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O BAIRRO DE AFOGADOS JÁ TEVE UM FORTE HOLANDÊS

Gravura do Forte Príncipe Guilherme

Nas inúmeras vezes em que pesquisei sobre as origens dos bairros do Recife, em diversas fontes, o bairro de Afogados figurava, até meados do século XIX, como “o fim do Recife”, uma referência clara a área urbana que se estendia do centro da cidade para o interior. O bairro dos Afogados – é desse jeito que os textos antigos se referem ao local – sempre teve importância por ser uma encruzilhada, passagem obrigatória para quem se deslocava para o interior ou para quem vinha da zona norte para o litoral. Ali se constituiu uma área de comércio intenso que atendia aos viajantes. Mas o propósito desse breve post é outro. Nos relatos de José Luiz Mota Menezes na obra “Ruas Sobre As Águas” (CEPE-2015) ele faz referência ao “Forte do Príncipe Guilherme” um ponto de resistência militar cuja construção é atribuída a Maurício de Nassau.  O dito forte era também conhecido por “Torre dos Afogados”, "Forte de Willem" e “Forte de Piranga”. Nassau, em um documento datado de 14 de janeiro de 1638, intitulado “Fortificações”, descreveu assim o equipamento militar:

É um forte de quatro pontas com quatro baluartes, e está muito bem colocado, porque nos assegura o caminho da Várzea [do rio Capibaribe] e de toda a terra, e defende a passagem da ilha de Antônio Vaz para os Afogados. Está situado em uma planície na sua parte mais elevada, dominando assim o campo até onde o canhão pode alcançar. Para o lado do noroeste tem fossos fundos; ao sudeste porém, os fossos não são fundos, e o solo é mais alto, pelo que o inimigo pode aproximar-se por meio de aproches. É necessário que este forte seja cercado de uma contra-escarpa, pois não sendo assim, faltar-lhe-á fortaleza. É construído de uma terra singular, que, de verão, quando seca, é tão dura como pedra, e de inverno, quando chove, é mole como argamassa, sulcando-a as águas de modo que é necessário grande dispêndio para repará-lo e conservá-lo."

Estima-se que o Forte do Príncipe Guilherme tenha abrigado um efetivo militar de mais de duzentos homens. Durante um considerável período várias ações militares partiram dessa fortificação: o ataque ao Engenho de Pedro da Cunha, na Várzea, e ao Forte Real do Bom Jesus. Outro aspecto importante a se destacar na história desse equipamento militar é o fato dele ter propiciado a construção de uma importante via de acesso entre o centro da cidade e o interior, a Rua Imperial, que nasceu do dique construído pelos holandeses ligando o forte das Cinco Pontas ao Forte do Príncipe Guilherme.

 Entre 1648 e 1654, ocorreram intensas batalhas entre a resistência portuguesa e os holandeses até que no dia 17 de janeiro de 1654 os portugueses tombaram as torres do local e dominaram os batavos. O Forte do Príncipe Guilherme ficou abandonado durante vários anos, foi reconstruído no final do século XVII mas com o crescimento da cidade e a expulsão dos holandeses ele perdeu sua importância militar. Acabou sendo demolido em 1813 e transformado em um grande aterro. Atualmente, no local do antigo forte, funciona a Asa Indústria Comércio LTDA, como mostra o print abaixo:


MAURITZSTADT, MAURICÉIA, OU APENAS SÍNDROME DE ESTOCOLMO?


A história de Pernambuco, sobretudo da cidade do Recife, está intimamente ligada à vida do navegador germânico Johann Moritz von Nassau-Siegen, o Maurício de Nassau. De linhagem nobre, foi conde ainda na época do Sacro Império Romano Germânico e, após a formação da Confederação Germânica (1674), príncipe de Nassau-Siegen. Tinha forte formação militar mas, diferentemente dos combatentes da sua época, conservou a formação religiosa e o apreço pela arte, sobretudo a arquitetura. Sua inclinação calvinista e a necessidade de prover recursos para bancar seus sonhos arquitetônicos o levaram a aceitar o convite da Companhia das Índias Ocidentais para administrar os territórios holandeses conquistados no Brasil.

