Na
minha primeira aula na faculdade, no curso de Geografia, percebi que a maior
qualidade dos geógrafos da UFPE era ser pedante. Assim falou o “professor” nos
recepcionando: “Boa noite, eu sou o único PHD que dá aulas no básico, faço isso
porque gosto”. E ele continuou a falar do seu currículo deixando escapar aqui e
acolá o ódio que sentia pelos alunos que prestavam vestibular para geografia pensando
em mudar depois para o curso de Direito. O tempo foi passando e a tal primeira
aula resumiu-se a uma verbalização irritante de um currículo Lattes.
A
tristeza maior foi perceber que a Geografia perdeu espaço para ela mesma. O
mundo todo sempre estava errado, só os geógrafos estavam certos. Se um
meteorologista aparecia falando sobre o tempo ou o clima, surgia em seguida um
papa da geografia para apontar os erros dele. E era isso o tempo todo: o grande
geógrafo apontando os erros no curso de Oceanografia, ou falando que faltava no
curso de biologia uma biogeografia de verdade, que geografia era uma ciência da
natureza, tinha outro que rosnava chamando (em tom pejorativo) Milton Santos de
sociólogo e nessa pisada concluímos o curso: Licenciatura Em Análise de
Equívocos Geográficos.
O
que eu ensino nas escolas aprendi nos meus momentos de solidão na biblioteca do
CFCH e na minha prática diária. Meus alunos me ensinaram (e ensinam) muito mais
do que a universidade que de importante só me rendeu duas coisas: o diploma e
alguns fraternos amigos.
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