O SOM IMAGINÁRIO DO ZÉ

Recebi hoje a triste notícia de que o Zé Rodrix havia falecido. Não quero falar sobre a morte dele mas sobre a boa música que produziu. Na minha cabeça sempre existiram “três Zés”: O compositor, o integrante do Joelho de Porco e o integrante do trio Sá, Rodrix e Guarabira. Cada um contribuiu com um pouco para minha formação musical.

O compositor Zé Rodrix eu conheci através do clássico “Casa No Campo”. Escrita em parceria com o Tavito, essa canção virou uma espécie de hino dos hippies, na década de setenta. Seria, posteriormente eternizada na voz de Elis Regina. No longo período em que fui cantor da noite essa canção me acompanhou como um hino underground.

Com o Joelho de Porco Zé Rodrix pôs em prática o seu lado performático. O grupo era uma espécie de “oficina do escracho”, sustentou a bandeira da contracultura numa época em que o Brasil estava mergulhado numa violenta repressão. O grupo serviria, anos mais tarde, de modelo para a retomada da cena pop-rock do Brasil no início da década de 80. A Blitz usou e abusou dos recursos criados pelo Joelho na década de 70.

Por fim tem o Zé do chamado Rock Rural, integrante do trio Sá, Rodrix e Guarabira. Confesso que essa parte da carreira do Zé, descobri tardiamente, no disco revival “Outra Vez Na Estrada”, que ouvi na casa de um amigo. A canção “Jesus Numa Moto”, de autoria do Zé Rodrix, soou -me como uma espécie de elo perdido da década de 70. Anda comigo no mp3 desde então.

Não, não me esqueci do Zé cantor do hit “Soy Latino Americano”, mas dessa parte prefiro não falar porque não curti. Afinal, ninguém é perfeito. Segue o vídeo da canção “Jesus Numa Moto”

ESTEREÓTIPO DA PÓS-MODERNIDADE

Certa vez, no período natalino, um garotinho passeava tranquilamente com seu pai pelo shopping, quando deu de cara com um presépio. Ele, curioso, olhou atentamente as figuras e, referindo-se aos Três Reis Magos, mandou essa pérola:

-Papai, os terroristas vão sequestrar o Menino Jesus!

O BRASIL DO SIMONAL

Vejo com satisfação que, enfim, começam a limpar a sujeira jogada em cima do Wilson Simonal. A tevê e vários sites têm divulgado o filme documentário do humorista Cláudio Manuel(Seu Creisson, do Casseta & Planeta): “Ninguém Sabe O Duro Que Dei”. Quando começaram a falar sobre esse assunto, lembrei-me do meu pai, na década de setenta, falando do Simonal: “esse cara é dedo duro, entrega os outros pro exército”. Essa fama de alcaguete, que o artista carregou para o túmulo, nasceu de um incidente ocorrido em 1971. Simonal suspeitou que estava sendo roubado pelo seu contador, Raphael Viviani. Em vez de procurar as medidas legais, cometeu um grande erro. Contratou dois policiais para bater no rapaz. Os policiais levaram-no para o DOPS e o torturaram.

O episódio não foi tratado como um caso isolado. Raphael prestava serviço a vários artistas , que se uniram e plantaram várias notas nos principais jornais do Brasil insinuando que Simonal era informante do DOPS. Até o lendário Pasquim entrou nessa onda e Wilson Simonal, um dos maiores soul mens da música brasileira, foi jogado num ostracismo de onde não mais sairia.

“Ninguém Sabe O Duro Que Dei”

Para realizar o documentário sobre a vida do cantor, Cláudio Manuel enfrentou vários problemas. Muitas pessoas ligadas aos episódios recusaram-se a falar com a alegação de que “não queriam mexer nessa história”. O fato é que nunca houve uma só pessoa que tivesse prestado queixa contra o Simonal. Todas as acusações basearam-se em boatos.

O documentário, segundo o próprio Cláudio Manuel, não é uma bandeira em prol da imagem do cantor. Inclusive, o episódio que deflagrou toda a onda anti-Simonal, é tratada de forma crua, com depoimentos do grande pivô da questão, o contador Raphael Viviani. O certo é que a punição imposta ,de forma inclemente , ao grande artista, revelou uma mácula preconceituosa da sociedade brasileira. Não condenaram o cantor que era suspeito de ser dedo duro. Condenaram o negro que ousou ter nariz empinado e mostrou personalidade forte. O Brasil é assim.

