Depois
das explosões criminosas ocorridas na Maratona de Boston, mais uma vez, o mundo
voltou-se para os noticiários americanos a fim de tentar entender - se é que isso é
possível – as razões de mais um ataque terrorista. Como de praxe, várias
conjecturas surgiram nos instantes seguintes à tragédia: norte-coreanos?
Al-Qaeda? Taliban?
As
respostas a esses questionamentos, dessa vez, foram assustadoras. O atentado
que vitimou três pessoas e mutilou dezenas, nasceu da mente de um jovem
imigrante russo que, segundo relatos dos amigos americanos mais próximos,
parecia normal. Tamerlan Tsarnaev, na
verdade, conjugava duas personalidades bem distintas. Numa investigação mais aprofundada,
percebeu-se que em alguns lugares ele se comportava como um jovem
introspectivo, muito calado. Com os amigos americanos, era falante.
A
mente revoltada dele contaminou seu jovem irmão, Dzhokhar, de 19 anos. O mais interessante nessa
história é que a articulação desse sofisticado ataque terrorista teve origem em
conhecimentos adquiridos na internet. Da
mesma forma que os conteúdos disponíveis na rede servem para o bem, atendem, também, aos desejos de quem quer praticar atos de maldade.
Nas
primeiras declarações de Dzhokhar no hospital, ele revelou que a confecção do
artefato explosivo que seu irmão Tamerlan construiu resultou de tutoriais acessados na rede. Dentre eles, um manual terrorista publicado pelo
Taliban. O pior de tudo é que vários
malucos pelo mundo afora certamente tomarão o feito dos irmãos Tsarnaev como um
ato heroico e tentarão algo parecido.
Digitando
no Google a expressão “como fazer uma bomba”, o site, instantaneamente
apresenta milhares de opções de tutoriais de artefatos explosivos letais e de
efeito moral. Se a pesquisa for feita em inglês, o idioma universal, a
quantidade de sites quase dobra. O mesmo ocorre quando se digita “como fazer
uma arma caseira”. O lado negro da força transita por esses sites. Pior: jovens
sem nenhum tipo de desvio psicológico, alimentados por dramas e revoltas comuns
na adolescência, acabam usando essas páginas para extravasar tornando-se
terroristas sem causas, um comportamento ainda pouco estudado.
Dentre
as muitas lições tiradas desse triste evento em Boston, a principal foi a
assustadora constatação do poder maléfico da internet. Como a rede é um universo quase que
incontrolável que está presente na casa de qualquer um em qualquer lugar do
planeta, pouco se pode fazer para barrar os conteúdos ruins. Mais: o que muitos classificam como “ruim”, outros
tantos classificam como necessário. Os
inaceitáveis manuais terroristas do Taliban são bibliografia obrigatória em
vários países muçulmanos radicais. Dizer
se isso ou aquilo é ruim, depende de qual grupo social você pertence, esse é o
problema.