








Parte da magia da ficção reside, justamente, na incrível possibilidade de subverter a ordem real das coisas. Mas, contraditoriamente, quando o assunto é o “final” da história, tudo tem que dar certo. Como nas historinhas de criança, a máxima “e foram felizes para sempre”, tem que imperar. Pouquíssimos aceitam finais que se afastem dessa premissa.
Em um dos episódios da sexta temporada do seriado CSI, um jovem foi absolvido de uma acusação de assassinato. A irmã do réu, uma superdotada de apenas doze anos, criou uma história muito bem elaborada e conseguiu convencer os jurados. No final do episódio, ela própria revelou a farsa para a policial Sidle falando-lhe, em tom de ironia, ao pé do ouvido. No universo das séries americanas, o bandido escapar no final é comum, o público já aprendeu a lidar com isso.
Nas novelas brasileiras o vilão escapar e o mocinho morrer no final é algo quase que inaceitável. Dois exemplos clássicos:
A morte do mocinho: Na novela Pecado Capital (1975 – Rede Globo), o protagonista da história, Carlão (Francisco Cuoco), tombou sem vida no último capitulo causando uma comoção jamais vista no mundo da teledramaturgia. Tudo bem que Carlão era uma espécie de anti-herói, afinal, havia ficado com uma mala cheia de dinheiro que não lhe pertencia, mas era o galã da novela e o público não aceitou sua morte. A imagem dele caindo abraçado com a mala de dinheiro (clique no título desse bloco e assista) ao som de “Pecado Capital” (Paulinho da Viola) entrou para a história da tevê brasileira.
A fuga do bandido – Na ótima novela “Vale Tudo” (1988 – Rede Globo) o vilão Marco Aurélio (Reginaldo Faria), depois de aprontar com todo mundo, fugiu num jatinho com sua mulher, a assassina de Odete Roitiman, e ainda deu uma banana para o Brasil (Clique no título desse bloco e assista). A polêmica imagem revoltou os puritanos gerando até protestos na imprensa.
Essa discussão voltou à tona quando Sílvio de Abreu “matou” Diana na novela “Passione” (Rede Globo). A personagem fazia parte do grupo dos mocinhos e, segundo o julgamento do público, não deveria morrer. As críticas em torno da morte de Diana levou Sílvio de Abreu a brincar com a história: ele simulou a morte do protagonista Toto e experimentou uma avalanche de criticas. Como hoje em dia a mídia está presente até no set de gravação, a farsa foi revelada antes de ir ao ar. Ainda dentro da mesma discussão, os sites especializados em tevê anunciam que a dupla de vilões, Clara e Fred, escapará sem punição.
A dedução a que se chega após essa breve análise é que a realidade parece não ter muita graça para quem vai ao cinema ou liga a tevê. Mergulhar na ficção e esquecer os problemas da vida, ao que parece, é uma terapia para o telespectador. Viva o faz de conta!
A trilha sonora foi um dos destaques dessa novela. A música tema, “Estúpido Cupido”, acabou voltando as paradas de sucesso. Os principais ícones da música da década de 60 – inclusive os internacionais - foram revisitados.
Sinopse
Na fictícia Albuquerque do início dos anos 60, vivem vários personagens: Maria Teresa (Françoise Forton), filha de Olga (Maria Della Costa), era uma jovem dividida entre o amor de João (Ricardo Blat) e o sonho de ser Miss Brasil; Mederiquis (Ney Latorraca), um jovem rebelde; a inquieta Glorinha (Djenane Machado) e a freira Angélica (Elizabeth Savala), que desperta para o amor ao conhecer Belchior.
Grande parte da trama enfocava a Igreja católica e o seu conflito com as mudanças que ocorriam na sociedade brasileira no inicio dos anos 60. Escolas católicas separadas para os sexos, a não aceitação do divorcio (a personagem de Maria Della Costa era uma mulher desquitada e não aceita na sociedade local).
Ficha Técnica
Nome: Estúpido Cupido
Emissora: Rede Globo
Ano de Produção: 1976/77
Autor: Mário Prata
Direção: Regis Cardoso
Tema de Abertura: Estúpido Cupido – Cely Campelo
Número de Capítulos: 160
Elenco: