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O MENINO E OS LIVROS (HISTÓRIAS DA MINHA INFÂNCIA)

Pois então, curtindo o começo das minhas merecidas férias, achando o dia longo demais, fui rebuscar velharias num arquivo morto. Procurava por uma letra de música que escrevi há anos e acabei encontrando um relíquia – um julgamento particular, claro – da minha adolescência. No longínquo ano de 1979, quando eu cursava a 6ª série do ensino fundamental, revoltei-me contra meus colegas de classe porque eles não se interessaram em comprar livros.

Na época, diferentemente de hoje, livros paradidáticos nas escolas públicas eram artigos raríssimos, quase inexistentes. Vez ou outra aparecia um representante de editora oferecendo promoções coletivas. Numa dessas visitas, o representante de uma editora deixou um catálogo e alguns brindes para os alunos. A recomendação era de que só aceitariam pedidos a partir de dez livros. Escolhi um, convenci meu pai e  dei meu nome a professora. Dias depois, a triste notícia: o pedido não poderia ser feito porque apenas eu me interessei pelos livros.

Diante dessa decepção, resolvi recorrer diretamente à editora. Fiz o meu pedido individualmente, contrariando a orientação do representante. Solicitei a compra de "A Ilha Perdida (Maria José Dupré)", o primeiro livro que li na vida. Também fui à diretoria e fiz uma queixa contra a professora de português. Argumentei que ela não se esforçou em convencer  os alunos a adquirirem os livros. Fui repreendido por isso. Ganhei a antipatia dos colegas e da professora. Quanto a editora, bom, segue, abaixo, a resposta que me deram na época. Durante muito tempo entendi como um ato de respeito. Entretanto, analisando o fato hoje em dia, percebo que faltou sensibilidade ao gerente comercial da empresa. Rejeitar o pedido de um garoto de treze anos foi, no mínimo, grosseiro. O livro poderia até ter sido enviado como brinde, o que serviria como propaganda para os outros garotos também adquirirem.

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TOP 5 PERSONAGENS DE LIVROS


Campos Lara – (O Fejião e o Sonho- Orígens Lessa).

Conheci o poeta Campos Lara antes de ler o livro, numa adaptação feita para a tevê em 1976. Cláudio Cavalcante interpretou brilhantemente o personagem na novela de Benedito Ruy Barbosa. Pouco depois tive que ler o livro na escola. Identifico-me com esse personagem porque vivi na pele o drama dele: optar entre o sonho da arte – no meu caso a música – e a sobrevivência. Campos Lara, um intelectual, vivia o drama de não poder manter sua família apenas escrevendo poemas. Enquanto isso, via seu cunhado, um homem de pouca instrução, ficar rico com o comércio. É um personagem inquietante, mora no meu imaginário.

Holden Caulfield – (O Apanhador No Campo de Centeio – J.D. Salinger).

O personagem que fez o mundo enxergar a adolescência como uma fase importante e difícil. Identifico-me com ele, não só por esse aspecto mas, também, pela resistência ao envelhecimento. Caulfield sabia que estava envelhecendo mas queria conservar o lirismo da infância, coisa que normalmente é vista como desajuste entre as pessoas ditas normais. Holden Caulfield é meio Peterpan. Duvida? Como seria possível um personagem concebido há mais de sessenta anos ser tão atual. Maravilhosamente intrigante!

João Grilo – (Auto da Compadecida – Ariano Suassuna).

Esse personagem, sabidamente, não é criação de Ariano Suassuna, figurava nos cordéis que ele usou como base para construir sua famosa obra. Além do mais, João Grilo é um estereótipo: no interior, Pedro Malasarte, no meio urbano, o malandro. O fato é que Ariano deu um tratamento literário a esse adorável personagem e ele me encanta desde criança. É muito mais difícil ser um anti-herói do que um herói pura e simplesmente. O anti-herói tem que transitar nos dois lados, o da maldade e o da bondade. João Grilo percorre esse caminho sinuoso com uma naturalidade tão grande que todos nós aceitamos suas tramoias como coisa normal. Bom demais

Hercule Poirot – (Várias obras de Agatha Criste).