Certa vez perguntaram ao Luiz Melodia por que ele era underground. Ele respondeu: “é porque não aceitam que um crioulo do morro não cante samba”. Mas suponhamos que Wilson Simonal tenha sido mesmo dedo duro. Voltemos no tempo e lembremo-nos de Romeu Tuma: foi chefe do Serviço Secreto do DOPS na época em que a repressão no Brasil subvertia todos os artigos dos Direitos Humanos. Por que ele conseguiu chegar até os dias de hoje sem ter amargado o mesmo ostracismo imposto ao Simonal, de quem, apenas, tinham suspeitas? Esse é o Brasil!

VICTOR BIGLIONE E MARCELO POWELL, DOIS ESTILOS E UM MESMO INSTRUMENTO

Outro dia, assistindo ao ótimo “Conversa Afinada”, da Tv Brasil, dei de cara com uma dupla que fez jus ao nome do programa: Victor Biglione e Marcelo Powell. O som do argentino (naturalizado brasileiro) Victor Biglione, eu conheci há vinte e cinco anos, quando ele substituiu (com maestria) o Armandinho, na Cor do Som, a partir do disco “Magia Tropical”. Nesse álbum, os dois grandes destaques instrumentais têm a marca Biglione: o inesquecível solo que encerra “O Balão Vai Subir” (Mú) e a belíssima “Outras Praias”, composição do próprio Victor. Na minha cabeça Biglione sempre foi um grande guitarrista. Vê-lo tocando violão (com palheta, é claro) como se estivesse empunhando sua Fender Stratocaster, foi uma bela surpresa.

O segundo músico em questão, de sobrenome famoso, eu não conhecia. Sim, Marcelo Powell é filho do mestre Baden Powell. Pelo que vi, no programa, o sobrenome lhe cai muitíssimo bem. O rapaz é muito bom. Não dá pra definir um estilo, o violão do Marcelo passeia pelo flamenco, bossa nova e pela escola tradicional de violonistas brasileiros. Começou a tocar com apenas nove anos fazendo pequenas participações nos shows do pai. Tem apenas 24 anos, é um músico em formação, mas já conta com um leque bastante extenso de apresentações em festivais de jazz e participações em discos de algumas figurinhas carimbadas da emepebê.

No Conversa Afinada, Victor Biglione e Marcelo Powell revelaram que pretendem lançar em devedê o resultado desse encontro. Confira, a seguir, o vídeo com a dupla interpretando “Manhã de Carnaval” ,do Luiz Bonfá e do Antônio Maria. Note, Biglione é um guitarrista tocando violão, diferente do Marcelo:

LEMBRANÇAS DO MAD

Com a casa em reforma, precisei esvaziar o quarto onde guardo minhas memórias. Mexendo numa das gavetas, esquecidas, dei de cara com os poucos exemplares que restaram da minha coleção “Mad”. Rapaz, que saudade dessa revista! Humor inteligente, negro às vezes, mas com muita consistência. A crítica aos desvarios da sociedade sempre foi um prato cheio para essa turma.

Para quem não conhece, a revista veio ao mundo, em 1952, pelas mãos do empresário Willian Gaines e pelo editor Harvey Kurtzman, ambos integrantes da lendária linha de revistas EC Comics. Ironicamente os primeiros ilustradores que trabalharam na produção das primeiras revistas da linha “Mad”, eram os que produziam as revistas com textos bíblicos, primeiro produto da EC Comics.

No Brasil, a revista fez sucesso e virou um artigo Cult. Pelas mãos de Otacílio D’assunção, o Ota, começou a ser publicada em julho de 1974, na editora Vencchi, com o nome de “Mad em Português”, fazendo um híbrido entre textos americanos e nacionais. A revista teve altos e baixos, passando a ser publicada, posteriormente, pelas editoras Record (Mad In Brazil-1984), Mythos (Novo Mad - 2000) e atualmente pela editora Panini.

Há tempos não leio a revista, tenho dificuldade de encontrá-la aqui no Recife. Dei uma vasculhada e vi que a edição de abril desse ano já saiu. Não sei se continua com a mesma qualidade (ou melhor), mas o certo é que “Mad” tem uma história marcante e mora no imaginário de muita gente por aí afora. A quem interessar, descobri uma página interessante onde é possível acessar várias informações sobre a revista no Brasil, inclusive todas as capas. Clique aqui e confira.

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