ocular, quero dizer auditiva, desse avanço. Na exibição do musical “Xanadu”, que mostrava a inusitada parceria entre Gene Kelly e Olivia Newton John, os efeitos sonoros causaram espanto na plateia. O Cine Veneza tinha uma curiosidade: estava localizado no térreo de um prédio que nunca foi utilizado, diziam, por problemas na execução da obra. Paradoxalmente, o cine hi-tec funcionava no prédio condenado.
O Cine Moderno, localizado na Praça Joaquim Nabuco, ao lado do tradicionalíssimo Restaurante Leite, tinha a mais bela sacada. O Moderno era um cinema com cara de cinema. No cruzamento da Rua da Palma com a Matias de Albuquerque, localizava-se um dos meus cinemas preferidos: o Art Palácio. Era o cinema dos jovens e o único do centro que não pertencia ao grupo Severiano Ribeiro. Por essa razão, ao invés do noticiário “Atualidades Atlântida”, assistíamos ao “Canal 100” nos intervalos. Por trás do Art Palácio, já na Av. Guararapes, localizava-se o cinema que eu menos curtia, o Trianon. Fui poucas vezes a essa sala. Lembro-me de ter assistido ali ao inesquecível “Califórnia Adeus”, com Giuliano Gema.
Na Av. Dantas Barreto, no 13º andar do Ed. AIP, localizava-se o minúsculo Cine AIP. Era o cinema com a melhor vista e o melhor serviço. Tinha um belo bar com vista para o Atlântico. A decoração da sala era muito bonita. Vários pôsteres em preto e branco de ícones do cinema mundial. O AIP era muitíssimo parecido com um multiplex. Ali eu assisti ao musical “Grease”, com John Travolta e Olivia Newton John. Na Praça do mercado de São José, localizava-se o Cine Glória, único cinema do centro que eu não frequentei. A praça do mercado ficava deserta nos finais de semana e, mesmo na década de 80, era perigoso circular por ali.
No bairro de Afogados, perto do centro, localizava-se o Cine Eldorado, um dos poucos cinemas de bairro pertencentes ao grupo Severiano Ribeiro. Foi o primeiro cinema que frequentei. Meu primeiro filme foi King Kong, com Jessica Lange. Por estar localizado próximo a minha casa, foi a sala que eu mais frequentei.
Finalmente, na Rua da Aurora, próximo da Ponte Duarte Coelho, diante do Capibaribe, LOCALIZA-SE o meu cinema preferido, o São Luiz. Sim, localiza-se, ele resistiu bravamente ao tempo e ao “efeito sexo e caratê”. O primeiro sinal que determinava o início do processo de decadência de um cinema, no final da década de 80, era quando ele começava a exibir filmes de sexo e caratê em sessões alternadas. Era como um selo de falência. O Cine São Luiz foi o último a ser fechado, mas a sua belíssima sala não foi desativada. O espaço permaneceu inativo desde 2005 e passou por várias promessas de reformas que não se concretizaram. Finalmente, esse ano, a FUNDARPE tombou a sala e decidiu criar ali um espaço cultural. No dia 28 passado, o cinema foi reaberto – apesar das quedas de energia – com a exibição do longa pernambucano “O Baile Perfumado”. O São Luiz teve uma trajetória inversa à da maioria dos cinemas que, depois de fechados, viraram templos religiosos. Ele nasceu no local onde antes funcionava uma igreja protestante. O processo de tombamento da Fundarpe descreveu assim o cinema:
“O vestíbulo externo de acesso ao cinema conta com duas bilheterias e pé direito duplo, enfatizando, assim, sua monumentalidade, que é também ressaltada pela existência das vistosas galerias que envolvem grande parte do edifício. O acesso ao cinema acontece por meio de esquadrias de vidro, que dão acesso a um hall principal com rico tratamento arquitetônico, à base de materiais nobres tais como o mármore, vidros espelhados e bronze, enfatizando, assim, o luxo das funções ali instaladas.
Neste ambiente o piso e as paredes são revestidos de mármore branco; as esquadrias e portas são de madeira fosca; nas paredes laterais são fixadas grandes lâminas de espelhos em tom cobre e de frente um belíssimo painel de Lula Cardoso Ayres; as luminárias e barras de proteção da esquadria de acesso e do painel de Ayres são fabricadas originalmente em bronze; e os sanitários que, originalmente, eram revestidos em azulejo preto, (...)
O interior do cinema é decorado com pinturas e trabalhos em alto-relevo em tons dourados, vermelhos e esverdeados, inclusive no teto, e painéis laterais que remetem a trabalhos feitos a ouro. (...) A decoração conta ainda com brasões espelhados, dispostos de par em par”. Seguem algumas imagens do Cine São Luiz:

XUXA DESACREDITA O FESTIVAL DE GRAMADO

Quando vi os jornais e sites por aí afora estampando em manchete que Xuxa Meneghel seria homenageada em Gramado como “Rainha do Cinema”, demorei a acreditar, pensei fosse alguma brincadeira, mas, pasmo, descobri que era mesmo verdade. A própria homenageada, tentando esconder o constrangimento, esclarecia: “não sou atriz, sou uma apresentadora que usa os filmes para passar as mensagens que eu quero”.
O Brasil é assim mesmo, um grande universo fake. Relembremos: José Sarney escreveu um livro, o tal do “Marimbondo de Fogo”. Essa “obra” o credenciou a entrar na Academia Brasileira de letras. E nosso astronauta, o Marcos Pontes, lembram? Posou de herói, o Brasil gastou uma nota preta na sua formação, conseguiram colocá-lo numa missão da NASA. Na hora de colher os frutos, ele pediu baixa e foi ganhar dinheiro na iniciativa privada.
O prêmio concedido à Xuxa pelo “conjunto da obra”, que engloba 18 longas com uma média de público bastante alta e soma mais de 28 milhões de espectadores, parece-me um louvor quantitativo e não qualitativo. Estão premiando uma média de público alta, que se beneficia do lobby da maior emissora de tevê da América Latina. E onde fica o cinema de verdade?
Classifico essa edição do prêmio de Gramado como uma mácula imperdoável, que desacredita as edições posteriores. A ideia de dar um prêmio à Xuxa, ao que parece, foi um golpe de marketing. Um gigantesco esquema de segurança foi montado para receber a “Rainha do Cinema”, nunca se viu tanta gente no festival. Duro vai ser se livrar do rescaldo desse ato impensado. Já estou matutando quem será o próximo homenageado: Alexandre Frota, Rita Cadilac, Helena Ramos, Leila Lopes...