Tornei-me fã dele quando li “Morte Sobre o Nilo”, romance policial de Agatha Criste. Na verdade, durante a trama, Poirot se comporta como um velho chato e ranzinza, o tempo todo corrigindo as pessoas que, erroneamente, o tratam como um francês: “Não sou francês, eu sou belga”. Em Morte Sobre o Nilo, o momento em que o detetive desvenda o crime, com aqueles detalhes, falando da echarpe e tudo mais, mostra a grandeza do personagem. Não por acaso, ele aparece em várias outras obras da autora. Inesquecível!

Capitu – (Dom Casmurro – Machado de Assis).

Odiei Capitu por algum tempo, colocava-me na pele do Bentinho, um papel que todo homem, algum dia, já encenou. Hoje entendo a riqueza desse personagem, uma interessante criação do analista da alma humana, Machado de Assis. Capitu é quase tão importante quanto a obra, tem vida própria. As teorias sobre sua suposta traição, criaram no imaginário dos leitores, uma obra paralela. Isso não é pouco.

OS LIVROS DO OUTRO BRASIL E AS BRINCADEIRAS DE FERNANDO PESSOA


No último dia 05 de setembro, acompanhei pela Rádio Jornal aqui de Recife, o ótimo debate intitulado o “Poder dos Livros”. Participaram do programa o publicitário José Nivaldo Júnior, o jurista José Paulo Cavalcanti Filho e o livreiro Tarciso Pereira, que foi dono da lendária “Livro 7”. O debate foi maravilhoso e muito instrutivo. A certa altura, o professor José Paulo Cavalcanti Filho socializou uma de suas muitas experiências com o maravilhoso universo de Fernando Pessoa:

Há um verso de Fernando Pessoa, um dos mais citados dele, que eu sempre achei que estava errado. O verso diz o seguinte: 'O poeta é um fingidor, e finge tão completamente que chega fingir que é dor a dor que deveras sente'. Eu sempre achei que o verso estava errado porque ninguém pode fingir que é dor a dor que deveras sente, uma dor que sente de verdade... você vai nos literatos, tem cinquenta páginas para explicar esse verso. 

Eu estava numa obra com um amigo meu e um pedreiro virou-se pro outro e disse: 'fulano traz a areia de fingir'... Eu contei os minutos e fui mais cedo para casa para ver nos meus dicionários de latim o significado do termo 'finger'. Descobri que além de fingir é também construir, outra acepção. Eu descobri a partir de um pedreiro que isso era apenas uma brincadeira de Pessoa, ele usou fingir no sentido de construir: 'O poeta é um fingidor (um construtor) e finge (constrói) tão completamente que chega a fingir que é dor (construir a dor) a dor que deveras sente'. É uma pequena descoberta”.

A experiência compartilhada pelo professor José Paulo mostra que o conhecimento está em toda parte sem, muitas vezes, ser percebido. Outro grande momento do debate foi a revelação feita pelo livreiro Tarciso Pereira sobre a segregação praticada pela CâmaraBrasileira do Livro quando seleciona os títulos que serão expostos nas diversas feiras pelo mundo afora. Disse ele:

Eu fui várias vezes as feiras de livros na Europa e fui mais a Frankfurt porque é a maior feira de livros do mundo. Chegando lá pela terceira vez, mais ou menos, eu procurei a comissão organizadora para mostrar para eles que o stande do Brasil, apesar de ser um stand de mais de trezentos metros, não tinha o Brasil num todo. A princípio eles acharam estranho porque quem organizava e organiza até hoje, é a Câmara Brasileira do Livro, mas eu mostrei para eles que existia um outro Brasil que não estava ali, o Brasil Norte-Nordeste. Eu conversei um pouco mais e eles pediram que eu mandasse um projeto dessa minha ideia. 

Chegando no Brasil eu não fiz nem um projeto, apenas uma lista mostrando a produção do Nordeste, os autores e enviei. Quinze dias depois veio a resposta. O governo alemão bancou toda a minha ida a Frankfurt, já tinha um espaço reservado e eu levei 150 títulos... Eu fiquei nesse stand na feira, expus 150 títulos nordestinos, desde Jorge Amado ao mais novo poeta. Começou a chegar brasileiros e estrangeiros achando estranho aquele stand não fazer parte do espaço brasileiro. Eu tive que explicar para eles que era um outro Brasil que estava ali”.

