
Como vimos, na primeira parte desse post, os seis primeiros Concílios da Igreja Católica foram voltados para um tema central: a construção (ou definição) do perfil de Jesus Cristo. A partir daí, outros temas passaram a ser discutidos. No Segundo Concílio de Nicéia (Papa Adriano I) realizado entre 24 de setembro e 23 de outubro de 789, a veneração de imagens, um dos pilares da Igreja Católica, foi legitimada. Os santos católicos, a partir de então, se materializaram. Esse é o maior alvo das críticas das religiões evangélicas contra o catolicismo.
O Quarto Concílio de Constantinopla (Papa Adriano II), realizado entre 05 de outubro de 869 e 28 de fevereiro de 870, teve forte inclinação política. Fócio, soberano de Constantinopla, responsável pelo Cisma do Oriente (separação entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa), foi condenado e deposto mas, posteriormente, foi canonizado pela Igreja Ortodoxa.Nesse concílio, mais uma vez, a veneração de imagens foi legitimada. No Primeiro Concílio de Latrão (Papa Calisto I), realizado entre 18 de março e 06 de abril de 1123, mais uma vez a questão política se fez presente. Foi discutida a Questão das Investiduras, um conflito entre a Igreja Católica e o Sacro Império Romano-Germânico. Na prática, era um choque entre o Poder Temporal (do imperador) e o poder Espiritual (eclesiástico).
A Igreja Católica caminhava para a independência perante o poder do imperador. O Segundo Concílio de Latrão (Papas: Inocêncio II e Anacleto II) é um dos capítulos mais curiosos da Igreja Católica. Realizado em Abril de 1139, esse curioso concílio decretou o fim do cisma provocado por AnacletoII, tratado pela Igreja como Anti Papa. Anacleto II tinha outra curiosidade: era judeu. Isso mesmo, um Papa de origem judaica. Talvez esse tenha sido o principal motivo da sua não aceitação por parte do mundo eclesiástico da época. Inocêncio II foi eleito Papa por força política. Os Pierleones, poderosa família romana da qual Anacleto era oriundo, o proclamaram Papa à revelia de Roma. No dia 23 de fevereiro de 1130, os dois Papas foram coroados dando início a um cisma. Anacleto II, por ser de origem judaica e ter uma representatividade menor (contava apenas com a força política da sua família), foi proclamado Anti papa. Entretanto, resistiu e não foi deposto. Manteve-se no poder até o dia da sua morte, em janeiro de 1138. Terminava, então, o único período em que a Igreja Católica teve dois Papas.