Foi num 23 de janeiro como hoje, que Maurício de Nassau desembarcou no porto do Recife. Sua comitiva refletia sua formação humanistica, muito mais que a militar. Era composta por arquitetos, cientistas, gravuristas, médicos e religiosos. Diferentemente dos portugueses, que impuseram o credo católico, Nassau propagou a liberdade religiosa estabelecendo uma relação amistosa com os nativos e estrangeiros que aqui viviam. O Recife passou por um rápido período de modernização e se tornou uma das cidades mais importantes das Américas. Nassau tornou-se um mito no imaginário dos pernambucanos. Recife conserva até os dias de hoje traços da cultura holandesa e mantém uma relação histórica tão íntima com os Países Baixos que muitos estudiosos, numa analogia com a psicologia, afirmam ser uma manifestação do que eles chamam de “Síndrome de Estocolmo”, o sentimento de apreço que o dominado sente pelo dominador.

O Instituto Ricardo Brenand, espetacular museu iconográfico do Recife, reúne uma coleção original de obras dos pintores Franz Post e  Alber Eckhout, ambos da comitiva de Nassau. A cidade do Recife em ensaios poéticos e em várias publicações históricas locais é chamada de “Mauricéia” ou “Mauritzstadt”, uma referência a influencia de Maurício de Nassau. Fora isso, tem as coincidências naturais: a cidade do Recife é cercada por canais, tem uma geografia idêntica a da cidade de Amsterdã, que vive em constante luta para fugir do avanço das águas.

Há alguns anos, a empresa de saneamento do Recife fazia escavações no Recife Antigo e descobriu uma sequência de diques construídos na época dos holandeses. A obra tinha o mesmo propósito dos famosos pôlderes holandeses: conter o avanço do mar. O local acabou virando um museu a céu aberto alimentando mais ainda a mística dos holandeses. São 375 anos de uma história que a maioria dos recifenses adora relembrar e alguns adoram rechaçar. Seja como for, é uma bela história.

MAURITZSTADT, VILA MAURICÉIA, CIDADE DE MAURÍCIO.

Quando eu era garoto, lá pela década de 70, um dos meus programas preferidos era ir ao centro do Recife. Nessa época ,meu pai e seus irmãos tinham uma fábrica de bolsas na rua de Santa Rita, centro velho da cidade, um lugar cheio de história. O prédio ,onde funcionava o fabrico ,era perto do tradicional Mercado de São José. Meu pai tinha (tem até hoje) muitos amigos por lá. Em um dos boxes, onde ele sempre parava ,tinha uma placa com a inscrição “MAURITZSTADT”. Não lembro o nome do dono, mas certa vez lhe perguntei:

-O que significa isso? E o velho me respondeu orgulhoso:

-Esse era o nome do Recife na época dos holandeses.

Anos depois, na escola, descobri detalhes desse período glorioso da história de Pernambuco e o porquê dessa epígrafe. Quando “Johann Moritz of Nassau-Siegen” aportou no Recife, em 1637 a serviço da “Companhia das Índias Ocidentais”, em sete anos, habilidosamente, passou de invasor a benfeitor. Ele recusou-se a apenas explorar a colônia. De formação humanística, tinha gosto pelas artes e pela cultura de um modo geral. Construiu um jardim botânico, um observatório astronômico e um zoológico. Na sua comitiva trouxe dois importantes representantes da arte flamenca: o paisagista Franz Post e o pintor Albert Eckhout, além de engenheiros, arquitetos, médicos e até um lutiê. Outros nomes importantes da comitiva de Maurício: Willem Piso (médico e cientista), Cornelis Golijath (cartógrafo), Georg Marggraf, astrônomo que divide com Willem Piso a autoria da “Historia Naturalis Brasiliae”, a primeira obra científica sobre a natureza brasileira.

Maurício de Nassau também soube lidar com as diferenças de culto. Calvinista de formação, permitiu que os nativos ,que haviam se convertido ao catolicismo ,e os portugueses continuassem com suas práticas religiosas. O mesmo tratamento foi dado aos judeus, muito perseguidos pelos lusitanos. Nassau era um obstinado: queria transformar o Recife numa cidade moderna seguindo os moldes da Europa. Todo o traçado urbano dos bairros de São José e Santo Antônio remonta dessa época. Era o que ele denominava “Projeto da Cidade Maurícia – a Mauritzstadt”.

O projeto de Maurício de Nassau foi interrompido porque ele entrou em conflito com a Companhia das Índias Ocidentais que estava cobrando empréstimos feitos aos senhores de engenho. Nassau não concordava com a forma de cobrança (deveria ser parcelada e estavam cobrando de uma só vez). Ele entregou seu posto e voltou para a Europa em 1644. Maurício de Nassau morreu no dia 20 de dezembro de 1679 na cidade de Kleve. No Recife ele virou lenda, fez até um boi voar. Mas isso é história para um outro post!

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