Outro dia, numa aula de sociologia, eu falava
para os meus alunos sobre o conceito da “utopia”, que nasceu como
designativo de mundo perfeito, mas que hoje em dia é usada para
designar algo irrealizável.
Durante minha explanação sobre esse instigante
assunto cheguei ao Rio Grande do Sul, na cidade de Santa Maria. Foi
lá que nasceu Plínio Pacheco, o homem que derrubou o conceito de
utopia. Esse gaúcho chegou ao vilarejo de Fazenda Nova (Distante
180km do Recife) no ano de 1956 para ver uma festa popular muito
comum no nordeste, a encenação da Paixão de Cristo. Nessa época,
os cenários eram as ruas de Fazenda Nova. À frente do espetáculo
estava Luiz Mendonça. Antes de se encantar com a festa, Plínio se
encantou com Diva, filha do Luiz, com quem acabaria casando mais
tarde. A moça era muito envolvida com o espetáculo, o jovem Plínio
também acabou se envolvendo.
Em 1962, ele caminhava pela área rural do
vilarejo e teve uma visão: em pleno agreste pernambucano, naquele
lugar pobre, ele enxergou uma enorme muralha, sonhou com uma cidade
igual a Jerusalém, uma réplica. A paisagem natural dali era
parecida com a da Terra Santa, vegetação rasteira, chovia pouco,
terreno arenoso e pedregoso. Quando ele divulgou essa ideia, disseram
que era utopia. “Com que recurso irá construir a Nova Jerusalém?”
-diziam as pessoas do lugar. A resposta veio com trabalho. Em 1963 a
cidade começou a ser erguida, o sonho começava a virar realidade.
Em poucos anos a encenação da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém
se transformou no maior espetáculo teatral ao ar livre do mundo.
Plínio Pacheco morreu no dia 22 de fevereiro de 2002.Em sua memória
foi erguido um monumento. A palavra utopia perdeu uma de suas
acepções.