Alavancada pelo filme do diretor brasiliense Breno Silveira, a obra do mestre Luiz Gonzaga volta à tona -em nível nacional, já que pras bandas de cá ele é perene – com todo gás. Minha relação com a obra de Seu Lula é bem íntima. Admiro o artista e o homem. Imagine um sertanejo de pouca instrução, com sotaque nordestino puro, migrar para o Rio de Janeiro e voltar como uma estrela do primeiro time da emepebê?. Esse é o Luiz Gonzaga.
Assim como as várias figuras do folclore nordestino, Luiz Gonzaga foi inserido em um universo onde o real e a fantasia se misturam. Existe um rosário de histórias envolvendo suas músicas e seus dramas de vida. Luiz Gonzaga é um gigante da música brasileira. É (sim, verbo no presente) um cantor popular que fala a linguagem do povo mas construiu uma obra sofisticada. Se ele fosse um livro teria sido escrito por Guimarães Rosa.
O legado deixado por ele vai muito mais além da música, ele personificou a figura do nordestino, defendeu o estilo quando muitos tratavam a cultura local como algo menor, sem importância. Luiz Gonzaga se impôs em um universo dominado pelo bairrismo. Fidelíssimo ao gênero que criou, com todo mérito, alcançou a condição de ícone maior da cultura nordestina. Enfim, foi redescoberto. O filme – que ainda não vi, não posso tecer comentários – está cumprindo uma importante tarefa: está colocando a figura do grande ídolo de volta na grande mídia. Nada mais há que se falar. Abaixo, o inusitado vídeo (vi no JC online) que mostra o grupo coreano “Coreyah La” fazendo uma versão do clássico “Asa Branca”. Música boa é música cosmopolita, não tem fronteiras. Ave Lula!
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