Passado
o frisson sufragista, dei um tempo na monografia que estou escrevendo
– mais uma – para vir aqui atualizar o blog. Essa foi, sem
dúvida, a eleição mais sem graça que tive o desprazer de
participar. Fiel ao direito de votar, cumpri o meu dever e
sacramentei meu voto. A tristeza causada pelo rumo que a eleição
tomou aqui no Recife, me fez lembrar da primeira eleição em que
votei, no longínquo ano de 1989.
Lembro-me
que no primeiro turno votei em Leonel Brizola e no segundo, entre
Collor e Lula, claro, votei no petista. Desde então venho votando,
religiosamente, no PT. A despeito dos exageros e bravatas cometidos
ao longo desses anos, mantive-me fiel ao partido. Em várias
eleições, inclusive, votei diretamente na legenda. Pensava: “já
que não me agrada esse ou aquele candidato, sacramento meu apoio ao
partido”. Votei sempre com muita convicção.
Esse
ano foi diferente. Meu voto foi decidido, apenas, no momento em que
posicionei-me atrás do biombo de papelão. Quando o PT se perdeu
naquele imbróglio envolvendo o nome de João da Costa deu para
perceber que o partido – leia-se, a cúpula – perdeu as rédias
da situação. Eduardo Campos, bem assessorado, tirou um ás da manga
e deu o pulo do gato. Alguns analistas, inclusive, destacam que se o
governador não tivesse tomado essa atitude Daniel Coelho teria sido
eleito prefeito do Recife. Seu discurso populista caiu nas graças do
povo e ele chegou perto de disputar um segundo turno com o novato
Geraldo Júlio.
Mas,
por que as eleições foram sem graça? Essa é uma apreciação
particular, mas quem conhece a história recente da política no
Recife, deve lembrar como as eleições têm sido emocionantes nos
últimos anos. Basta lembrar da ascensão de João Paulo, um
operário, mulato, oriundo da periferia, com uma história construída
nos movimentos sindicais pernambucanos, que conseguiu emendar dois
mandatos com duas boas gestões. Até mesmo ele, que na última hora
foi escalado como vice de Humberto, saiu derrotado nessa aguada
eleição.
Humberto
Costa é um político sem apelo popular. Para usar a linguagem povo,
ele é “fraco de voto”. Dizem que seu nome foi uma indicação de
Lula. Se foi, ele errou. O mais correto seria engolir João da Costa
que, com o apoio de Eduardo, seria reeleito e o PT manter-se-ia no
poder. Por que o poder é tão importante assim? O que sustenta um
partido nacionalmente, é a quantidade de cargos de peso que ele
detém, perder a prefeitura de uma capital importante como o Recife,
foi uma paulada na moleira do PT. Agora estão recolhendo os cacos.
Triste!