
O grande Irwin Allen era um mestre do entretenimento, não tinha interesse em produzir documentos ou teses sobre os inventos tecnológicos do futuro. Esse mesmo perfil se aplica ao escritor Júlio Verne, a grande diferença, entretanto, é que o autor de “A Volta Ao Mundo Em 80 Dias” imaginou um futuro que se materializou. Em “Da Terra À Lua”, escrito em 1865, Verne idealizou uma aventura que se tornaria fato mais de cem anos depois. Diferente de Allen, Verne não tentou adivinhar datas e sim, possibilidades. Nessa aventura ele descreveu uma espaçonave com um módulo contendo três astronautas, um protótipo da “Apolo 11” que 104 anos mais tarde chegaria à Lua no mundo real. Em “Vinte Mil Léguas Submarinas”, publicada em 1870, Júlio Verne imaginou um submarino batizado de “Nautilus”. No mundo real, os submarinos só surgiriam quase quatro décadas depois da clarevidência do velho cronista francês.
Imaginar o futuro, para a maioria das pessoas, sempre foi um exercício de prazer. Entretanto, saber o que vai acontecer no futuro pode se configurar numa tortura das mais cruéis. Basta lembrar da lenda do “Ciclope” que vivia triste porque Zeus tirou-lhe a imortalidade e revelou-lhe o dia de sua morte. No “não saber do amanhã”, no final das contas, reside o prazer de se viver.