É assim que tem que ser, diante do que você acredita ser uma injustiça, lute para que esta não se perpetue. Se Tarciso silenciasse, fosse conformista, muitos autores do “outro Brasil”, não teriam direito a participar de um espaço tão importante que representa – ou deveria representar – o seu país. Termino esse post com mais uma contribuição do professor José Paulo sobre as brincadeiras de Fernando Pessoa. Crítico ferrenho do Salazar, escreveu o poeta: “Esse senhor Salazar, é feito de sal e azar, se um dia chove a água dissolve o sal e sob o céu fica só o azar, é natural”.

O LIVRO NÃO ESTÁ EM EXTINÇÃO, ELE CONTINUA MUDANDO


O Livro na Idade Antiga: Pergaminho

Feitos, normalmente, de pele de caprinos, serviam para registrar o conhecimento e informações importantes de diversas sociedades passadas. O nome “pergaminho” vem de “Pérgamo”, cidade grega onde esse tipo de documento teria sido desenvolvido. O pergaminho tinha também uma versão mais delicada, chamada de “Velino”, feita de peles mais delicadas. As grandes bibliotecas dos primeiros mosteiros eram totalmente constituídas de pergaminhos, assim como a lendária biblioteca de Alexandria.
O Livro Na Idade Média: Manuscritos em Papel

Foi nesse período que os pergaminhos foram substituídos por manuscritos em papel. Durante a Idade Média, por conta do grande poder da Igreja, os manuscritos ficavam restritos quase que totalmente aos monastérios. Surge, então, a figura do “monge copista”, profissional da Igreja encarregado de registrar o conhecimento em blocos de texto. Nesse período os livros começaram a sofrer as primeiras formatações, como as margens em branco, índices sumários e elementos próprios para a sistematização do conhecimento.
O Livro na Idade Moderna: Textos Com Impressão Tipográfica

Essa versão do livro surgiu a partir da invenção da imprensa por Johannes Gutemberg. O primeiro livro impresso foi a Bíblia Sagrada em latim. A invenção de Gutemberg dinamizou a produção dos livros e extinguiu quase que totalmente o ofício do monge copista. O italiano Aldus Manutius aprimorou a técnica de impressão criando modificações próprias de um design gráfico. O livro impresso, entretanto, percorreu um longo caminho para ser aceito como veículo de conhecimento e entretenimento.
O Livro Atualmente: O Aprimoramento das Técnicas de Impressão e o Livro Digital

A impressão tipográfica evoluiu e, posteriormente, foi substituída pela impressão a laser. Atualmente, os livros digitais – chamados de e-books – surgem como uma nova concepção de registro de conhecimento. Assim como nas mudanças de formato anteriores, existe contestações e teorias apocalípticas sobre a extinção dos livros. Em geral, quem contesta os novos formatos, prende-se ao momento atual e esquece que a evolução – ou revolução – começou desde que o livro surgiu. Algumas críticas são pertinentes – os livros digitais com ilustrações animadas inibem a mágica viagem que o leitor realiza quando imagina uma cena descrita no papel – e têm que ser levadas em consideração. O mais importante é a certeza de que o livro, em qualquer que seja o formato, existirá sempre como um importante veículo de conhecimento e entretenimento.

LISTAS DE ESPERA


A história é o seguinte, olhei para minha estante e vi duas listas de espera: uma de livros e outra de devedês. Desde que me tornei um professor full-time – ou um workaholic forçado – tenho protelado alguns prazeres antes cotidianos. Na lista de espera de livros estão:

*A releitura de “O Apanhador No Campo de Centeio” (J.D Sallinger): Li na adolescência e, há um mês, comecei uma releitura. Parei no segundo capítulo;

*Os Beatles e a Filosofia (Michael Baur e Streven Baur): Deliciosa viagem filosófica pelo universo beatle. Iniciei uma leitura técnica (anotações, grifos, essa coisas) desse livro e parei no segundo capítulo;

Esperando a vez:

*Dossiê Beatles (Daniel Rodrigues Aurélio)
*Bandeira Nordestina (Jessier Quirino)
*Girando a Chave Templária (Robert Lomas)
*Os Templários – História e Mito (Michael Haag)
*Os Carbonários (Alfredo Sirkis).

Quanto aos devedês, não vou listá-los, são muitos, mas o fato é que, assim como os livros, repousam na estante à espera de atenção. O importante nessa história é fazer o possível e o impossível para que pessoas, sobretudo as que amamos, não entrem nessa lista de espera. O trabalho é parte importante na vida de uma pessoa, mas não é tudo. Leia, beije, viaje, cante, vá ao cinema, acabe com as listas de espera. Vou ler um livro!

O MONGE, O EXECUTIVO E A DECEPÇÃO

Estou convicto de que nunca serei um monge. Li, ou melhor, tentei ler, o livro "O Monge e o Executivo" do James C. Hunter, que elenca uma série de ensinamentos que, segundo o autor , mostra como ser o que ele chama de "líder servidor". A minha primeira impressão foi de que estava diante de um bom livro. Um prólogo muito bem escrito que prepara você para algo que não vem. Não existe ninguém tão perfeito quanto o Simeão inventado pelo Hunter, ele parece o mestre do Gafanhoto da série Kung fu, tem resposta desconcertante pra qualquer pergunta. Se a idéia do Hunter era me "auto-ajudar", o tiro saiu pela culatra. Irritado, larguei o livro e fui ler a Continente, a melhor revista do (meu) mundo. Dei de cara com uma excelente matéria do Fernando Monteiro: "Os 100 Mais Vendidos", referindo-se aos livros. Acabei tendo acesso a uma informação que acabou de vez com o meu dia (mês, ano, século...). O texto trazia a relação dos seis livros mais vendidos de todos os tempos, que são, na ordem: A "Bíblia Sagrada", 0 "Alcorão", o "Livro de Pensamentos de Mão", "Dom Quixote" , o "Livro dos Mórmons" e, pasmem, "Harry Potter e a Pedra Filosofal". Pensei, cá com os meus cds: "Nas escolas do Brasil (país onde tantos passam fome e muitos morrem de inanição) quase ninguém conhece Josué de Castro e eu questionando lista de vendagem de livros". Tomei um café e fui dormir.

Reedição.

SAUDADES DA BIENAL

No dia 05 de outubro próximo passado, quando peguei os meus bônus para comprar livros ( os professores da rede estadual receberam R$ 200,00 e os do município de Olinda, R$ 50,00) um amigo me falou: "não vá a tarde, tem muita gente". Pensei: "muita gente numa feira de livros, esse cara tá louco!". Fui no dia seguinte, um sábado, á tarde. Tinha muita, muita gente! Do alto da minha incredulidade, voltei a pensar: "deve ter algum show, ou alguma estrela da tv desfilando por aqui". Nada disso, a multidão que lotava o Centro de Convenções estava a procura de livros. Bastou uma circulada na feira pra perceber que os livros de "auto-ajuda" eram a febre do evento. Augusto Cury, James C. Hunter, Lair Ribeiro, eram imbatíveis, as pessoas compravam coleções inteiras, não buscavam um título apenas. Mesmo não sendo apreciador desse tipo de literatura, confesso que fiquei feliz. Comprei 25 livros.

A felicidade não foi porque reabasteci minha prateleira, mas pela euforia em torno da literatura, a Bienal do livro de Recife foi um sucesso. No último dia da feira, quando já estava de saída, uma última surpresa: vi um livro abandonado numa cadeira da praça de alimentação, uma publicação de bolso reunindo "Um Artista da Fome" e a "Metamorfose", de Franz Kafka, peguei pra mim. Havia um selo colado na capa que dizia: "Este livro na lhe pertence, foi deixado aqui para que você leia. Pode levar.

Depois de ler, não guarde, deixe novamente em algum lugar público para que seja lido por outra pessoa. Caso queira dizer onde encontrou este exemplar pode enviar mensagem para: livroerrante@yahoo.com.br ou livrosemdono@hotmail.com - AGRADECEMOS E NÃO VAMOS PEDIR O LIVRO DE VOLTA, BOA LEITURA!". Sensacional essa ideia, e não conhecia, e eu ainda levei muita sorte, me deparei com o Kafka, que já foi "abandonado" num banco dos jardins da antiga (e belíssima) Faculdade de Direito do Recife. Coisas da Bienal!

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